O jantar estava marcado para 7:30 da noite, e eu estava uma pilha de nervos, andando de um lado para o outro em meu quarto. Ainda não tinha terminado de me vestir; minha camisa estava aberta e a gravata pendurada nos meus ombros. Sentia-me completamente perdido, sem saber como agir. E se tudo desse errado? E se Fernanda não aparecesse? E se ela aparecesse, o que iria acontecer? Será que meus pais iriam gostar dela? Será que sairíamos bem dessa?
Até que uma das empregadas me informou que havia uma mulher me esperando na sala. Saí do meu quarto às pressas e logo vi Fernanda lá, com um vestido azul-tiffany longo que destacava sua figura elegante. Seus cabelos loiros estavam presos em um penteado que deixava algumas mechas soltas, dando-lhe um ar de naturalidade e sofisticação ao mesmo tempo. Ela olhou para mim e sorriu, e logo veio em minha direção. Senti-me como se tivesse parado de respirar; meu coração perdeu o compasso. Com delicadeza, ela pegou a gravata que estava pendurada nos meus ombros, botou os botões da minha camisa que estavam abertos e depois ajustou a gravata. Foi um momento suave, mas significativo, que fez com que tudo parecesse mais calmo e certo.
- Pronto, agora está melhor para atender seus convidados - disse ela, afastando-se de mim com um sorriso tranquilizador.
- Obrigado - respondi, sentindo-me um pouco envergonhado. - E você está maravilhosa - acrescentei, notando suas bochechas corarem.
- Obrigada.
- Eric? - meu pai e minha mãe vinham em nossa direção. Eles olharam para Fernanda, que estava ao meu lado, e ficaram encantados com sua beleza. - Então essa é minha nora? - disse meu pai.
- Pai e mãe, esta é Fernanda. Fernanda, estes são meus pais, Augusto e Michelly - apresentei-os. Minha mãe veio até Fernanda e a abraçou, meu pai logo em seguida.
- É um prazer conhecê-los - disse Fernanda, animada.
- O prazer é todo nosso, querida - respondeu minha mãe com um sorriso caloroso. - Só assim para o Eric trazer você para a gente conhecer.
- A gente achou que o Eric estava nos enganando, porque ele nunca tinha falado que estava namorando - brincou meu pai, mas eu engoli em seco.
- Devo admitir que o Eric é muito reservado - entrou na brincadeira a Fernanda, tentando amenizar a tensão.
- Vejo que tem senso de humor.
- Então minha cunhada misteriosa chegou - disse minha irmã, aparecendo com um vestido rosa e um elegante penteado de rabo de cavalo. - Quanto mistério em torno do Eric. - Ela abraçou Fernanda. - Até que enfim você apareceu, estava começando a desconfiar do meu irmãozinho. - Ela me lançou uma careta brincalhona. - Seja bem-vinda à nossa família.
- E seus pais, querida? Quem são eles? - perguntou minha mãe, curiosa.
- Era por isso que não queria trazê-la aqui - intervindo, eu tentei amenizar a situação. - Vai deixar minha noiva com medo de mim - disse, tentando forçar um riso.
- Olá, família! - Fred cruzou a porta, acompanhado, infelizmente, por Melissa, que logo me encarou com um olhar malicioso.
- Eu chamei o Fred - explicou minha irmã ao meu pai, que acenou com a cabeça em aprovação.
Fred veio com Melissa e logo os apresentou para minha família. Eu puxei Fernanda para o meu lado enquanto Melissa cumprimentava meus pais. Não conseguia entender como ela conseguia fingir tão bem. Logo lembrei que precisava pegar o palito no meu quarto e pedi para Fernanda me acompanhar. Meu quarto não era nada de extraordinário, mas para Fernanda parecia algo encantador.
Meu quarto era simples, mas tinha um charme acolhedor. As paredes eram pintadas em um tom suave de azul, proporcionando uma sensação de tranquilidade. A estante de madeira escura ocupava uma parede inteira, exibindo uma variedade de livros de diferentes gêneros e épocas, desde clássicos da literatura até obras contemporâneas. Ao lado dos livros, uma coleção de discos de vinil estava organizada em prateleiras, oferecendo uma trilha sonora diversificada para os momentos de relaxamento. Na outra parede, um grande quadro decorativo exibia uma paisagem serena, adicionando um toque de serenidade ao ambiente. Um tapete felpudo cobria o chão, trazendo conforto e aconchego ao espaço. Ao redor do quarto, algumas fotografias emolduradas capturavam momentos especiais de viagens e encontros com amigos e familiares.
Ela explorava o quarto com passos cautelosos, observando cada detalhe, até que o tapete felpudo se tornou uma armadilha para seus pés desavisados. Em um instante, ela perdeu o equilíbrio e caiu para frente, diretamente em cima de mim, que estava sentado na cama.
Meu coração deu um salto dentro do peito quando senti seu peso sobre mim, o calor de seu corpo se misturando ao meu. Nossos olhos se encontraram em meio à surpresa, e por um momento, ficamos imersos nesse contato inesperado. Sua expressão misturava-se entre o embaraço e a suavidade, enquanto eu segurava sua cintura de forma instintiva para evitar uma queda mais brusca. Era como se o tempo tivesse congelado ao nosso redor, deixando apenas o som suave de nossas respirações entrelaçadas.
- Você está bem? - sussurrei, sentindo a proximidade de seu rosto.
- Eu que deveria estar perguntando... - ela murmurou, um leve rubor colorindo suas bochechas enquanto se endireitava, tentando recuperar a compostura após o incidente.
- Eu acho melhor eu me levantar... - disse ela, levantando-se.
- Ainda bem que eu estava aqui para amortecer a queda. - disse, levantando-me e segurando sua mão.
- Os convidados já devem ter chegado. - ela comentou.
- Sim, e eu estou um pouco nervoso.
- Você com vergonha, senhor Coldwell? - ela disse, sorrindo. - Tenho certeza que vai arrasar.
Fomos para a sala de jantar onde todos os acionistas já estavam à minha espera. Muitos olharam para Fernanda, que estava deslumbrante. Sentei ao lado esquerdo do meu pai, e Fernanda sentou ao meu lado.
- Senhores, estamos aqui para comemorarmos duas coisas importantes - disse meu pai, erguendo uma taça. - Primeiro, o contrato com Garcia, e o noivado do meu filho Eric - ele declarou, fazendo com que eu e Fernanda nos olhássemos. Os acionistas começaram a cochichar entre si, e Melissa, que estava do outro lado da mesa, encarou Fernanda com raiva nos olhos. Meu pai continuou: - Ao Eric.
- Ao Eric - todos na mesa ergueram suas taças.
Brindamos, mas eu podia sentir a tensão na mesa. Os acionistas pareciam surpresos com a notícia do meu suposto noivado, e Melissa não disfarçava seu descontentamento. Eu troquei um olhar rápido com Fernanda, tentando tranquilizá-la, mesmo sabendo que aquela situação era difícil de lidar. O jantar continuou, e durante a refeição, meu pai começou a fazer perguntas sobre Fernanda, querendo conhecer mais sobre ela. Fernanda, com sua habilidade e charme, respondeu a cada pergunta com elegância, mas eu podia notar a ansiedade em seus olhos. Enquanto a noite avançava, a tensão diminuiu um pouco, mas eu sabia que teríamos que enfrentar mais desafios pela frente. Após o jantar, os convidados começaram a se despedir, e eu acompanhei Fernanda até a porta.
- Você está bem? - perguntei a ela.
- Sim, acho que sim. Foi um pouco intenso, mas acho que conseguimos lidar com isso - ela respondeu, forçando um sorriso.
- Obrigado por tudo hoje. Você foi incrível - eu disse, sinceramente.
- Bem, vou chamar um táxi - disse ela.
- Eu irei te levar - respondi.
- Não precisa, eu vou pegar um táxi - Disse Fernanda. Melissa se esbarrou em Fernanda. Ao se esbarrar com ela, corri e segurei seu braço, fazendo-a parar e ficar próxima a mim.
- Olha que casal bonito - comentou Fred, chegando perto de nós dois. - Eu preciso ir, mas foi um prazer conhecer você, Fernanda.
- Até mais, Fred - despediu-se Fernanda, ainda abraçada a mim.
Melissa nos olhou com um misto de surpresa e irritação, seus olhos faiscavam com uma emoção que eu não conseguia decifrar. Ela permaneceu em silêncio por um momento antes de se afastar e se juntar a Fred, que estava esperando por ela perto da porta. Fernanda e eu trocamos um olhar rápido, compreendendo a tensão que pairava no ar.
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Atualizado até capítulo 47
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