Capítulo 2

Junior,

A imagem dela não sai da minha cabeça, almoço pensando nela. É difícil alguém entrar assim na minha mente, e ela, especialmente, depois de ficar tão abalada por não querer ir ao hospital.

— Mary, é tudo que eu tenho de você. Mas me lembro bem do seu rosto, vou saber quem você é de verdade.

Depois do meu almoço, decido voltar para a delegacia. Dirijo ao policial responsável por criar os retratos falados. Explico a ele todos os detalhes que consigo lembrar sobre o rosto da Mary.

Ele me escuta atentamente, fazendo perguntas pontuais para obter mais informações. Cada palavra que eu digo é como uma peça de quebra-cabeça que ele tenta encaixar para formar o rosto dela. Sua expressão séria mostra o quão dedicado ele é em sua arte.

Enquanto ele começa a desenhar, observo cada movimento de sua mão habilidosa. Ele começa pelos olhos, dando vida a eles com traços precisos. Em seguida, molda as sobrancelhas, o formato do rosto e os lábios delicados. Cada detalhe é trabalhado com paciência e cuidado.

À medida que o retrato vai ganhando forma, meu coração acelera de expectativa. Cada traço adicionado o rosto da Mary vai se revelando diante de mim.

Quando o policial finalmente termina o retrato, ele o mostra para mim com um sorriso. Meus olhos se enchem de emoção ao ver a imagem de Mary diante de mim. É como se ela estivesse ali, olhando diretamente para mim através do papel.

Agradeço ao policial pela sua habilidade e dedicação, sabendo que esse retrato é um passo importante na minha jornada para descobrir quem é Mary.

— Ficou perfeito. Melhor impossível. — Agradeço e vou para a minha sala.

Eu tiro uma foto da mulher misteriosa e decido fazer algumas buscas para descobrir mais informações sobre ela. Se houver alguma ficha criminal, talvez eu tenha um motivo para encontrá-la novamente.

Passo horas pesquisando, vasculhando até o fundo do baú, mas não encontro nada. Surpreendentemente, ela não tem nenhum passado criminal. Isso me deixa ainda mais intrigado. Por que ela ficou tão apavorada ao descobrir que sou delegado? E por que ela se recusa a ir ao hospital, mesmo estando machucada?

Essas perguntas não saem da minha cabeça. Sinto que há algo mais por trás dessa história. Não vou desistir tão facilmente. Estou determinado a descobrir quem é essa mulher, não importa o que aconteça.

Decido tentar conversar com ela novamente. Talvez assim consiga obter algumas respostas. Quero entender o motivo de seu medo e sua relutância em buscar ajuda médica. Será que ela tem algum segredo obscuro? Alguma razão para temer a polícia?

Léo entra na minha sala bem sorridente, e avisa que já está tudo pronto para a amanhã, para a nossa visita a sabonetinho.

— Quem é essa, senhor? — Ele fala, apontando para a tela do computador, parecendo hipnotizado pela foto.

— É uma mulher que eu atropelei. Tentei ajudar, mas ela ficou apavorada quando descobriu que eu era delegado. Piorou quando eu falei que ia levá-la ao hospital. Isso me deixou intrigado. Você pode me ajudar a pesquisar sobre a vida dessa mulher?

— Sua mãe faria isso em dois segundos. Por que você não a chama?

— Se minha mãe souber que eu atropelei uma mulher, mesmo sabendo que ela teve culpa, vou levar uns cascudos. E dessa vez, acho que ela vai amassar a minha cabeça. Na minha adolescência, eu estava brincando com uma menina e ela acabou se machucando. Fomos levados para a diretoria e ela foi chamada. Acho que ela não ouviu nada do que a diretora falou depois da parte em que dizia que eu bati na menina.

Ele começa a rir, perguntando o que a minha mãe fez comigo.

— Não machuquei ela porque eu quis. Estávamos brincando de lutinha, eu falei que ela não aguentava, mas ela insistiu. Aí minha mãe, como castigo, me levou para casa, me amarrou e deixou a menina me bater. Eu via o brilho nos olhos dela e dizia: "Acha que sou frágil ainda, seu idiota?" Desde esse dia, nem mulher eu prendo. Chamo a viatura feminina para dar apoio.

— Queria ver você apanhando. — Ele fala, entrando na gargalhada, e eu sorrio ao lembrar da cena.

Léo sai da minha sala, levando a foto da Mary, enquanto eu tento descobrir mais sobre ela aqui no meu computador. As horas vão passando, e quando eu vejo, já está na hora de ir embora. Hoje vou para me distrair no racha. Vou colocar minha máquina pra roncar e fazer os outros pilotos decorarem a minha placa, pois sempre ficam para trás.

Pego minhas coisas e sigo para minha casa. Tomo um banho para tirar a poeira do dia do corpo e começo a me trocar com os equipamentos de segurança da corrida. Apesar de nunca ter caído, não tenho medo de me machucar, mas sim de ser descoberto ali.

Com tudo pronto, tiro a capa protetora que esconde minha moto no fundo da minha casa e sigo com ela para o racha. Ao chegar, vou direto para a linha de chegada, encostando a roda dianteira bem na ponta da linha.

Observo os outros corredores se aproximando de mim, até que um para ao meu lado direito. Olho para ele de cima a baixo, vendo o quanto sua moto é potente, tão potente quanto a minha. Subo meus olhos para o piloto, que, apesar de estar com a capa de chuva, dá uma semelhança de ser magro. Se cair, não tem carne nenhuma para amortecer a queda.

Olho para seu capacete, que é espelhado como o meu, para não ser reconhecido por ninguém ali. Balanço minha cabeça como se estivesse desejando boa sorte. Ele simplesmente vira o capacete para frente, como se estivesse me ignorando.

Ahhh, esses caras que se acham demais são os que eu mais faço sofrer na pista. Esse vai ser o primeiro que vou fazer ver minha placa. Olho para frente e começo a acelerar a moto, à medida que o semáforo muda do vermelho para o amarelo. Hoje é o dia em que vou acabar com a ignorância desse certo corredor...

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Comments

Josi Gomes

Josi Gomes

ACHO QUE É A MARY , MAIS ELA MACHUCOU O PÉ, ELA NEM DEVIA PILOTAR A MOTO , POR CAUSA DA DOR , DEVE TER TOMADO, MUITOS ANALGÉSICOS

2025-01-31

1

Eva Garbin

Eva Garbin

lembrei e a segunda vez estou lendo belíssima história

2025-01-08

0

Néria Alves

Néria Alves

kkkkkk Essa mãe fez o dever de casa.

2025-03-25

0

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