Capítulo 15

Junior,

Ao chegar em casa, sinto o delicioso cheiro da comida. É realmente agradável. Entro e vejo que ela está colocando tudo na mesa. Observo-a por um instante, percebendo que ela parece um pouco perdida, tentando descobrir onde cada coisa deve ser colocada. Depois de um tempo, a mesa está toda arrumada. O frango e o macarrão têm uma aparência maravilhosa, assim como a salada.

— Espero que goste, eu fiz do jeito que você falou, sem colocar tempero. Deixei para você adicionar ao seu gosto. — Sorrio para ela e experimento o macarrão. É amor à primeira mordida. E quando eu experimento o frango, estou quase pedindo para ela se casar comigo.

— Está delicioso, meus parabéns. — Ela solta um sorriso aliviado e coloca o seu prato também. O ambiente fica agradável, uma sensação nova para mim, já que nunca costumo comer à mesa. É a primeira vez que como aqui, e ainda tenho uma bela companhia, já que Mary é muito linda.

— Você conseguiu encontrar a Ana Belmont?

— Não tive tempo ainda, na delegacia foi um caos hoje. Olha, eu sei que você não pode sair daqui, mas eu não tinha uma cozinheira por causa das coisas que às vezes trago do meu trabalho, e tudo lá não pode ser vazado. Caso você veja algum documento por aí, por favor, finja que não viu.

— Pode deixar, não vou enviar para a mídia em troca de dinheiro, a menos que seja o suficiente para eu me aposentar. — Paro de comer e a olho. Ela ri e coloca a colher na boca. — Estou brincando, delegado, até porque eu não vou arrumar a sua casa.

— Mas quero que você se sinta à vontade aqui. Nas horas em que não precisar preparar as refeições, pode passear pela casa, conhecer o lugar. Pode usar a sala de televisão ou até mesmo a piscina. Raramente uso essas coisas por causa do meu trabalho, mas quero que você as aproveite e se sinta em casa.

Ela dá um sorriso tão fofo que quase me derreto. Acabo sorrindo junto e percebo que ela está olhando para as minhas mãos enquanto levo a colher à boca. O clima entre nós fica tenso e ela vira o rosto rapidamente, olhando para frente.

— Tenho que voltar para a delegacia. Por volta das 18:00, mais ou menos, eu chego em casa e quero o jantar da mesma forma, tudo pronto na mesa.

— Vai querer a mesma coisa do almoço?

— Se tiver sobrando, eu quero sim. Gostei muito da comida, ficou muito gostosa. — Queria poder dizer que é tão quanto ela, mas se ela tiver um marido, talvez seja dele que ela esteja fugindo e não quer falar. E isso complicaria muito as coisas para mim. Preciso encontrar uma maneira de trazer minha mãe aqui, mas também garantir que ela fique.

Porque se ela decidir ir embora com minha mãe, eu vou perder minha cozinheira. Me levanto e vou em direção à delegacia, deixando-a ainda na mesa.

E, pela primeira vez, chego à delegacia com vontade de ir embora para casa. Sempre quis ficar mais aqui do que em casa, mas agora eu quero estar lá com ela, não sei por quê. Mas será que eu posso ao menos vê-la? Desbloqueio meu celular e abro o aplicativo das câmeras de segurança. E lá está ela, lavando a louça. Vira e mexe, deixa algo cair, toda atrapalhada.

Sorrio ao vê-la. Parece que ela vai quebrar toda a minha cozinha, mas a forma como ela olha para trás, para ter certeza de que ninguém viu, é muito engraçada. Meu celular toca e vejo o nome do Léo na tela.

— Oi, Léo.

— Delegado, você estava certo. É uma passagem secreta mesmo, e há vestígios de sangue pelo caminho.

— Isso prova que a morte do pai dela não foi um suicídio. Tire várias fotos e faça vídeos também. Vamos reunir todas as provas e descobrir até onde essa passagem nos leva.

— Sim, senhor. Ah, e a Clara mandou avisar que está se comportando bem, não bateu em ninguém e nem matou ninguém até agora.

— Que continue assim. Bom, termine aí e encontrem logo as provas... E, Léo, você descobriu algo sobre a Mary?

— Não, senhor. Tentei colocar a foto dela na busca em todo o país, mas não consegui terminar de verificar. Você sabe como é, a delegacia exige muito de mim, já que para tudo é " chama o Léo."

— Está reclamando, tenente?

— Não, senhor, de jeito nenhum. Só estou dizendo que não tive tempo para descobrir mais sobre a mulher misteriosa, mas prometo fazer isso quando chegar aí.

Ele desliga o celular antes que eu o repreenda novamente. Onde já se viu, reclamar enquanto está recebendo? Parece a moça que está lá em casa, nem começou a trabalhar e já estava falando sobre pagamento.

As horas vão passando e finalmente chega ao fim de mais um dia agitado. Exausto, pego a chave do meu carro e começo a dirigir em direção à minha casa, ansioso para finalmente descansar. No entanto, algo estranho começa a acontecer no meio do caminho. Sinto um arrepio na nuca e uma sensação de que estou sendo observado.

Decido testar minha intuição e começo a fazer várias manobras pelas ruas, tentando despistar qualquer possível perseguidor. Porém, não importa para onde eu vá, o carro preto continua a me seguir incansavelmente. A tensão aumenta a cada curva que faço, e a sensação de estar sendo caçado se torna cada vez mais real.

Decido acelerar, buscando uma saída para essa situação desconfortável. Passo direto pela minha casa, deixando para trás a ideia de um refúgio temporário. Minha mente está focada em chegar à delegacia. Mas antes que eu possa chegar lá, um carro surge do nada e colide violentamente com o meu.

Com meu instinto, jogo o volante para o lado, evitando um impacto frontal ainda mais devastador, ainda sim trincou o parabrisa e o vidro lateral do meu lado. O som ensurdecedor da batida ecoa pelo ar enquanto meu coração dispara de medo e adrenalina. No entanto, a violência do impacto não é o único perigo iminente. Uma saraivada de tiros atinge a lataria do meu carro, fazendo com que eu me abaixe instintivamente para me proteger.

Nesse momento, o mundo ao meu redor se transforma em um caos de sons e luzes. O cheiro de fumaça e pólvora invade o ar, enquanto os estilhaços de vidro se espalham pelo interior do veículo. A batalha pela sobrevivência se desenrola diante dos meus olhos, e a única coisa que consigo fazer é rezar para sair dessa situação com vida.

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