Capítulo 5

Com muito custo, ela aceitou, e fomos a um restaurante do outro lado da rua. O clima estava tenso, mas eu estava determinado a fazer as pazes com Fernanda e mostrar que estava genuinamente arrependido pelo que havia acontecido. Ao nos sentarmos, fizemos nossos pedidos e aguardamos em silêncio pelo almoço, enquanto eu ponderava sobre como reconquistar sua confiança.

Durante a refeição, eu tentei puxar assunto diversas vezes, mas Fernanda permanecia reservada. Ela parecia estar refletindo sobre nossa conversa anterior e sobre minha sinceridade em relação ao pedido de desculpas. Decidi não pressioná-la, deixando-a falar quando estivesse pronta. Enquanto isso, eu pensava em como reparar os danos causados por meu descuido e convencê-la de que eu não era o tipo de pessoa que ela havia assumido que eu fosse.

-O que você quer? Agora deu pra me seguir é? - Disse ela irritada.

-Diria que foi coincidência!

-Era só o que me faltava!

-Desculpa por aquele dia...

-Já disse que está desculpado, só quero que me deixe em paz!

-Entendi...

Dei uma garfada em meu prato, e ela me observava. Ficamos calados por alguns minutos.

-Eu não estava te perseguindo, estava numa empresa aqui perto e queria tomar um café. Por mera coincidência, te encontrei...

Fernanda arqueou uma sobrancelha, parecendo desconfiada das minhas palavras. Seus olhos verdes estudavam cada expressão no meu rosto, como se buscasse alguma pista sobre minhas verdadeiras intenções.

- Você espera que eu acredite nisso? - Ela perguntou, sua voz ainda carregada de desconfiança.

- É a verdade, Fernanda. Eu não estava te seguindo. - Respondi sinceramente, encontrando seu olhar com seriedade. - Eu sei que errei da última vez, mas não estou aqui para repetir o mesmo erro. Só queria fazer as pazes e... bem, também queria te agradecer por não ter ido à polícia. Eu teria enfrentado consequências sérias se você tivesse seguido por esse caminho.

Ela pareceu ponderar minhas palavras por um momento, antes de suspirar e abaixar o olhar para o seu prato. Um pequeno silêncio se instalou entre nós, e eu aproveitei para dar uma mordida em meu próprio prato, esperando quebrar a tensão.

-Ok. - ela respirou fundo. - Só peço para o senhor não me procurar mais, é estranho conversar com uma pessoa da sua laia.

-Uma pessoa da minha laia?

-Sim, o senhor é um grande executivo, isso se nota pelas suas vestimentas. - disse ela, olhando meu terno cinza com uma blusa salmão, sem gravata. - As pessoas devem estar criando paranoias com isso.

-Paranoias? Que tipo de paranoias?

- A empregada está tendo um caso com o patrão.

Ela deu um sorriso, e nunca vi um sorriso tão bonito

- Isso seria muito estranho... - continuou, seus olhos refletindo curiosidade. - Porque o senhor não faz o meu tipo. - disse ela, escolhendo cuidadosamente suas palavras.

- Eu não faço o seu tipo? - digo, dando uma gargalhada. - Nunca ganhei um fora assim, ainda mais de uma mulher como você.

- Uma mulher como eu? - ela perguntou confusa, levantando uma sobrancelha.

-Sim, uma mulher como você. Se fosse outra, estaria caindo aos meus pés.

- Nossa, que pena eu quebrar a sua coroa, mas você é o tipo de cara que eu odeio estar perto. - ela respondeu, seu tom misturando desafio e desdém.

- Olha que maravilha eu também não gosto de mulheres como você! - Digo olhando para uma moça do outro lado da rua, com várias sacolas de lojas. - Meu tipo de mulher é aquela.. - Digo fazendo ela olhar para onde eu olhava.

Fernanda seguiu o meu olhar e, ao notar a mulher com sacolas, deu um discreto sorriso de compreensão. Parecia que aquele momento de leveza havia dissipado um pouco da tensão entre nós.

- Sua cara mesmo, dois engomadinhos. - ela disse, dando um sorriso sarcástico. - Preciso ir agora, eu não tenho tempo para ficar fazendo compras e conversar com pessoas ignorantes como você. - disse ela se levantando. - Agora que está desculpado, segue sua vida por favor. - disse ela saindo e me deixando sozinho.

Assisti-a sair do restaurante, sentindo um misto de frustração e curiosidade. Havia algo nela que me intrigava, algo além da sua aparente rudeza. Decidi que precisava saber mais sobre Fernanda Gar.

Voltei para o local onde estava quando encontrei Fred.

-Eric! Onde você estava?! - Ele perguntou, visivelmente preocupado.

-Estava no restaurante, Fred!

-Vim atrás de você, ligaram na empresa...

-Quem ligou?

-Sua mãe, Eric. Seu pai não está muito bem...

Senti um aperto no peito ao ouvir aquilo e, sem hesitar, corri até meu carro. Fred veio atrás de mim e se ofereceu para dirigir, sabendo que eu estava abalado. Cheguei ao hospital e encontrei minha irmã e minha mãe na recepção.

-O que aconteceu? - Perguntei ansioso.

-Encontramos papai no chão... - Respondeu minha irmã, com a voz carregada de preocupação.

-E o médico? Ele disse algo?

-Não, meu filho, levaram ele para examiná-lo...

Nos sentamos juntos, aguardando notícias. Fred teve que ir embora para cuidar de questões na empresa, mas prometeu estar disponível caso precisássemos de algo.

Após um tempo angustiante, o médico nos chamou.

-Família Coldwell?

-Sim! - Respondi, levantando-me rapidamente.

-O senhor Coldwell está bem. Foi apenas uma queda de pressão. Peço que fiquem de olho nele. Logo estará liberado para irem para casa.

Um alívio imenso se abateu sobre nós.

-Graças a Deus! - Disse minha mãe, com os olhos marejados.

Assinei alguns papéis para dar alta ao meu pai e, embora eu pensasse em voltar para a empresa para concluir alguns serviços, minha irmã sugeriu que fôssemos para casa. Concordei. A noite em família foi reconfortante. Meu pai ficou feliz em ver todos ali, especialmente eu, que raramente estava em casa com eles.

Fernanda ficou em meus pensamentos, tinha algo nela que me atraía, algo difícil de decifrar. Como era sábado, optei por não ir ao trabalho. Por mais que ela tenha dito para eu não procurá-la, eu não conseguia evitar. Ela despertava em mim algo que ninguém jamais havia despertado.

Peguei meu carro e dirigi até o local. O café estava cheio e eu optei por vestir uma roupa mais casual. Ao chegar no balcão, chamei a mulher que estava concentrada fazendo café.

- Moça?

- Pois não, senhor. O que deseja? - Ela respondeu, ainda concentrada em suas tarefas.

- Estou procurando por uma mulher chamada Fernanda...

- Ela me olhou confusa e respondeu:

- Então, senhor, a senhorita Fernanda Gar não trabalha mais aqui.

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