Leonardo acabou dormindo mais que o esperado, quando acordou já passava das 19 horas, desesperado e um tanto quanto atordoado levantou bruscamente da cama sem rumo, esquecendo até a direção do banheiro.
- Pesadelos?
Uma voz feminina o faz parar e olhar na direção da porta, Bruna estava escorada na aduela da porta de braços cruzados e o encarando com um sorriso bobo nos lábios.
Leo - Quanto tempo você está aí?
Bruna - O suficiente, estava admirando você dormindo.
Leo - Hum...
Ele entra no banheiro e lava o rosto no lavabo, Bruna entra junto e fica atrás, olhando-o pelo reflexo do espelho.
Bruna - Como a Manu está? Te liguei o dia inteiro querendo notícias e você não atendeu nenhuma das minhas ligações.
Leo - Estava descansando, acabei capotando e dormi praticamente o dia inteiro.
Ele ergueu a cabeça olhando-a pelo espelho.
Leo - Ela está melhorando, fez a cirurgia e correu tudo bem.
Bruna - Ainda bem!
Ela se aproximou e pegou uma toalha o entregando para que pudesse enxugar o rosto.
Bruna - Fiquei muito aflita quando fiquei sabendo do acidente, eu não iria vir esses dias, só depois do ano novo, mas não queria te deixar sozinho nessa.
Fica um silêncio entre eles, Leonardo sai do quarto enxugando o rosto e entra no closet, tirando a roupa confortável que estava e vestindo outra para poder ir passar a noite no hospital.
Bruna - Eu sei que não estamos na nossa melhor fase do nosso relacionamento, mas eu gosto tanto de você.
Ela desvia o olhar para o chão, Leonardo sai do closet abotoando a calça jeans e a olha sério.
Leo - Não quero que pense que eu não gosto de você, pois eu gosto sim e muito, só que com o acidente da minha filha não poderei te dar atenção.
Bruna - Eu sei, nunca vou reclamar atenção sua ou disputar ela com a Manu, eu gosto muito daquela menina.
Ele faz positivo e senta-se na poltrona para calçar os sapatos.
Bruna - Só queria que você ficasse bem.
Leo - Eu estou bem.
Bruna - Não, você não está.
Leo - Não se preocupe comigo Bruna, eu estou bem sim, se não tiver tudo ficará, eu não vou permitir que nada me abale.
Ela deu meio sorriso tímido e se aproximou, agachou e apoiou os braços nas pernas dele.
Bruna - Por que você é tão fechado? Tão sério? Nunca te vejo sorrindo por algo engraçado ou animado por momentos bons.
Ele a encara por longos cinco segundos e afasta os braços dela, em seguida se levanta e pega o celular que estava em cima da mesinha de cabeceira. Só se escutou o som do forte do suspiro da Bruna lamentando não ser nenhum pouco prioridade na vida dele.
Leo - Já jantou?
Ela balançou a cabeça em negativo, mais uma vez Leonardo não respondeu diretamente o motivo da sua tristeza, mas Bruna tinha quase certeza que ele se tornou fechado assim pelo abandono na ex-esposa, nem precisava se aprofundar na história para saber que ele nunca superou.
Bruna - Não.
Leo - Quer jantar comigo? Irei comer e depois vou para o hospital, a Inês já ficou praticamente o dia inteiro com a Manu, não quero que ela se esforce tanto, já é uma senhora.
Bruna - Claro que sim, vou lhe fazer companhia.
Ela sorriu e se aproximou, segurou os quadris dele e ficou de pontas de pés para alcançar os lábios dele, assim trocaram um selinho demorado. Posteriormente os dois saíram do quarto e caminharam pela mansão até a sala de jantar. Rita, a governanta era a única funcionária que ficava à noite, fora os seguranças no seu posto na portaria.
Leonardo era um homem que gostava muito da sua privacidade, se fosse para escolher, moraria em um lugar mais simples com apenas a Rita de funcionária, mas era um homem poderoso e temia pela a segurança da sua filha, sempre lhe deu o melhor que o mundo pode oferecer, mas deixando claro que nada na vida é fácil.
Rita - Querem sobremesa?
Ele disse que não, mas Bruna aceitou de bom grado uma deliciosa torta de merengue, sabor morango. Depois disso, ela foi embora e Leonardo seguiu caminho para o hospital. Durante o trajeto ele ligou o som do carro para escutar as notícias do dia na rádio.
Ao parar no sinal, apoiou o braço esquerdo na porta e levou a mão no queixo olhando fixamente para a luz vermelha do farol do carro na frente, na realidade, somente sua visão estava parada ali, seus pensamentos lhe projetaram para o passado não tão distante.
De repente, na rádio começou a tocar uma música nostálgica do Roberto Carlos, ele iria mudar de estação e sincronizar em outra, mas desistiu e ficou ouvindo e apreciando a letra.
🎵 Roberto Carlos - Tudo Pára.
Suas lembranças retornam trazendo momentos bons, lembrou dos pais que eram fãs do cantor e principalmente da primeira noite de amor que teve com Alyna, foi algo tão incrível e sublime que jamais seu subconsciente permitiu que essa memória fosse apagada.
O sinal abre, Leonardo acelerou e seguiu reto pela fria noite e misteriosa, as ruas ainda estavam iluminadas e decoradas com enfeites de Natal. Dezembro tinha os seus encantos e uma beleza diferenciada do restante dos outros meses do ano, tinha uma magia boa.
Minutos depois, ele chegou no hospital, estacionou o carro na garagem e subiu para o andar onde a filha estava internada. Ao abrir a porta presenciou dona Inês tirando um cochilo na poltrona perto da janela que dava para o pátio, se aproximou e a tocou de leve no ombro.
...
Nova York.
Alyna já estava arrumada e de malas prontas, pegou uma jaqueta que estava em cima do sofá e vestiu. A campainha tocou, ela correu e abriu a porta, Dimitri estava com um sorriso simpático e ao mesmo tempo triste no rosto, não queria se despedir da mulher que estava apaixonado.
Dimitri - Estou atrasado?
Ela sorriu.
Alyna - Claro que não, ainda tenho um tempinho sobrando até o horário do meu voo.
Ele a beijou no rosto e pegou as malas, descendo com elas colocando-as no porta-malas do seu carro que estava parado de frente para o prédio que Alyna mora. Quando chegaram no aeroporto, Dimitri ficou com ela até o horário do voo.
No momento da despedida, ela ficou um pouco chorosa pois o considerava um grande amigo, e Alyna não gostava de despedidas, tanto que quando foi embora do Brasil, não disse adeus, apenas foi embora.
Dimitri - Qualquer coisa, me ligue.
Eles se abraçaram.
Dimitri - Não importa a hora, não pense, quando precisar pode me ligar.
Alyna - Obrigada por tudo, eu volto!
Ele sorriu e a beijou no topo da cabeça.
Dimitri - Boa sorte com a sua filha, espero que ela fique bem.
Ela agradeceu mais uma vez e seguiu para a porta de embarque, até sumir completamente do campo de visão de Dimitri, que mirou o chão triste, deu meia volta e colocou as mãos dentro dos bolsos saindo do lugar, caminhando sem pressa.
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Atualizado até capítulo 110
Comments
Celia Aparecida
estou lendo essa história pela segunda vez e só quem já léu pode interpretar e intender o que realmente aconteceu com aylina
2025-03-27
1
Madeline
ela só me decepcionou....
2025-01-01
2
mara souza
Alyna é egoísta, nem teve consideração com o marido e a filha ao sair do país.
2024-12-06
2