Já passava da meia noite e Manu ainda se encontrava emburrada assistindo ao desenho animado na televisão do quarto hospitalar. Depois da conversa que teve com o pai, ficou calada e isso estava dando nos nervos de Leonardo, que não sabia lidar com essa situação.
Leo - Já chega!
Ele levantou da poltrona, pegou o controle e desligou a televisão.
Leo - Você precisa descansar.
A menina apenas virou de costas, juntou as mãos e apoiou o rosto nelas.
Leo - Você vai ficar me ignorando, é isso?
Manu - Eu quero ligar para minha mamãe.
Ele bufou.
Leo - Ela já foi para o hotel, e você sabe muito bem disso.
Manu - Liga para ela.
Leo - Como?
Manu - Liga para a minha mamãe, eu... eu tô com dor de barriga.
Conhecendo a filha que tinha, Leonardo desconfiou dessa possível dor de barriga.
Leo - Se você está com dor de barriga, então eu vou chamar o médico para te examinar.
A pequena arregalou os olhos e sentou na cama.
Manu - Não papai, eu... eu quero a minha mãe.
Ele cruzou os braços na frente do corpo e levou alguns dedos ao queixo, ficando bastante pensativo.
Manu - Só ela pode me curar.
Leo - Não será possível.
Ele volta a sentar na poltrona e apoia uma perna em cima da outra.
Leo - Não tenho o número da sua mãe.
A menina ficou olhando para o pai, confusa.
Manu - Mas eu estou com dor de barriga.
Leo - Eu te ajudo a descer da cama, assim você pode ir ao banheiro.
Ela fez positivo, então Leonardo ajudou a filha a descer da cama e entrou no banheiro para ajudar a subir a batinha hospitalar até ela sentar no vaso sanitário. Manu ainda não conseguia fazer as coisas sozinha por está com o braço na tipóia.
Leo - Quando terminar, você me chama, tá?
Ela fez positivo, Leonardo saiu do banheiro e encostou a porta.
Leo - Ah... onde eu fui me meter?
Ele suspirou em derrota e se aproximou da janela, abrindo para entrar um pouco do ar fresco da noite.
Leo - Não era para eu ter ido atrás dessa mulher.
Lamentava sua própria decisão em trazer para a vida da filha a Alyna, uma mãe que nunca foi presente e que só se importava com o próprio umbigo. O celular começou a vibrar no bolso, Leonardo o tira para verificar.
Leo - Bruna!
Ele até iria atender a ligação, mas desistiu e continuou olhando através da janela. A noite estava fria, Leonardo fechou os olhos ao sentir uma corrente de ar se chocar em seu rosto. O silêncio nesse horário no hospital era algo inexplicável, tinha sim uma sensação de paz, ao mesmo tempo que era angustiante.
Já tinham passado quinze minutos e nada da Manu sair do banheiro, Leonardo começou a achar estranho e se aproximou da porta dando algumas batidinhas de leve na madeira.
Leo - Filha?
Não teve resposta nenhuma, mais uma vez Leonardo bate na porta com os dedos.
Leo - Você já terminou? Posso entrar?
Como não houve respostas, Leonardo segurou a maçaneta e abriu a porta dando de cara com a pequena Manu dormindo no vaso sanitário.
Leo - Filha!
Manu - Hum...
Leo - Você já terminou?
Ela fez negativo com a cabeça, o pai sabia exatamente o que Manu estava querendo fazer, queria chamar a sua atenção.
Leo - Já tá tarde, você precisa dormir cedo.
Aos poucos, ela abriu os olhos bastante sonolenta, como estava cansada, resolveu parar de inventar história.
Manu - Tô com sono.
A noite foi bem tranquila, Manu dormiu muito bem, menos Leonardo que não parava de pensar na vida. O resultado disso foi uma noite mal dormida e muito cansaço.
Ao amanhecer, ele ainda estava de olhos abertos, Manu acordou e foi tomar um banho com a ajuda da enfermeira. Enquanto isso, Leonardo foi tomar um café e fazer algumas ligações direcionando ao trabalho. Depois disso, seguiu até o elevador e apertou o botão.
A porta abriu, contudo, ao erguer o rosto se deparou com Alyna na sua frente, ela tinha acabado de chegar no hospital e estava subindo para o andar do quarto de Manu. A princípio, ele não iria falar nada, mas usou seus bons modos.
Leo - Bom dia.
A voz saiu seca e rude.
Alyna - Bom dia.
A porta se fechou, ele ficou o máximo possível afastado dela, se concentrando apenas nos números que passavam na pequena tela. Alyna apenas mirava o chão como direção, pois seus pensamentos não estavam ali naquele momento. O trajeto para os dois parecia uma eternidade, os deixando inquietos com a aproximação, dava para sentir o perfume suave dela adentrando suas narinas dilatadas.
Quando finalmente a porta abriu, Leonardo saiu igual um jato do elevador, acelerou os passos o mais rápido possível no corredor e entrou no quarto. Bruna estava lá, conversando com dona Inês.
Bruna - Bom dia! Adivinha?
Com um sorriso no rosto, ela se aproximou e lhe deu um selinho nos lábios, ele olhou para a filha que estava abrindo um presente.
Manu - Olha papai, o que a Bruna me deu.
Alyna abre a porta e toma um susto, pois não imaginava que a filha teria visitas hoje. Todos a olham, exceto o Leonardo.
Alyna - Bom dia.
A tia revirou os olhos.
Bruna - Bom dia.
Manu - Mamãe, olha o que eu ganhei.
Ela mostrou a Barbie, balançando a boneca no ar.
Bruna - Mamãe?
Indagou surpresa.
Manu - Sim, ela é minha mãe.
Bruna olhou para o Leonardo e arqueou uma sobrancelha, nem escondeu o ciúmes que sentiu ao saber da novidade, principalmente porque ele não havia contado que a mãe da filha tinha voltado.
- Nossa, eu nem sei o que dizer, bem... Muito prazer, me chamo Bruna!
Alyna - O prazer é todo meu.
Elas apertam as mãos.
- Me chamo Alyna.
Bruna - Hum... bacaba!
O sorriso amarelo no rosto de Bruna fez dona Inês perceber o ciúmes, como gostava muito dela, resolveu tomar partido assim que o Leonardo foi embora com a ficante.
Inês - É a namorada dele.
Alyna não esboçou nenhuma reação e se aproximou da filha lhe dando uma abraço apertado e caloroso.
Manu - Olha, mamãe!
Alyna - Que linda, meu amor!
Manu - É a Barbie ciclista.
Alyna - Você gosta de Barbies?
Manu - Muito, bem muitãoooo...
A mãe sorriu e a beijou na bochecha.
Inês - Faço muito gosto se ele se casasse com a Bruna, é uma moça incrível!
Alyna continuou ignorando-a, apenas esqueceu que a tia estava ali, deixando-a falando sozinha.
Alyna - Vamos brincar de bonecas? Cadê aquela sua outra?
Manu - Tá no armário, mamãe.
Ela se levantou, abriu o armário e pegou vários brinquedos que havia dentro de uma bolsa, nesse meio tempo, o café da manhã de Manu chegou. Dona Inês resmungou baixinho e saiu do quarto, Alyna pôde respirar mais aliviada e curtir o dia com a filha.
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Atualizado até capítulo 110
Comments
Charlotte Peson
Estou na torcida pela Alyna , o Leonardo com certeza não era tão parceiro como marido,pela maneira que ele falou "um sonho de adolescência" sentir que ele menosprezou o sonho dela ,pois se ele era tão rico porque não investiu e incentivou o sonho dela! Lógico que não justifica o abandono a filha,mas talvez a única saída que ela teve! Acho que vamos nos surpreender com essa história.Ja gostei dela,ela teve o Câncer e não usou a doença para se vítima.
2024-01-13
80
aliny
Rafa vai fazer sua mágica porque eu não tô na torcida pela alyna não , sou mãe e não vejo motivo algum para deixar um BB pra ir atrás do sonho ,até porque eles tem condições financeiras e dava pra ela ir em busca do seus objetivos sem abandonar a família
2024-01-13
15
Edileuza França
essa Inês e quem pra julgar os outros que mulher insuportável
2024-05-21
0