Capítulo 14

Os dias se passaram e a notícia do meu casamento se tornou o assunto do momento, tanto na empresa quanto em casa e nas ruas. Eu tentava me manter concentrado em meu escritório, mas as constantes perguntas sobre a data do casamento estavam começando a me sobrecarregar. Fernanda, por sua vez, havia me enviado uma mensagem informando que não estaria na cidade nos próximos dias. Enquanto isso, Fred vinha me visitar com frequência, ansioso com os preparativos do casamento. Ele mencionava que Melissa estava escolhendo tudo com muito luxo e gastando uma quantia considerável, o que me deixava um tanto desconfiado, mas ele argumentava que era algo normal.

Passaram-se alguns dias e, por algum motivo, eu sentia falta de Fernanda. Ela não havia me informado sobre seu retorno à cidade, então foi uma surpresa vê-la na rua acompanhada de um rapaz de cabelos cacheados, alto e vestido casualmente. Eles conversavam intimamente, como se fossem próximos, e ao vê-los juntos, um leve sentimento de ciúmes começou a surgir em mim. Sem pensar muito, decidi segui-los de carro.

Conduzi o carro com cautela, mantendo uma distância segura para não levantar suspeitas. Observava-os de longe, tentando entender a dinâmica daquela conversa íntima entre Fernanda e o rapaz. Por mais que eu tentasse ignorar, a sensação incômoda de ciúmes persistia, misturada com uma ponta de preocupação. Enquanto seguia o carro de Fernanda, diversos pensamentos invadiam minha mente. Será que aquele rapaz era apenas um amigo? Ou seria algo mais? Por que Fernanda não havia mencionado esse encontro? As perguntas se acumulavam, deixando-me cada vez mais inquieto.

Eles pararam em frente a um restaurante, e ele se despediu dela com um beijo no rosto. Aquilo despertou uma raiva imensa em mim, e vi-o subir as escadas enquanto ela ficava ali, parada, observando-o se afastar. Desembarquei do carro e me aproximei dela.

- Eric. - disse ela, visivelmente assustada ao me ver.

- Quem é o rapaz? - perguntei, com um olhar sério.

Ela hesitou por um momento antes de responder.

- Um... - começou ela, mas logo parou de falar, como se estivesse refletindo sobre suas palavras. - Você está me perseguindo, Eric?

Ao pronunciar seu sobrenome, percebi que talvez eu devesse ter sido mais cuidadoso em como abordá-la, pois sua expressão passou de surpresa para furiosa.

- Agora você vai brigar comigo, senhorita Gar? - falei, percebendo o erro que cometi.

Ela não disse uma palavra e simplesmente virou-se, afastando-se de mim em silêncio. Fiquei ali, sem saber se deveria correr atrás dela ou voltar para o carro, mas sabia que não poderia deixá-la sozinha naquele momento. Rapidamente retomei ao carro e comecei a segui-la, determinado a esclarecer as coisas entre nós.

- Fernanda! - Digo abaixando o vidro do carro. - Vamos conversar.

Ela parecia decidida a seguir em frente, mantendo-se firme em sua postura.

- Não quero conversar. - disse ela, com voz firme.

- Por favor. - digo agora parando o carro e descendo dele. - Eu sei que fui um pouco inconveniente da minha parte, não devia ter perguntado sobre sua vida pessoal. - me aproximo dela enquanto falo.

- Eric, eu acho que não posso ser mais sua noiva. - ela disse, suas palavras cortantes como uma lâmina, atingindo-me em cheio.

O impacto daquelas palavras fez meu peito apertar, um nó se formando em minha garganta.

- Fernanda, não vamos conversar aqui na rua. - imploro. - Entre no carro, a gente pode conversar sobre isso. Há tantas coisas que precisamos esclarecer.

Ela hesitou por um momento, olhando-me nos olhos com uma mistura de tristeza e determinação. Por fim, ela assentiu e dirigiu-se ao carro, mas seu silêncio era ensurdecedor, pairando entre nós como uma nuvem escura de incerteza.

- Eu sei que para você é difícil... - digo, enquanto dirigimos.

- Eric, eu não posso mais continuar com essa farsa. Eu vi que seus pais são legais, eu não quero mentir para eles. - Ela parecia decidida em sua postura.

- Mas eles não sabem que isso é uma mentira. - Tento argumentar, buscando encontrar uma saída para a situação.

- Mas eu sei, Eric. E para mim, isso é assustador. - Sua voz soava firme, mas carregada de uma mistura de emoções que eu conseguia sentir mesmo no silêncio entre suas palavras.

- Eu entendo, Fernanda. E eu sinto muito por colocar você nessa situação. Eu só queria proteger a mim mesmo, minha família... - minha voz soava fraca, carregada de arrependimento. - Eu nunca quis te fazer passar por isso.

- Eu sei, Eric. E eu entendo suas razões, mas não posso continuar fingindo algo que não é real. Não é justo para nenhum de nós. - Sua expressão mostrava um misto de compreensão e tristeza.

- O que você quer dizer com isso? - perguntei, temendo a resposta.

- Eu acho que precisamos terminar, Eric. Eu preciso me afastar disso antes que as coisas piorem. - Ela parecia decidida, mas seus olhos mostravam uma dor que me cortava o coração.

Antes que eu pudesse responder, o telefone tocou. Olhei para a tela do carro, esperando que a ligação caísse. Eu não queria conversar com ele agora, mas ele estava insistindo, então resolvi atender.

- Olá, senhor Garcia. - Disse, olhando para Fernanda, que estava encarando a janela do carro.

- Eric, como está? - Ele disse. - Desculpe a insistência, mas preciso que você e a Fernanda venham até minha casa no campo, com urgência.

- Aconteceu alguma coisa, senhor Garcia? - Perguntei, assustado.

- É uma proposta tentadora que quero fazer para vocês, inclusive para Fernanda. Tem como você comunicar com ela?

- Ela está aqui do meu lado, senhor Garcia. - Respondi, e Fernanda olhou para mim, surpresa.

- Minha querida. - Ele disse.

- Olá, senhor Garcia. - Ela respondeu.

- Preciso que você e o Eric venham até minha casa de campo. Preciso mostrar algo a vocês com urgência. - Ele disse. - Ah, e preparem suas agendas, pois vão ficar aqui alguns dias. - Ele comentou, e eu e Fernanda nos olhamos surpresos. - Vocês virão, não é?

- Sim, senhor Garcia, estaremos aí à tarde. - Respondi.

Desliguei o telefone e olhei para Fernanda, que parecia estar refletindo sobre algumas coisas.

- Se você não quiser, eu posso entender. - disse, olhando agora para a estrada.

- Me leve para casa. Preciso pegar minhas coisas. - ela respondeu.

Concordei silenciosamente e continuei dirigindo em direção à casa dela. 

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