As duas amigas iriam almoçar no hotel, mas decidiram descer até o final da rua e comer em uma churrascaria. Escolherem uma mesa do lado mais calmo e pediram seus pedidos, que não demorou muito e o garçom trouxe.
Giovana - Pena que você vai passar apenas três meses no Brasil, eu estou besta com a sua história.
Alyna colocou um pouco de arroz e feijão no prato, em seguida a carne.
- Desde que fui embora sem ao menos dizer adeus para a minha família, tudo aconteceu de ruim na minha vida, inclusive a doença.
Giovana - Mas você tá curada, certo?
Alyna - Uhum...
Giovana - Isso é o que importa, o resto a gente tenta correr atrás do prejuízo.
Alyna - A única coisa positiva que aconteceu depois que eu fui embora foi ter destaque na minha profissão de pianista.
Giovana - Nossa, que chique!
Alyna deu meio sorriso de lábios fechados, misturou a comida com os talheres e levou uma quantidade à boca.
Giovana - Que bom que você conseguiu se resolver com a sua filha.
Alyna terminou de mastigar para falar.
- Na realidade, a Manu nunca me conheceu, ela era uma bebê quando eu fui embora.
Giovana - Agora a pergunta que não quer calar, o que você tinha na cama?
Alyna - Não sei explicar, eu criei algo super grandioso na minha cabeça, o Leonardo não iria para os Estados Unidos comigo, ele estava se preparando para assumir os negócios do seu pai, Enfim...
Giovana - Sabe de uma coisa, você pode ter errado, mas quem nessa vida não erra? Você não tem que se sentir a pior mãe do mundo por conta disso.
Alyna - Muito difícil, é um sentimento que eu acho que nunca sairá do meu coração.
Giovana - Você tem que esquecer o passado e focar nas coisas boas que pretende fazer daqui para frente.
Alyna - Gostaria, mas...
Giovana - Você é uma guerreira, amiga!
Alyna - Olha, Gio...
Ela engoliu a comida e cortou mais um pedaço de carne.
Alyna - Eu sei que perdemos o contato e nossa amizade ficou no passado, entretanto, gostaria de resgatá-la para a atualidade. O que você acha?
Giovana - Eu já iria propor isso, e nossa amizade nunca morreu, apenas foi a vida e o tempo que nos distanciou devido às circunstâncias.
Alyna pegou o copo de suco de laranja e elevou no ar.
- Vamos brindar.
Giovana - Sim!
Alyna - A amizade!
Giovana - A amizade que nunca morre.
Elas chocam os copos um no outro emitindo um som de "Tim Tim" nos vidros. A conversa se prolongou por mais meia hora, Giovana pediu um táxi, se despediu e foi embora.
Como era final de semana, Alyna voltou para o hotel e aproveitou o dia para descansar a ressaca da madrugada passada. Estava apenas cumprindo o acordo que foi estabelecido pelo pai da sua filha, de não pisar na sua casa nesses dias que ele passaria com a menina.
Alyna tomou um remédio para dor de cabeça e ficou de frente para o espelho do banheiro, fitando seu reflexo cansado. Um suspiro foi solto, ela levantou o braço e começou fazer o autoexame nos seus e axila com as pontas dos dedos das mãos.
Alyna - Ah...
Ela fechou os olhos por um curto período de tempo e os abriu novamente.
Alyna - Eu tenho que parar com essa neura, estou curada, estou bem.
Numa tentativa de colocar isso na cabeça, Alyna começou a repetir para si mesma, talvez uma maneira de se convencer que não precisava temer, ela fechou os olhos outra vez, mas dessa vez começou uma oração em silêncio agradecendo a Deus por essa vitória.
O celular dela começou a tocar do quarto, Alyna não atendeu no primeiro momento, apenas depois que finalizou as suas orações. Fez um rabo de cavalo e adentrou o quarto pegando o celular dentro da bolsa, como não conhecia o número, deduziu que poderia ser da casa do Leonardo e retornou a ligação.
Manu 📱 - Mamãe?
Alyna 📱- Filha! Aconteceu alguma?
Ela perguntou isso, pois tinha deixado o número numa folha de papel e guardou dentro da gaveta da cômoda da filha, mas disse que Manu só poderia ligar caso precisasse, algo urgente, já que não queria atrapalhar os dias do final de semana com o Leonardo.
Manu 📱- Não, é que...
A voz dela estava muito baixa, era como se estivesse escondida em algum canto fechado da casa.
Alyna 📱- Onde você está?
Manu 📱- Na... na...
Alyna 📱- Filha?
Manu 📱- Eu estou me escondendo, não quero que o papai me encontre.
Alyna 📱- Mas porque?
Manu 📱- Ele quer me levar para a fazenda, eu não quero ir.
Agora Alyna entendeu, e também sabia de que fazenda a filha estava falando, ficava no nordeste, era um dos refúgios da cidade grande que o pai de Leonardo usava durante boa parte das férias quando ainda era vivo.
Alyna 📱- Filha, vá com o seu pai.
Manu 📱- Mas mamãe, eu quero ficar com você.
Alyna 📱- Você já deve ter ido algumas vezes lá, certo?
A pequena ficou calada.
Alyna 📱- Sabe que é um lugar muito verde, muito bonito, tem alguns animaizinhos...
Manu 📱- Eu gosto de lá, tem vaquinhas.
A mãe sorriu fraco com a voz chorosa da pequena.
Alyna 📱- Como está o seu braço?
Manu 📱- Tá bom.
Alyna 📱- Graças a Deus! Lembre-se de não fazer muita arte, não quero que se machuque.
Manu 📱- Mãezinha?
Alyna 📱- Hum...
Manu 📱- É o aniversário do meu pai amanhã.
Ela fica pensativa e pega uma pequena agenda que estava dentro da bolsa e verifica a data, comprovando.
Alyna 📱- Tá vendo? Mas um motivo para você ir junto, é só o final de semana. Me promete que vai sair desse lugar que você está escondida?
Manu 📱- Tá, mas eu não vou, queria que você fosse junto para cuidar de mim.
Alyna 📱- Filha, por favor!
Manu 📱- Tá bom, eu vou.
Alyna 📱- Eu te amo!
Essa foi a primeira vez que a pequena escutou um eu te amo da mãe, assim tão doce e verdadeiro. Dava para se ouvir o choro fraquinho do outro lado da linha, Alyna se emocionou e também chorou, mas não demonstrou para a filha, colocou o lençol para tampar qualquer som ou ruído da sua parte.
Manu 📱- Eu também te amo, mamãe.
Depois da conversa que teve com a filha, Alyna sentou na cama e ficou bisbilhotando a agenda que guardava várias anotações, inclusive todas as datas de aniversários de pessoas importantes para ela. Acabou cochilando com ele aberto em seu peito, mas acordou com batidas na porta do quarto de hotel.
Alyna - Só um segundo.
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Atualizado até capítulo 110
Comments
Vilma Alice
NA BIBLIA DIZ:NÃO JULGUEIS O OUTRO PARA NÃO SERDES JULGADO.
Aprendi com a minha mãe que era uma pessoa muito sábia,mesmo tendo pouco estudo que:"a vida do outro/outra/ só a eles pertence e nós já temos a nossa para cuidar.Não julgo e nem comento a vida de seu ninguém pois,sou tão falha e insignificante como todos e só Deus pode nos julgar.A Alyna errou???Sim e errou feio maaaaasssss,quem não erra nessa vida????
2024-03-17
20
Edi Chaves
O pior que tem pai que faz pior é ninguém fala nada mais quando é a mãe é a pior pessoa do mundo. Aaa pelo amor né?
2024-05-17
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Fatima Vieira
ele ainda gosta dela
2024-04-01
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