Capítulo 8

Enquanto Fernanda andava de um lado para o outro, eu a observava atentamente, sentado em um banco próximo. Ela estava visivelmente nervosa, e eu podia sentir a agitação no ar enquanto seus passos rápidos ecoavam pelo corredor do shopping. Seus cabelos loiros estavam presos em um rabo de cavalo, com alguns fios soltos emoldurando delicadamente seu rosto.

Fernanda usava uma blusa verde musgo que realçava a cor dos seus olhos, combinada com uma calça pantalona preta que caía elegantemente sobre seus sapatos de salto alto. Cada movimento dela era graciosamente executado, mesmo que sua expressão revelasse uma certa ansiedade.

Eu observava cada detalhe, tentando decifrar o que se passava em sua mente enquanto ela se debatia com suas próprias emoções. Era evidente que algo a incomodava profundamente, e eu me perguntava se deveria abordá-la e oferecer meu apoio. Mas por ora, permaneci observando em silêncio, respeitando seu espaço e aguardando o momento certo para intervir.

- Por que você fez isso? - Disse ela, quebrando o silêncio.

- Para te tirar de uma situação constrangedora. - Respondi, tentando parecer calmo.

- Eu sei me defender sozinha, Senhor Coldwell. - Ela estava irritada, os olhos faiscando de frustração.

- Não precisa ficar brava, você sabe que isso é uma mentira. - Tentei acalmar os ânimos.

- Sim, mas como eu irei explicar isso depois... - Sua voz soava desanimada.

- Você tem outra pessoa? - Não sei por que, mas senti uma mistura de ansiedade e preocupação surgir em mim.

- Era para eu ter, mas você acabou com tudo. - Disse ela, irritada, seus olhos transparecendo mágoa.

- Você ia ter um encontro? - Perguntei, me sentindo culpado pelo estrago que causei.

- Sim, mas ele escutou a parte de você ser meu noivo e agora não quer atender nem minhas ligações. - Sua expressão era de desânimo, como se estivesse resignada à situação criada por minha mentira.

- Se você quiser, eu explico para ele. - Disse, tentando me levantar, mas ela me fez sentar novamente com um olhar de reprovação.

- Você não faz nada, só faz besteira. - Sua voz estava carregada de raiva. - Aliás, o que faz aqui? Eu disse para não me perseguir.

- Estava fazendo compras com a minha irmã. Aliás, tenho que ir, tenho algumas coisas para fazer. - Disse, levantando-me rapidamente, sentindo-me desconfortável com a situação.

Enquanto eu me levantava, avistei o Senhor Garcia se aproximando. Ele era uma figura proeminente no mundo dos negócios, com várias empresas espalhadas pelo mundo. Meu pai e eu estávamos tentando fazer negócios com ele para expandir nossa empresa. Ele vinha acompanhado daquela moça, a mesma que havia humilhado Fernanda. Logo percebi que ela era filha dele, e lembrei-me do jantar de sócios anos atrás, onde ela também estava presente, ao lado de oito seguranças. Todos no shopping os observavam enquanto caminhavam. Eu me senti um misto de emoções. Fernanda, que já estava prestes a ir embora, olhou para mim, confusa, quando eu segurei seu braço e a puxei para mais perto do meu corpo, agindo rapidamente.

- O que está fazendo? - Ela perguntou, visivelmente surpresa.

- Apenas concorde com tudo. - Cochichei antes que o Senhor Garcia se aproximasse o suficiente.

- Senhor Coldwell - ele disse com voz grave, vestindo um terno azul marinho sobre uma camisa branca, estendendo a mão para cumprimentar.

- Olá, Senhor Garcia. - Eu aperto sua mão firmemente.

- Você no shopping, achei que nunca veria isso.

- É bom tirar um tempo para descansar.

- Minha filha fez algo que eu não gostei. - Ele olhou para a moça ao lado, que parecia envergonhada. - Mexeu com a mulher de um dos meus queridos empresários, e algo que eu não tolero é a falta de educação. Vim aqui pessoalmente para pedir desculpas.

- Senhor Garcia, não precisa disso, não é mesmo, amor? - Olho para Fernanda, que estava confusa. Sinto um aperto no peito, temendo que ela não responda, mas ela age rapidamente, como se fosse uma atriz experiente.

- Não precisa pedir desculpas, Senhor Garcia. Eu compreendo perfeitamente. - Ela sorri gentilmente para ele, que retribui o gesto.

- Você é muito gentil. Me diga, qual é o seu nome?

- Me chamo Fernanda.

- Belíssimo nome. - Ele elogia, com um tom de admiração. - E para dizer que meu pedido de desculpas é sincero, gostaria que vocês viessem ao evento comigo amanhã, junto com a sua noiva.

- Claro que iremos. - Digo animado.

- Irei apresentar vocês ao grande Ramo dos empresários. - disse ele, animado. - Fernanda, eu gostaria muito que você fosse.

- Eu irei sim, Senhor Garcia. - ela disse, mantendo-se educada.

- Então espero vocês na minha casa às 19 horas. - disse Garcia, afastando-se. - Até mais ver.

- Eu e Fernanda ficamos observando-o ir até sumir na multidão. Logo que ele desapareceu, nos separamos rapidamente.

- Procure outra pessoa para eu ir, eu não irei. - disse ela, afastando-se de mim.

- Fernanda. - eu disse, indo atrás dela.

Ficamos andando até o estacionamento. A noite já começava a cair, criando um clima de tensão entre nós. O silêncio pesado reinava enquanto eu tentava encontrar as palavras certas para quebrar o gelo.

- Por favor, Fernanda, quebre esse galho para mim. O senhor Garcia é muito importante, ele nunca me chamou para um evento assim. - implorei.

- Sinto muito, mas eu não posso ir! - respondeu ela.

- Por favor, Fernanda, olha, eu te dou dinheiro em troca disso. - eu disse, e ela virou-se para mim espantada.

- Está me chamando de interesseira?

- Não, não é isso! Eu só estou desesperado, não sei o que fazer. - Digo, tentando explicar-me.

- Eu não posso mesmo. - Ela estava se virando e não prestou atenção no carro que estava vindo. Eu a puxei, fazendo seu corpo ficar mais próximo do meu. Ela me olhou assustada.

- Quase te acertou. - Falei quase em sussurro. - Por favor, Fernanda, me ajude só desta vez e eu juro que não vou mais te procurar.

- Está bem. - Disse ela, se afastando de mim. - Eu irei, mas essa é a última vez que te ajudo.

- Ok. - Peguei meu celular no bolso. - Me passe seu número, vou ligar para te buscar.

- Não precisa, vou de táxi.

- Não, eu preciso te buscar, senão o Senhor Garcia não vai acreditar em mim.

- Está bem. - Ela pegou meu celular e anotou o número. - Depois disso, nunca mais.

- Nunca mais.

- Obrigado, Fernanda. Eu realmente aprecio isso. - Eu disse, sentindo um misto de alívio e gratidão.

Ela apenas assentiu com a cabeça, parecendo ainda um pouco relutante, mas disposta a ajudar.

- Estarei esperando. - ela disse, começando a se afastar.

- Eu estarei lá. E mais uma vez, obrigado. - Eu repeti, vendo-a desaparecer entre a multidão do estacionamento.

Fiquei ali parado por um momento, pensando nas palavras dela. "Depois disso, nunca mais." Eu sabia que precisava manter minha promessa, e que, de alguma forma, eu precisava encontrar uma maneira de resolver meus problemas sem depender tanto dela.

Voltei para casa de táxi, já que minha irmã tinha ido com meu carro. Durante o trajeto, fiquei pensando em Fernanda e em como resolver toda essa situação depois. Quando cheguei em casa, fui surpreendido por minha mãe, que já estava na porta, e sua pergunta me pegou de surpresa.

- Meu filho, você está noivo?

Sua pergunta ecoou na minha mente por um momento antes que eu pudesse processá-la. Fiquei momentaneamente atordoado, tentando entender de onde minha mãe tinha tirado essa ideia. Rapidamente, percebi que aquela era uma reação à encenação que fizemos no shopping.

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Comments

Dorinha Neves

Dorinha Neves

opa

2024-02-12

2

Dorinha Neves

Dorinha Neves

estou começado a achar essa Fernanda interessante,qual será o segredo dela.

2024-02-12

3

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