Estados Unidos, Nova York.
Seus dedos tocavam delicadamente as teclas do piano, fazendo o som tomar toda a sala de estar do apartamento de Alyna, que leu a mensagem ao acordar e estava bastante emocionada extravasando toda a sua dor na música, seu sentimento era de culpa é lágrimas rolaram no seu rosto deixando sua visão turva.
Sentindo-se um ser humano desprezível, Alyna bate as mãos nas teclas do piano finalizando o toque, dando início a um silêncio ensurdecedor na sala, apenas se ouvia o próprio choro e os soluços de lágrimas a sufocando.
Depois desse momento, Alyna saiu de casa direto para a sua sessão de terapia no consultório do doutor Dimitri Jackson. Hoje ele não atendia nenhum paciente, mas abriu uma sessão para a mulher que ele tinha uma grande admiração.
Dimitri - O que aconteceu?
Perguntou aflito, pois Alyna estava chorando muito na ligação e continuava, porém um pouco mais contida.
Alyna - Me ajuda por favor, a minha filha... ela...
Dimitri - Calma, você precisa se controlar.
Ele a direcionou para a sala onde aconteciam as sessões.
Dimitri - Sente-se, e tente respirar fundo.
Alyna - A minha filha sofreu um acidente na colônia de férias e teve que fazer uma cirurgia de risco na cabeça e no braço, pois teve uma fratura, ela só tem seis anos e...
Ele lhe trouxe um copo de água.
Alyna - Obrigada!
Ela tomou metade em um só gole e fechou os olhos tentando ajustar a respiração que estava desenfreada.
Dimitri - Shhh... calma, calma... puxe o ar para dentro dos pulmões devagar.
Ela começa a fazer as manobras de respiração.
Dimitri - Isso... agora solte devagar, esvazie todo o ar.
Depois de acalmá-la, Dimitri puxou uma cadeira para ficar um pouco mais perto, de frente para Alyna.
Alyna - Eu estou péssima.
Dimitri - Quando você estiver pronta para falar o que aconteceu, estarei aqui para te escutar.
Alyna - A Manu, a minha filha sofreu um acidente, uma queda da tirolesa.
Ele a olhou assustado, pois sabia de toda a história dela, inclusive que não tinha contato algum com a filha, há anos.
Alyna - Vou voltar para o Brasil.
Dimitri - Você faz certo, tem que ficar perto da sua filha nesse momento.
Alyna - Ela não me conhece, não tem afeto para comigo.
Dimitri - Isso será o começo e você terá que enfrentar se quer ter contato novamente com ela.
Alyna - O pai dela me odeia, a minha tia...
Dimitri - Eles não sabem o que você passou.
Ela limpa as lágrimas com os dedos, o especialista se levantou e pegou alguns lenços e os entregou.
Alyna - Obrigada.
Ela limpa as lágrimas novamente e o olha nos olhos.
Alyna - Eles não sabem do câncer e não vou usar tudo o que eu passei com a minha doença para os sensibilizar.
Ele sorriu de lábios fechados e segurou as mãos dela.
Dimitri - Você é uma guerreira, você venceu aquela maldita doença.
Alyna - Eu tenho medo que volte e ter que passar por tudo outra vez.
Dimitri - Não vai voltar.
Ela iria falar mais alguma coisa, mas desistiu e fez um gesto positivo com a cabeça.
Dimitri - Vai dar tudo certo, eu estou na torcida.
Alyna - Cometi o pior erro da minha vida, que foi deixá-los para correr atrás de um sonho, ser uma pianista renomada, eu consegui, mas eu fui castigada por isso da pior maneira.
Dimitri - Quem foi que disse que ter uma doença é castigo? Para de pensar assim Alyna, você é uma mulher tão incrível que não tem idéia.
Eles se olham.
Dimitri - Eu gosto muito de você.
Dessa vez ele falou em um tom esquisito, Alyna não entendeu muito bem.
Dimitri - Sorte do homem que tiver o seu amor.
Alyna - Eu...
Ele se aproximou e depositou um beijo doce no rosto dela.
Dimitri - Eu sei que ainda gosta dele, mas quero que saiba que estarei aqui lhe esperando de braços abertos.
Confusa, Alyna desviou o olhar para as próprias mãos e ficou pensativa.
Dimitri - Além de ser seu terapeuta e amigo, gostaria de ter uma oportunidade para te fazer feliz.
Ela continuou olhando as mãos e mexendo os dedos.
Alyna - Eu não posso.
Dimitri - Eu sei.
Alyna - Você é um homem incrível, mas eu não posso.
Ele sorriu e fez positivo.
Dimitri - O Leonardo tem muita sorte de ter o seu amor.
Com essa frase, Alyna ergueu o olhar o encarando.
Alyna - Ele me odeia e tenho certeza que quando eu retornar para o Brasil a primeira providência que irá tomar é pedir o divórcio.
Dimitri - Será? Eu tenho lá minha dúvidas.
Alyna - Como assim?
Dimitri - Ele poderia ter entrado com o pedido de divórcio há muitos anos, ele não fez.
Ficou um silêncio entre eles, até Alyna se despedir alegando que teria que arrumar as malas para viajar amanhã. Doutor Dimitri se ofereceu para ajudá-la e deixá-la no aeroporto, ela tentou negar, mas a insistência dele a fez permitir tal ação.
Alyna voltou para casa e passou praticamente a tarde inteira organizando as coisas que iria levar, fez as malas e as encostou no canto próximo a porta, sentou no sofá e fez uma ligação para a tia, que como sempre se recusou em atendê-la. Sem ter como se comunicar para confirmar que retornaria, ala deixou pra lá e tomou um banho, jantou uma lasanha congelada que esquentou no microondas e adormeceu no sofá enquanto fitava a foto da filha quando ainda era um bebê, essa imagem era a única lembrança que tinha da pequena Manu, pois dona Inês nunca enviou nenhuma foto da menina com o passar dos anos, mesmo Alyna pedindo quase todos os dias.
Há pouco mais de dois anos atrás, Alyna sentiu um nódulo na axila, depois de um check-up veio a notícia da doença, foram dois anos difíceis de muita luta, sessões cansativas de quimioterapia e pós.
Era uma parte de sua vida que Alyna tinha medo que voltasse, apesar de estar curada, tinha que sempre fazer exames anualmente para acompanhar.
Alyna Veiga, 26 anos, uma brasileira pianista bastante competente no ramo musical, ganhando até um prêmio no ano passado por seu talento. Era conhecida em Nova York, como as mãos de fada dos pianos. Por querer voar e viver o seu sonho, deixou a família poucos meses depois que a filha nasceu, talvez incompreendida ou muito jovem, agiu sem pensar nas consequências de seus atos, e hoje carrega essa culpa e não é bem vista pelos conhecidos no Brasil, todos lhe viraram as costas.
...
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Atualizado até capítulo 110
Comments
vania souza
um nódulo
foi assim que começou com minha cunhada
tem um seio só
mas é feliz depois de 7 derrames
nega guerreira que amo de paixão
mulher forte
quem vê nem imagina o que passou
2024-03-16
4
Ilnete
as vezes os jovens tomam decisões no impulso e quando chegar certo tempo coloca a culpa na idade, eu era muito jovem não pensei direito 😞,Ai vem as consequências e o arrependimento junto, mas eu acho que Leo vai perdoar ela depois
2025-02-10
0
Flor De Liz Soares Souza
até que enfim uma história onde a mãe é quem rejeita a filha e não ao contrário
2024-11-29
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