capítulo 10

Minha mãe? O que ela quer com a minha mãe?

— Por que está procurando por ela?

— Assunto pessoal. Depois que eu a encontrar, eu digo o que está acontecendo. Até lá, minha boca é um túmulo. Fechado.

Ergo uma sobrancelha para ela, percebendo que há algo que ela esconde, e pelo jeito é algo grave.

— Por favor, me deixe ir embora. Aqueles homens podem voltar e... — No instante em que ela termina de falar, o som ensurdecedor de disparos de armas de fogo irrompe no ar, rasgando a quietude da noite. Sem pensar duas vezes, agarro-a e a empurro para o chão, meu corpo servindo de escudo para o dela. Essa proximidade forçada, com nossos corpos pressionados um contra o outro, não era exatamente o tipo de intimidade que eu tinha imaginado.

Nossos olhos se encontram, presos em um olhar intenso e penetrante, enquanto o som da metralhadora continua a ecoar ao longe. Parece uma eternidade, mas depois de alguns segundos agonizantes, os tiros finalmente cessam. Mesmo assim, permanecemos imóveis, nossos olhos ainda fixos um no outro, com ela ainda sob o peso do meu corpo.

Sinto minha respiração acelerar, o peito subindo e descendo rapidamente, enquanto a adrenalina corre pelas minhas veias. A realidade da situação finalmente me atinge e, com um suspiro pesado, me afasto dela. É nesse exato momento que o som de uma porta de carro batendo chega aos meus ouvidos. Ela se arrasta rapidamente para debaixo do meu carro, buscando abrigo, enquanto eu me movo cautelosamente, agachado.

Então, vejo dois homens se aproximando, silhuetas sombrias contra a luz fraca da lua. Sem hesitar, puxo o gatilho da minha arma, a bala acertando com precisão mortal bem no meio da testa de um deles.

No momento em que o outro homem vê seu companheiro cair, ele se afasta do meu carro, ficando em alerta. Ele começa a se mover em direção ao seu próprio veículo, e eu rapidamente atiro nos dois pneus do lado direito, tanto o dianteiro quanto o traseiro. Mesmo com os pneus furados, ele consegue ligar o carro e foge. Me ergo, chamando-a para sair de debaixo do carro, mas quando olho, ela já desapareceu.

Ela me lembra minha vó Liara e da minha prima Luna, sempre pronta para fugir quando as coisas ficam difíceis. Olho ao redor e vejo um beco próximo. Entro nele e vejo ela correndo, mancando do pé, mas mantendo uma velocidade rapida. Então era ela a corredora que me venceu naquela corrida de rua? Não posso acreditar. Decido não ir atrás dela, vou deixá-la ir. Afinal, sei que ela vai voltar, principalmente para buscar sua moto.

Como não estou longe de casa, subo na moto dela e a levo para lá. Deixo a moto na garagem e volto para buscar meu carro. Caminho por alguns minutos e, em seguida, retorno para casa.

— Vamos ver se a sua moto é importante para você mesmo, Mary, ir embora e deixar ela para trás é coisa de covarde.

Tenho duas motos, uma que uso para o trabalho e outra que é exclusiva para as corridas. A moto de corrida, a minha querida Loli, é algo que eu não empresto para ninguém. Ela é minha e somente eu tenho o privilégio de pilotá-la.

A Loli é mais do que apenas uma moto para mim. Ela é uma extensão da minha personalidade, uma parceira leal que compartilha comigo a paixão pelas corridas. Cada vez que eu subo nela, sinto uma conexão única, como se fôssemos um só.

Seu design elegante e aerodinâmico chama a atenção por onde passamos. O rugido do motor potente ecoa pelas ruas, anunciando a nossa presença. Cada detalhe da Loli foi cuidadosamente projetado para garantir o máximo desempenho e velocidade.

Quando estou na Loli, tudo ao meu redor desaparece. O vento sopra em meu rosto, enquanto a adrenalina corre pelas minhas veias. Cada curva, cada acelerada é uma explosão de emoção. Sinto-me como se estivesse dançando no asfalto, dominando cada centímetro da pista.

A Loli é minha confidente nas corridas de rua. Juntos, enfrentamos desafios e superamos limites. Ela me impulsiona a ir além, a buscar a vitória a todo custo. É uma sensação indescritível de liberdade e poder.

Por isso, não empresto a Loli para ninguém. Ela é minha parceira de aventuras, uma extensão da minha personalidade audaciosa e corajosa. Ela representa a minha paixão pela velocidade e pela emoção pura das corridas.

Subo as escadas de madeira rangendo para o meu quarto, um lugar que mais parece um santuário de paz e tranquilidade. O ar fresco da noite entra pela janela aberta, trazendo consigo um friozinho para deixar a noite mais fresca e agradável.

Faço minha higiene noturna, a água fria na minha pele me desperta dos pensamentos do dia e me faz lembrar de Mary e eu deitado sobre ela. Meus pensamentos começam a vagar para aquele momento, e fico imaginando se não fossem os tiros, e eu tivesse a beijado?

A mente do homem é traiçoeira, nem aconteceu isso, mas eu já estou imaginando como seria. Droga.

Mas não tem como negar, com seus olhos cor de mel que parecem conter todo o calor do sol. Eles brilham com uma luz própria, uma luz que me atrai, me puxa para mais perto. Eu me pergunto se ela tem noção do efeito que teve sobre mim.

Mas há mistérios que envolvem Mary, perguntas que precisam de respostas. De quem ela está fugindo? E por quê? E a questão mais intrigante de todas, por que ela está procurando minha mãe? Normalmente, as mulheres que procuram minha mãe estão em busca de proteção, de aprender a se defender, ou estão em perigo de vida por causa de algum homem. Será que Mary está em uma situação semelhante?

A incerteza me mantém acordado, os pensamentos girando em minha cabeça. Mas uma coisa é certa, eu preciso descobrir a verdade. Por Mary, e por mim mesmo. E como eu disse, não vou descansar até descobrir tudo sobre essa mulher, que parece está rodeada de segredos. Me aguarde Mary, logo logo eu te pego de jeito.

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