Capítulo 11

A noite foi longa e inquieta. Enviei uma mensagem para Fernanda, perguntando se ela havia chegado bem em casa, mas não obtive resposta. Sabia que ela havia pedido para eu não procurá-la mais, mas eu não estava aceitando bem essa situação. Queria ao menos manter sua amizade, pois conversar com ela me acalmava, porém, não podia insistir, afinal, fui eu quem causou toda essa confusão. Pela manhã, não tomei café em casa, pois havia muito a ser feito no escritório. Olhava constantemente para o relógio, e as horas pareciam se arrastar, trazendo consigo a aproximação inevitável do encontro com o Senhor Garcia. Mandei uma mensagem para Fernanda, informando que Garcia iria me encontrar e agradecendo-a por toda a ajuda. Em meu íntimo, desejava que ela aparecesse, então até mesmo enviei o endereço do restaurante, caso decidisse ir, embora soubesse que não poderia obrigá-la.

O restaurante escolhido pelo Senhor Garcia era um lugar requintado e elegante, conhecido por sua sofisticação e culinária refinada. Localizado no coração da cidade, o estabelecimento ocupava um edifício histórico, com uma fachada imponente que exalava charme e tradição. Ao adentrar o restaurante, os visitantes eram recebidos por um ambiente luxuoso e acolhedor. O interior era decorado com bom gosto, combinando elementos clássicos e contemporâneos. Lustres deslumbrantes iluminavam o salão principal, onde mesas elegantemente arrumadas com toalhas de linho branco aguardavam os clientes.

Os detalhes refinados, como talheres de prata reluzente, taças de cristal lapidado e arranjos de flores frescas, contribuíam para a atmosfera refinada do local. As paredes revestidas com painéis de madeira escura e obras de arte impressionantes adicionavam um toque de sofisticação, enquanto os confortáveis assentos estofados convidavam os clientes a desfrutar de uma experiência gastronômica memorável. O ambiente era sereno e tranquilo, proporcionando o cenário perfeito para encontros de negócios, celebrações especiais e jantares românticos. A equipe de funcionários, vestida impecavelmente em uniformes elegantes, estava pronta para oferecer um serviço impecável e atencioso, garantindo que cada cliente se sentisse bem cuidado e valorizado.

Sentei em uma das mesas e fiquei olhando o celular, esperando uma mensagem da Fernanda. Garcia chegou, estava usando uma camisa social e uma calça social, além de óculos de grau. Ele carregava consigo uma pasta, provavelmente de uma reunião.

- Desculpe a demora, senhor Coldwell. Estava em uma reunião importante. - disse ele, sentando-se à mesa.

- Sem problemas, senhor Garcia. - respondi, guardando o celular.

- Mas pelo visto não fui o único a me atrasar. - observou ele, olhando para uma cadeira vazia. - Mulheres sempre atrasam, é típico delas. Você deve se acostumar, senhor Coldwell, ainda mais você que irá casar em breve.

- Então, sobre isso... - comecei a falar, mas fui interrompido por Garcia.

- Olha, ela chegou! - disse ele, apontando na direção em que Fernanda se aproximava, deslumbrante em seu traje social e com os cabelos presos em um rabo de cavalo.

Ao ver Fernanda se aproximando, meu coração começou a bater descompassadamente, como se estivesse tentando sair do peito. Uma mistura de emoções tomou conta de mim: alegria, nervosismo, ansiedade. O simples vislumbre dela era suficiente para iluminar minha alma e fazer com que todo o resto ao meu redor desaparecesse. Seus olhos brilhavam com uma luz única, refletindo o brilho úico. Seu sorriso era como um raio de sol perfurando as nuvens de preocupação que pairavam sobre mim. Em um impulso irresistível, levantei-me, meu corpo agindo por conta própria na ânsia de estar mais perto dela. Cada passo que ela dava em direção a mim parecia uma eternidade, mas quando finalmente chegou, o tempo pareceu parar. Seu olhar, sua presença, seu sorriso... tudo nela me fazia sentir como se estivesse flutuando em um mar de emoções profundas e arrebatadoras.

- Boa tarde! - disse ela quando estava próxima o suficiente.

- Sente-se, Fernanda. - disse senhor Garcia.

Rapidamente, virei-me e puxei a cadeira para ela sentar, sentindo seu perfume envolver o ar ao nosso redor.

- Desculpe o atraso. - ela disse quando sentamos lado a lado.

- Não tem problema, Fernanda. Aliás, preciso agradecer por ter ido à minha festa ontem. - ele disse.

- Eu que agradeço por nos ter convidado. - ela disse, lançando um breve olhar para mim.

Eu não conseguia dizer nada.

- Então, chamei vocês aqui para primeiro pedir desculpas pelo comportamento do senhor Guis. Ele disse que tinha bebido além da conta. Espero que vocês não tenham ficado chateados? - perguntou senhor Garcia.

- Claro que não. - Fernanda respondeu prontamente. - Não é mesmo, amor?

A palavra "amor" me deu um arrepio na espinha.

- Não precisa se preocupar, Senhor Garcia, eu entendo perfeitamente - digo, virando-me para ele.

- Ótimo, e outra coisa que gostaria de dizer é que olhei sua proposta e achei interessante, mas...

- Mas?

- Vamos precisar de um arquiteto para isso e, infelizmente, eu não posso lidar com isso agora.

- Não precisa se preocupar, eu tenho uma arquiteta ao meu lado - digo, olhando para Fernanda, que me encarava surpresa.

- Sério? - Garcia disse admirado. - Senhorita Fernanda, você simplesmente me surpreende.

- Sim, ela é incrível. - Respondi, sentindo um orgulho genuíno ao falar de Fernanda.

- Bem, se é assim, então acho que não há problemas. Podemos discutir os detalhes mais tarde. - Senhor Garcia sorriu, parecendo satisfeito com a solução.

Fernanda olhou para mim, surpresa e um pouco apreensiva, mas também com um brilho de determinação em seus olhos. Eu sabia que ela era capaz, e estava determinado a apoiá-la em tudo que precisasse.

- Agora eu preciso ir, infelizmente não vou conseguir almoçar com vocês. Hoje eu e minha esposa fazemos 35 anos de casados, e ela quer viajar logo na segunda-feira - disse ele, levantando-se. - Eric, quando você se casar, vai entender. Além disso, aproveite o almoço por minha conta; é uma forma de comemorar nosso novo projeto. E Fernanda? - Ele disse, fazendo-a olhar para ele. - Estou impressionado com você. Espero que o casamento de vocês seja duradouro.

- Obrigado, senhor Garcia, e parabéns pelos 35 anos de casado.

- Parabéns, senhor Garcia. Desejo que a viagem de vocês seja incrível - respondi, tentando manter o clima leve.

Garcia se despediu e saiu do restaurante, deixando-nos a sós. Olhei para Fernanda, que parecia um pouco surpresa com o elogio inesperado de Garcia.

- Ele realmente pareceu impressionado com você - comentei, tentando quebrar o silêncio.

- Sim, foi um pouco inesperado. Mas pelo menos ele não mencionou mais nada sobre... - ela hesitou, parecendo relutante em continuar.

- Sobre o que? - perguntei, intrigado.

- Sobre o casamento... - ela murmurou, parecendo desconfortável.

Eu sabia que o assunto do casamento era delicado para nós dois. Decidi não pressioná-la e mudei de assunto.

- Enfim, o que acha de aproveitarmos o almoço? - sugeri, tentando desviar a conversa para algo mais leve.

- Eu gostaria, mas preciso ir para o salão de festas da minha formatura. Estava me formando hoje de manhã e acabei saindo às pressas. - ela disse.

- Nossa, me desculpe, eu não sabia...- respondi.

- Não precisa se preocupar. Eu queria ajudá-lo. Aliás, obrigada por me dar essa oportunidade de participar do seu projeto. Mal sabia eu que depois de me formar já teria um emprego. - ela acrescentou.

- Então me deixe acompanhá-la nesta formatura. - sugeri.

- Não precisa. Minha família está lá e me perguntaria sobre você. De fato, eu não saberia responder. - ela respondeu.

- Certo, não vou insistir nisso. - concluí.

- Vamos, então, deixar para comemorar em outra ocasião. Tenho certeza de que você terá uma festa incrível e merecida. Aproveite cada momento da sua formatura. - eu disse, tentando transmitir meu apoio e compreensão.

- Obrigada, Eric. E, mais uma vez, desculpe por ter que sair assim. Vamos nos encontrar em breve para discutirmos mais sobre o projeto. - ela respondeu, demonstrando gratidão.

Com um sorriso e um aceno, Fernanda se despediu e partiu em direção ao salão de festas, enquanto eu permanecia ali, refletindo sobre o que havia acontecido e ansioso pelo momento em que nos encontraríamos novamente. Liguei para o meu pai, que estava feliz com a novidade, e disse que queria fazer um jantar para comemorar um avanço da nossa empresa. Voltei para o escritório e, quando cheguei, Mary me entregou uma pilha de papéis. Pedi a ela para não deixar ninguém entrar, queria ficar sozinho. Assinava papéis, mas meus pensamentos estavam na Fernanda e eu não conseguia me concentrar.

- Fiquei a tarde toda assim, até que escutei uma voz bem familiar falando com Mary. Era o Fred.

- Oiiii Mickey!

- Oi Fred! - levantei para cumprimentá-lo - Voltou mais cedo?!

- Sim, amigo, os acionistas cancelaram a reunião.

- Entendo.

- Mas me diga, o que anda fazendo da vida?!

- Nada de interessante, e você, amigo? - eu disse, pois não queria falar sobre Fernanda naquele momento.

- Vou me casar! - disse ele todo animado.

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