Cecília Villar

Minha vida desmoronou por completo aos 24 anos, desde a morte da minha mãe. Nunca pensei que meu pai, antes de se matar, faria um jogo tão sujo comigo, sua própria filha.

Ele me perdeu em um jogo para o empresário Riccardo Mattia, um homem que não tem amor no coração, não se importa com o próximo e só pensa em si mesmo e em sua fortuna.

Quando os capangas desse miserável vieram bater na minha casa e me contaram o que meu pai tinha feito, eu não acreditei. Só fui acreditar quando me entregaram os documentos assinados por ele, que além de perder os negócios que minha mãe e ele construíram, também me perdeu em uma mesa de pôquer.

Me tornei uma moeda de troca, e Riccardo nem respeitou meu luto. Talvez meu pai estivesse tão perturbado após perder minha mãe que se matou depois de perder tudo. Parece que nada mais importava para ele, nem eu, nem nada.

Fui levada para a casa do magnata, pensando que pelo menos teria uma vida confortável, a mesma que tinha quando minha mãe era viva. Mas, como eu disse, o cara não tem coração nenhum.

Acabamos nos casando na igreja, fui obrigada a assinar a certidão de casamento para honrar a palavra que meu pai tinha dado àquele homem. Se arrependimento matasse, eu estaria morta há muito tempo.

Ao chegarmos em casa, ele já veio com o papo de que eu era mulher dele e teria que fazer tudo que ele quisesse, ou sofreria as consequências. No primeiro dia, não entendi exatamente o que ele queria dizer com isso.

Mas bastou eu dizer o primeiro "não quero" para descobrir o que eram as consequências que ele mencionava. Ele me trancava em um quarto, me privando de comida e me dando apenas pão e água por três dias. Às vezes, nem isso ele me dava, e eu passava dias e noites com a barriga vazia, sentindo minhas costelas se destacarem.

Uma vez, tentei fugir durante a noite e consegui chegar até a esquina, mas os capangas dele me levaram de volta. Além de ser trancada novamente no quarto do inferno, acabei levando uma surra de uma das amantes dele. Segundo ele, ele não sujaria as mãos comigo. Isso no começo, depois ele começou a me bater também, onde tornou tudo mais doloroso.

Foram tantas coisas que tive que suportar, tantas noites dormindo sentada no pequeno quartinho apertado, que mais parecia um armário de vassouras. Ou eu ficava em pé ou ficava sentada, não havia espaço para deitar de jeito nenhum.

No entanto, eu sabia que precisava encontrar uma maneira de mudar minha vida. Decidi fingir obediência, e com isso, minha vida deu uma reviravolta. Fui obrigada a me deitar com eles e fingir que estava gostando, mas o fato de que o homem só se preocupava com seu próprio prazer, sem se importar com o prazer de uma mulher, só aumentava minha determinação em escapar dele.

Eu sabia que precisava encontrar uma saída, uma oportunidade para me libertar desse pesadelo. A cada dia, eu planejava meticulosamente, observando os movimentos dele e dos capangas. Eu estava determinada a recuperar minha liberdade, não importava o que fosse preciso.

Sério, o cara gøxada em 30 segundos do primeiro tempo e já estava morto do lado, não tinha preliminares ou nada parecido, era como se tivesse comendo um bicho, me colocava na posição que ele queira, e se aliviava.

Sorte que tenho o chip, pelo menos tenho certeza de que não engravidarei dele. Quando ele me perguntava por que eu não engravidava, eu apenas dizia que não sabia. Não era tola o suficiente para voltar ao quartinho e sofrer ainda mais, ou ficar mais presa a ele com um filho.

Ele trazia mulheres para dentro de casa, como se fosse um desfile de moda de um prostíbulo, e eu não me importava, pois não sentia absolutamente nada por ele. Na verdade, o que eu mais desejava era que ele se apaixonasse por uma delas e me desse o divórcio. Seria um sonho se tornando realidade.

Mas não, mesmo tendo relações com todas as mulheres de Milão, ele ainda insistia em me manter presa, alegando que eu era sua propriedade adquirida. Com a minha mudança de atitude, consegui ter um pouco mais de liberdade. Pelo menos podia sair de casa para comprar o que precisava, embora sempre acompanhada pelos repugnantes capangas dele. Mesmo trabalhando para Riccardo, eles ficavam de olho em mim, como se estivessem esperando uma oportunidade para me prejudicar. Às vezes, até sentia vontade de retribuir as traições dele com uma traição minha, mas sabia que isso só me colocaria em uma situação pior. Então, fingia não perceber os olhares deles e seguia em frente.

E assim foi minha vida por um ano, cheia de momentos que ficaram gravados em minha mente e corpo para sempre. No entanto, agora me vejo diante de duas opções: tentar fugir e seguir minha própria vida, mesmo que isso signifique fugir diariamente dele, ou permanecer aqui e sofrer para sempre até que a morte chegue.

Decidi pesquisar sobre outras mulheres que passaram por abusos domésticos e encontrei relatos na internet de algumas delas que foram ajudadas, protegidas e tiveram a chance de recomeçar suas vidas. Continuei minha pesquisa e descobri o nome dessa mulher: Ana Belmont.

Comecei a reunir tudo o que podia, preparando-me para o dia da minha fuga. Não olharei para trás, pois aqui não há ninguém que possa me prender. Dirigi-me ao escritório dele e bati na porta. Ele me mandou entrar e lá estava ele, sentado com uma mulher em seu colo.

— O que deseja, esposa?

— Quero pedir para você me permitir ir na minha casa pegar algumas coisas. Estava vendo o que tenho e como sair às pressas de lá. Quero algumas coisas pessoais que deixei na casa dos meus pais.

— Depois de um ano, se lembrou do que tem lá? Nunca me pediu para ir lá buscar nada.

— Eu sei, senhor, mas quero algumas fotos que tenho da minha infância e alguns cadernos meus. Por favor, seus seguranças podem ir comigo? Prometo que não vou demorar.

— Tá, tá, vai. Tem 10 minutos para voltar, ok?

— Sim, senhor. — Saio, fechando a porta atrás de mim. 10 minutos? Espero que seja 10 anos, ou nunca mais, se for possível.

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Comments

Cintia Maciel

Cintia Maciel

Você vai conseguir e vai ter a proteção de Ana belmont

2024-01-22

101

Marcia Santos

Marcia Santos

Com certeza, Ana Belmont vai te proteger

2024-05-15

0

Anonymous

Anonymous

Cara nojento! tem que levar um monte de pinheiros de Natal.

2024-05-12

0

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