Ao adentrarmos a propriedade, fomos recebidos pela imponente casa de campo do Senhor Garcia. Localizada em meio a vastos campos verdejantes e cercada por uma aura de tranquilidade, a casa parecia um refúgio longe da agitação da cidade. Sua arquitetura era imponente, com grandes janelas que permitiam a entrada abundante de luz natural e revelavam vistas deslumbrantes dos arredores. O jardim bem cuidado exalava fragrâncias florais, enquanto uma trilha sinuosa levava até a entrada principal, convidando-nos a explorar os segredos que o interior da casa guardava.
À medida que nos aproximávamos, podíamos ouvir o suave murmúrio das folhas nas árvores e o canto dos pássaros que habitavam os arredores. A brisa fresca acariciava nossos rostos, trazendo consigo o aroma da natureza em pleno florescimento. Era um cenário sereno e acolhedor, que contrastava com a ansiedade que sentíamos diante da iminente revelação do Senhor Garcia.
O Senhor Garcia nos recebeu calorosamente na varanda, vestindo roupas casuais que o diferenciavam de sua habitual imagem empresarial. Com um avental e luvas de jardinagem, ele exalava uma aura de simplicidade e hospitalidade, contrastando com sua habitual formalidade. Seu rosto estava parcialmente coberto por um chapéu, adicionando um toque de mistério à sua figura.
- Sejam bem-vindos - cumprimentou, batendo amigavelmente em meu ombro. - Nunca trouxe ninguém aqui, vocês dois são os primeiros.
Seu convite para entrar foi acompanhado por uma promessa de uma refeição deliciosa, preparada por sua esposa, Marcia. Era evidente que o Senhor Garcia estava determinado a nos fazer sentir confortáveis e bem-vindos em sua casa de campo.
- Olá, senhor e senhora Coldwell - cumprimentou Marcia com um sorriso gentil. Durante o café, ela compartilhou conosco sua história de como conheceu o Senhor Garcia, uma narrativa simples e encantadora. Os dois se encontravam no mesmo ônibus para a faculdade, mas nunca haviam conversado até anos depois, em uma festa de aniversário em que ambos eram amigos do aniversariante. Desde então, tornaram-se inseparáveis.
- E vocês dois já marcaram a data do casamento? - perguntou Garcia, curioso.
- Ainda não - respondi, lançando um olhar para Fernanda, que mantinha a cabeça baixa.
- Acho que uma das coisas mais difíceis é lidar com os preparativos para o casamento. É algo muito complicado - comentou dona Marcia. - Fernanda? - chamou, direcionando-se a ela. - Se precisar de qualquer coisa, saiba que pode contar comigo.
- Ah, claro, não dispenso - respondeu Fernanda, um pouco hesitante.
- Aliás, quero que vocês fiquem conosco alguns dias para descansarem a cabeça. Vocês devem estar cheios de preocupações com tantas pessoas perguntando sobre o casamento de vocês - sugeriu Garcia. - E vejo que minha arquiteta está com a cabeça baixa.
- Não é nada, senhor Garcia, apenas estresse - respondeu Fernanda, tentando disfarçar sua preocupação.
- Bem, vocês estão mais do que convidados para passarem alguns dias aqui conosco. Aproveitem para relaxar e espairecer um pouco - insistiu Marcia, olhando ternamente para Fernanda.
Fernanda concordou com um leve aceno de cabeça, ainda um tanto pensativa. A proposta de passar alguns dias na casa de campo parecia ter amenizado um pouco da tensão que pairava sobre ela.
Enquanto isso, eu me sentia dividido entre a gratidão por esse gesto generoso e a preocupação crescente em relação à situação entre nós. A presença de Fernanda ali, naquela atmosfera tranquila e acolhedora, contrastava com a turbulência que eu sentia em meu interior.
Antes que pudesse refletir mais profundamente sobre tudo aquilo, o Senhor Garcia interrompeu meus pensamentos com uma proposta inesperada.
- Eric, tenho um projeto muito interessante para discutirmos. Venha até meu escritório, vamos conversar a sós - disse ele, com um brilho intrigante nos olhos.
Olhei para Fernanda, que pareceu perceber a tensão em meu semblante, mas assentiu com um sorriso encorajador. Respirei fundo, preparando-me para o que viria a seguir, enquanto me levantava para seguir o Senhor Garcia até seu escritório.
- Sente-se, Eric. - disse ele. - Sobre aquela proposta, eu mudei um pouco os planos e quero que seja fora do país.
- Sério? - Pergunto animado. - Isso é ótimo.
- Sim, eu sei. E aí está a questão. - disse ele um pouco pensativo. - Por isso quero conversar com você primeiro, antes da Fernanda, porque ela será a chave de tudo.
- De tudo? Como assim? - Pergunto curioso.
- É através dela que esse trabalho vai sair, e eu realmente quero que ela seja minha arquiteta profissional. - Garcia disse. - Por isso perguntei sobre o casamento de vocês. Não quero atrapalhar vocês dois. Eu gostaria que ela ficasse fora do país por cerca de seis meses.
- Espera, seis meses? - Fiquei surpreso com a magnitude da proposta. Seis meses longe de casa, longe de nossa vida aqui, longe de tudo o que conhecíamos. Era uma decisão que não podíamos tomar de ânimo leve.
- Eu sei que é um período longo, Eric, mas acredite em mim, essa oportunidade pode ser transformadora para ela e para sua carreira. - O olhar do Senhor Garcia era sério e determinado.
Por um momento, senti um turbilhão de emoções conflitantes dentro de mim. Por um lado, a perspectiva de Fernanda ter uma chance tão significativa em sua carreira era emocionante. Por outro, a ideia de ficar separado dela por tanto tempo me deixava ansioso e inquieto.
- E quanto a nós? - Perguntei, minha voz um pouco trêmula. - Como ficaria nosso relacionamento durante esse tempo?
- Essa é uma conversa que vocês dois precisam ter, Eric. Sei que é uma decisão difícil, mas pense nos benefícios que isso pode trazer para o futuro de vocês dois. - O Senhor Garcia parecia compreender minhas preocupações, mas sua convicção era clara.
Com isso, ele me deixou para refletir sobre a proposta, dando-me um tempo para processar tudo aquilo antes de compartilhar com Fernanda. Era uma escolha que impactaria não apenas em nossa carreira, mas também em nosso relacionamento. Garcia me deu a ideia de andar pelo jardim e chamar a Fernanda para ir junto, nós dois precisávamos conversar. Ficamos andando em silêncio por alguns segundos.
- Você parece preocupado? - disse ela, quebrando o silêncio.
- Eu tenho que te contar algo interessante. - digo. - O Garcia quer que a proposta seja fora do país e que você seja a arquiteta profissional dele...
- Sério?
- É sério. - confirmo, notando sua surpresa. - Ele acha que você é a chave para o sucesso do projeto. Está disposto a investir muito nisso.
Fernanda parecia ponderar sobre a proposta, seu olhar expressava uma mistura de surpresa e ansiedade.
- E o que você acha disso? - ela pergunta, ainda processando a informação.
- É uma grande oportunidade. - eu respondo, tentando transmitir confiança. - Mas sei que é uma decisão importante e que afetará ambos. Você teria que ficar fora do país por cerca de seis meses... - Deixo a frase no ar, deixando-a absorver a magnitude da decisão que estava prestes a tomar.
-Seis meses? - ela disse assustada. - Só eu?
- Sim, eu não posso sair e deixar a empresa, então seria só você. - essa frase me machucou por completo. - Ele perguntou sobre relacionamento...
- E o que você respondeu a ele?
Engoli em seco antes de responder.
- Disse a ele que nosso relacionamento não interferiria na decisão. Mas a escolha é sua, Fernanda. Não quero te pressionar. Se decidir aceitar, estarei ao seu lado, apoiando sua decisão, seja qual for.
- Eu irei pensar primeiro, posso dar a resposta depois? - Fernanda perguntou.
- Fernanda, isso será ótimo para sua carreira, não pense apenas em mim, agora pense em você, pense no seu futuro.
- Mas se não fosse você, eu nunca teria a chance de ter isso.
- Eu acredito que você vai pensar em o que é melhor para nós dois. Estou confiando o projeto nas suas mãos, chegou sua hora de brilhar.
Digo isso, mas entro de mim parecia que meu coração iria parar de bater.
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Atualizado até capítulo 47
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