Capítulo 4

Passei em casa e, para minha sorte, ninguém estava lá. Cheguei ao escritório e logo me envolvi em uma reunião que se estendeu até 11:30. Tirei um horário para almoçar e fui a um café próximo da empresa. Enquanto saboreava meu café, recebi uma ligação.

- Senhor Coldwell? - era minha secretária. - Tem uma visita para o senhor.

- Uma visita?? Quem? - perguntei curioso.

- Sua irmã, senhor.

- Mande ela entrar no meu escritório, já estou indo. - respondi, desligando em seguida.

Quando cheguei ao meu escritório, lá estava ela, minha irmã, olhando uma pilha de papéis em cima da minha mesa.

- Olá, maninha, que surpresa boa. - fui até ela e a abracei.

- Olá, doutor ocupado. - sorriu. - Queria te ver, meu irmão, e vim também te pedir desculpas. Não queria te tratar daquela maneira.

- Eu que tinha que pedir desculpas, irmã. Nem perguntei como você estava. E como está?

- Bom, meu irmão, estou me recuperando. Amava muito o Danilo, mas não era correspondida pelo mesmo amor. Agora vou focar em minha carreira e viver mais a vida. Acho que fiquei muito presa ao meu ex-marido. Agora vou curtir um pouco, fazer algumas viagens...

- Fico feliz, minha irmã, e que bom que está se recuperando", respondi sinceramente.

- Onde você passou a noite? - ela perguntou, mudando de assunto. Então, quando comecei a contar, Fred entrou na sala todo empolgado.

-Oiiiii!!!! - Fred entrou na sala com uma gargalhada contagiante.

-Oi Fred! - Minha irmã Stéfany respondeu, notando sua animação. - Que animação é essa?

-Aii, tô apaixonado...

-Sério!!- Ela estava espantada, porque o Fred não costuma falar isso.

-Sim Mickey, por Mell...

-Quem é Mell, Fred?

-Minha namorada... - Ele suspirou, com um brilho nos olhos.

Eu e minha irmã nos entreolhamos, surpresos com a revelação. Fred parecia estar em êxtase. Minha irmã perguntou como tudo aconteceu e ele começou a contar a história, com um sorriso bobo no rosto. Enquanto ele falava, eu apenas prestava atenção, embora não tivesse muita simpatia pela Melissa. Mas se o Fred estava feliz, eu também estava.

Enquanto isso, não pude deixar de notar o quão diferente Fred estava. Ele sempre foi o tipo de cara que preferia ficar solteiro, sem se apegar a ninguém. Mas agora, vê-lo apaixonado era algo novo e surpreendente.

- Mickey, por que ontem você não atendia o celular? - Fred perguntou, curioso.

- E não passou a noite em casa. - minha irmã acrescentou.

Sabia que ele saiu correndo para ficar com uma mulher? - Fred provocou.

A mãe vai adorar saber disso. - Stéfany completou, rindo.

Engoli em seco, preparando-me para explicar a situação.

- Eu atropelei uma moça ontem... - murmurei, desviando o olhar.

- O que??? - Ambos exclamaram, chocados.

-Foi assim... - Respirei fundo, reunindo coragem para contar. - Ontem, depois que saí da boate, estava com muitas coisas na cabeça e um pouco distraído ao volante. Passei pela faixa de pedestres sem perceber que o sinal havia fechado, e quando notei, já tinha batido em uma mulher.

- Meu Deus, Eric, você está bem? E a mulher? - Stéfani perguntou, preocupada.

- Estou bem, apenas um pouco abalado... Mas a mulher, ela... - Engoli em seco, relembrando o momento. - Ela estava ferida, mas acredito que não foi nada grave. Ela foi levada para o hospital.

- E agora, o que vai acontecer? - Fred questionou, com um tom sério.

- Você pelo menos pegou o contato da moça? Vai que depois ela queira se vingar? - Stefani perguntou, com uma expressão preocupada.

- Não, não peguei. - Confessei, enquanto me levantava da mesa e ajustava minha gravata. - Na hora, não parecia necessário. Mas agora estou começando a me preocupar com as possíveis consequências.

- As aparências enganam, Mikey. - Fred interveio, seu tom sério ecoando pelas paredes da sala. - Não subestime o que pode acontecer. Talvez seja melhor tomar precauções.

Os dias se passaram e, depois de lidar com a papelada na delegacia, finalmente consegui resolver a questão do acidente. A moça envolvida não apresentou queixa, então tudo o que eu precisava fazer era pagar a multa e seguir em frente.

Naquela manhã, acordei cedo ciente de que tinha uma reunião importante do outro lado da cidade. Com a pressa, não consegui tomar café em casa. Olhei para o relógio e percebi que já passava das 11h30. Sabia que precisava comer algo antes da reunião, então decidi parar em um café próximo ao local do encontro.

Ao entrar no estabelecimento, sentei-me em uma mesa e observei ao redor. Era notável como os olhares se voltavam para mim, um empresário em um ambiente mais informal. Apesar disso, não me importei com os olhares curiosos. Minha prioridade naquele momento era apenas conseguir um café para enfrentar o restante do dia.

Assim que me acomodei, chamei a garçonete com um gesto, e ela acenou em resposta, indicando que estava a caminho. Aproximou-se uma mulher de cabelos loiros, com olhos verde escuro, vestida com uma roupa verde escura e um chapéu com o formato de uma xícara na cabeça. Seu sorriso era caloroso e familiar, e quando se aproximou mais, percebi surpreso que era Fernanda.

- Olá, senhor, o que deseja? - ela perguntou, olhando para uma caderneta.

- Olá, Fernanda? - respondi, e notei sua expressão de surpresa enquanto engolia em seco.

- Então, senhor, o que vai pedir? - ela continuou, sem retribuir meu cumprimento.

- Você está bem? - perguntei, preocupado.

- Senhor, estou em horário de serviço, por favor, faça seu pedido. Tenho outros clientes para atender - respondeu ela com aspereza.

- Eu só vou pedir se me disser se está tudo bem... - insisti.

- Estou bem, senhor... - ela respondeu, com um tom de impaciência. - Agora faça seu pedido.

- Uma café, por favor! - solicitei, percebendo que algo estava errado.

- Ok! Só isso, senhor? - perguntou ela.

- Que horas é o seu horário de almoço? - perguntei, sentindo-me impelido a abordar o assunto. Ela me encarou brevemente antes de olhar para o relógio e responder:

- Daqui a 15 minutos.

- Posso conversar com você? - perguntei, decidido.

- Vai bater um carro em mim de novo? - sorriu.

- Não, é coisa rápida.

- Ok!

- Ela saiu e foi até o balcão, pedindo a um rapaz que me entregasse o café. Quando deu o horário do seu almoço, ela saiu. Paguei e fui atrás dela.

- Ei, Fernanda? - Ela estava andando rápido demais - achei que iríamos conversar...

- O que você quer?

- Conversar com você.

- Sobre?

- Pedir desculpas... pelo ocorrido aquele dia. Não tinha nenhuma intenção de machucá-la.

Ela parou e me analisou por um segundo, e sentou em um banco. Eu me sentei ao seu lado.

- Desculpa, tá? Estava muito distraído aquele dia e não vi o sinal fechar. Sem querer, acabei batendo em você. E quero te agradecer também por não ter me denunciado.

Ela me analisou por alguns minutos e se levantou.

- Acabou?

-Sim! - Ela saiu andando sem falar nada. Eu a segui e ela olhou para trás.

-O que você quer agora?

-Bom ouvir de você, acho que pelo menos seu perdão eu mereço.

-Você vai parar de me seguir?

-Bom... Sim!

-Tá desculpado, ok! Agora me deixa em paz!

-Você não tem educação! - Soltei sem perceber. Ela virou furiosa e veio pra cima de mim.

-Olha aqui, seu engomadinho filho da mãe! Eu tenho educação sim! Só que eu dou para quem merece, ok? Não para um cara que me atropela, vai ao hospital, se passa por meu "Noivo" só pra não ser denunciado... - Ela berrava - Você acha que uma pessoa dessas merece ter educação?

Fiquei paralisado diante da explosão de raiva de Fernanda. Suas palavras cortavam como facas afiadas, e eu me senti completamente desarmado. Nunca antes alguém havia me enfrentado daquela maneira, especialmente não uma mulher. Eu abaixei a cabeça, sentindo a vergonha me consumir por dentro.

Ela não estava errada. Eu agi impulsivamente, pensando apenas em proteger a mim mesmo, sem considerar o impacto que minhas ações poderiam ter sobre ela. Eu merecia cada palavra de sua repreensão, e a sensação de ter desapontado alguém que eu mal conhecia era devastadora.

Enquanto eu permanecia em silêncio, senti o olhar penetrante de Fernanda sobre mim, seu olhar transbordando de indignação e desdém. Era uma sensação desconfortável, mas justa.

-Desculpe - murmurei finalmente, minha voz mal audível. - Você está certa. Eu não deveria ter agido daquela maneira. Eu... Eu não sei o que mais dizer. Sinto muito mesmo.

Fernanda pareceu surpresa com minha resposta. Seu semblante endurecido suavizou um pouco, e ela deu um suspiro resignado.

- Você parece sincero - ela disse, sua voz menos agressiva agora. - Mas palavras não significam muito quando suas ações falam mais alto.

Eu assenti, aceitando a validade de sua observação. Eu tinha muito a aprender sobre responsabilidade e empatia, e era hora de começar a agir de acordo.

-Já almoçou? - perguntei.

-Não, porque estou sentando ao lado de um engomadinho matador - ela soltou um sorriso irônico.

-Vamos! - Estendi a mão para ela.

-Aonde?

-Almoçar!

-Não precisa.

-Faço questão, é um pedido de desculpas.

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