Capítulo 15

Leonardo se instalou no quarto principal, posteriormente saiu para verificar como estavam as coisas e o andamento para o churrasco que aconteceria no dia seguinte. Na casa ficaram apenas ele, Manu, Alyna e dona Rita, o restante se distribuiu nas demais.

Leo - Boa noite!

Ele entrou na cozinha e dona Rita estava sentada à mesa tomando um copo de leite quente com biscoitos.

Rita - Quer alguma coisa, filho?

Leo - Não, pode ficar à vontade.

Rita - Já tá tudo resolvido para o churrasco amanhã.

Leo - Ótimo!

Pegou um copo com água e se escorou no balcão para tomar de pernas cruzadas.

Rita - O tempo deu uma esfriada.

Leo - A fazenda é perto da serra, natural que durante a noite fique com esse clima.

Tomou mais um gole de água.

Leo - Onde ela está?

Rita - Ela quem?

Leo - A mãe da minha filha.

Rita - No penúltimo quarto.

Leo - Hum…

Rita - Pensei que ia colocá-la na casa das visitas.

Ele balançou a cabeça em negativo e virou o copo tomando o restante da água.

Leo - Ela é a mãe da minha filha, faço isso pela Manu.

A governanta não se aguentou e sorriu, ele a olhou não entendo os risos e ficou encarando-a esperando uma resposta.

Rita - Desculpa.

Leo - Quer me dizer alguma coisa, dona Rita?

Ele reforçou a pergunta.

Rita - De maneira nenhuma, eu só queria comentar, mas só se me permitir.

Leo - Depende do comentário que vai fazer.

Rita - Então acho melhor eu nem fazer.

Ele fungou e deu alguns passos para sair da cozinha, mas parou perto da porta.

Leo - Pode falar.

Rita - Na realidade, é um elogio. A mãe da Manu é muito linda, com certeza a jovem mais bela que meus olhos já viram.

Ficou um silêncio na cozinha, dava para se ouvir o som dos sapos lá fora. Leonardo apenas saiu da cozinha e seguiu para o alpendre e deu a volta em toda casa. Ao olhar além, nota-se com nitidez a névoa tomando boa parte do terreno que envolvia o casarão.

Manu - Papai.

Ele virou para o lado e encontrou a filha coçando os olhos e bocejando.

Leo - Você acordou, meu amor…

Manu - Sim! Eu posso ir olhar as vaquinhas no pasto?

Leo - Agora não, estamos a noite ainda.

Manu - Mas eu estou com saudades delas.

Leo - É, mas agora não pode, elas estão dormindo.

Ela bocejou mais uma vez e olhou para a piscina.

Leo - Quer dar uma volta comigo?

Manu - Sim.

Ele olhou para os pés dela.

Leo - Vá calçar os chinelos primeiro.

Manu - Eu quero ir assim.

No instante ele iria questionar, mas deixou para lá e começou a caminhar até o deck. Manu ficou perto da piscina olhando fixamente para água sem falar nada, queria ficar quieta, os dois queriam ficar quietos e curtir aquele momento que a noite estava os proporcionando.

Manu - Olha papai, o lago foi todo coberto por névoa.

Leo - É, eu já tinha reparado. Bonito, né?

Manu - Aham...

Ele sentou numa espreguiçadeira e deitou olhando para o céu.

Leo - Quer ficar aqui comigo?

Ela sorriu e deitou no peito do pai, logo fechando os olhos.

...

No quarto, Alyna acordou e olhou a hora no relógio, ainda não era nem meia noite, sentou na cama e percebeu que não tinha vestido um traje de dormir, do jeito que entrou no quarto, deitou e apagou.

Ela boceja e levanta-se, puxa a mala que estava no canto e põe em cima da poltrona, abre e procura um pijama. De imediato, encontrou uma camisola confortável de bichinhos, tirou a roupa que estava e vestiu o de dormir.

Alyna - Pronto, muito mais confortável.

Depois disso, saiu do quarto e deu uma voltinha pela casa, matando a saudade do ambiente que tanto gostava, era muito aconchegante e prazeroso estar de volta.

Entrou na cozinha e estava meio escuro, ela acendeu as luzes do cômodo e abriu a geladeira procurando algo para comer. Tinha muita coisa gostosa, então deduzi que foi feito mercado para a chegada deles.

Alyna - Nossa, doce de mamão. Hummm... Ah... eu não posso comer doces, meu médico proibiu. Mas só um pouquinho não vai fazer mal e nem bem, então...

Ela abriu a gaveta de talheres e pegou uma colher, colocou o pote de vidro em cima do balcão e tirou uma colherada generosa do doce. Depois guardou e saiu andando comendo aos poucos para não acabar tão rápido.

Ao sair para o alpendre, sente uma corrente de ar se chocar em seu rosto, fecha os olhos para sentir o vento percorrer a sua pele desnuda e sorri. A sensação era de vida, de paz, de qualidade de vida.

Ela lambeu a colher se dando conta que o doce havia acabado, mas não foi pegar mais, avançou para a área do deck e ficou parada na borda da piscina, olhando o nevoeiro dominando uma vasta área. Sua atenção é interrompida por alguém pigarreando, ela virá e nota que Leonardo estava deitado em uma das espreguiçadeiras com a filha.

Alyna - Nossa, que susto!

Ela leva a mão ao peito, ele continuou calado com o rosto debruçado sobre a cabeça da filha.

Alyna - Eu não sabia que vocês estavam aqui.

Ele somente a olhava sério.

Alyna - Tá muito frio para a Manu está no relento, não acha?

Leo - Eu sei o que é bom ou não para a minha filha.

Alyna - Claro que sabe, cuidou dela até agora, eu só...

Ela desvia o olhar para o chão e sai da borda da piscina, segurando a camisola para o vento não balançar o tecido.

Alyna - Eu já vou entrar, tá frio aqui.

Manu abre os olhos.

- Mãezinha?

A voz da pequena saiu fraquinha e rouca devido ao sono. Alyna sorri e ajeita o cabelo juntando para fazer um rabo de cavalo, mas outra corrente de ar se choca em seu corpo outra vez fazendo sua camisola levantar.

Alyna - Meu Deus!

Apareceu a calcinha e Manu deu muita risada da cena, Alyna soltou os cabelos e prendeu o tecido contra seu corpo com as mãos.

Manu - A sua calcinha é branca, mamãe.

Ela olhou para Leonardo que continuava a encarando sem dizer nenhuma palavra, ele apenas a olhava e nada mais.

Alyna - Vou me recolher, boa noite!

Ela corre e entra no casão.

Manu - Espere mamãe, eu vou dormir com você.

A menina saiu dos braços do pai e correu para alcançar a mãe, Leonardo apenas fechou os olhos perdido em seus devaneios.

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