No primeiro dia do ano, Alyna acordou ao amanhecer e saiu de fininho do quarto para tomar uma caneca de café forte no refeitório. A dor de cabeça estava a incomodando bastante e vinha em forma de pontadas, resultado do stress que passou na madrugada.
Precisava voltar para o hotel e tomar um banho, mas se recusava sair sem falar com a filha antes, era muito importante dizer que iria voltar. Entrou no elevador e apertou no botão do andar, enquanto ficava prestando atenção nos números passando, um filme do seu parto rebobinava na sua cabeça, ainda conseguia ouvir o primeiro choro da filha ao nascer. Na cena, Leonardo estava ao seu lado acompanhando tudo bastante emocionado.
A porta do elevador se abriu, duas pessoas dão bom dia e entram, ela respondeu com simpatia e saiu acelerando os passos no longo corredor de paredes de cores brancas. Na volta ao quarto teve uma surpresa, digamos não muito boa, pois sua tia Inês estava lá.
Alyna - Bom dia!
Ela falou baixinho e entrou no quarto evitando contato visual. Como sempre, Inês a olhava com uma expressão julgadora.
Inês - Então você recebeu a minha mensagem.
Alyna - Sim, inclusive retornei para a senhora e...
Inês - Não precisa explicar nada, você já está aqui, e é o que importa.
Alyna estava visivelmente tensa, um lado do seu olho estava tremendo sem parar.
Inês - O Leonardo me contou que você aceitou a proposta dele de ficar um tempo com a Manu.
Ela confirmou.
Inês - Hum...
Alyna olhou para a porta do banheiro, pois o Leonardo não estava no quarto, porém não perguntou nada.
Inês - Ele já foi.
Alyna - Hã?
Inês - Espero que cumpra o que prometeu e não vá embora outra vez sem se despedir da Manu.
Alyna - Eu não irei, tia.
Inês - Não me chame de tia, deixei de ser desde o dia que você foi embora.
Alyna - Perdão, eu me arrependo muito.
Inês - Agora é tarde!
Alyna mirou na filha dormindo e se aproximou, acariciando levemente o rosto da menina.
- Vejo que todos me vêem como um monstro.
Inês - Você que procurou isso.
Alyna - Eu estou desarmada almejando uma convivência, mas terei que enfrentar muita coisa ainda.
A tia fez negativo com a cabeça.
Inês - Por que você não voltou? Se realmente tivesse se arrependido não teria mantido essa palhaçada.
Alyna - Aconteceu muitas coisas, e eu tentei uma comunicação com a senhora e com ele, mas vocês me ignoraram.
Inês - Ah, não me venha com abobrinhas, eu não acredito em nada que sai da sua boca, você é uma vergonha!
Nesse momento, Manu acaba acordando e dando de cara com a mãe, isso foi motivo suficiente para arrancar sorrisos do rosto da menina. Pois parecia que tinha visto o sol, sentindo-se iluminada e aquecida pela presença de Alyna.
Manu - Mamãe!
Exclamou eufórica, a dona Inês ficou observando a cena.
Alyna - Oi, bom dia!
Ela beijou o topo da cabeça da menina.
Manu - Olha, titia!
Ela apontou para a mãe.
Inês - Eu já a conheço minha querida, é a sua mãe.
Manu - Eu tenho uma mãe agora.
Inês - Sim, você tem!
Confirmou e olhou para a sobrinha.
Inês - Não a decepcione.
Alyna - Eu não irei.
Dona Inês tinha ido passar o dia com a Manu, mas a menina cismou e não queria deixar a mãe ir para o hotel de forma alguma, até ameaçou chorar. Não tendo outro jeito, Alyna permaneceu de acompanhante o dia inteiro, mas a tia também ficou, pois Leo não confiava na mãe da sua filha sozinha com ela.
O dia basicamente foi de exames para saber se estava tudo certo com as cirurgias feitas, e para felicidade de todos, Manu estava se recuperando melhor que o esperado.
Os dias foram se passando e Leonardo quase não via a Alyna, ele fazia questão de chegar no hospital só depois que ficava sabendo que ela já tinha saído, e hoje não seria diferente.
Para abrilhantar a sua noite, Leonardo falou com o médico responsável pelo quadro de saúde da Manu, e o doutor prometeu que a menina receberia alta no começo do final de semana.
Leo - Oi, princesa!
Ele deu umas batidinhas de leve na porta e entrou no quarto, a filha estava sentada na cama tomando um prato de sopa.
Manu - Oi papai!
A enfermeira que estava do lado, pediu licença e saiu do quarto.
Leo - Tenho uma excelente notícia, adivinha?
Ela sorriu e tomou outro colherada da sopa.
Leo - Você vai receber alta esses dias.
A pequena ficou calada e desmanchou o sorriso ficando tristonha, o pai não entendeu o comportamento e quis saber do porquê.
Leo - Não gostou da notícia?
Manu - Eu não irei mais ver a minha mamãe?
Agora ele entendeu a reação da menina, pois ela acha que a única maneira de ficar perto da mãe é continuar internada no hospital.
Manu - Eu não quero ir embora.
Ele franziu o cenho e se aproximou, por perceber que Manu estava com dificuldade para comer e tomar o suco com apenas uma mão, Leonardo abriu a tampa do suco e colocou o canudo.
Manu - Vou ficar aqui para sempre!
Leo - Como? Mas isso é um absurdo!
Manu - Quero ficar com a minha mãe.
Ele se manteve sério olhando-a.
Leo - Olha Manuela, não é porque você está operada que irei aceitar malcriação.
A menina para de comer e começa a chorar em silêncio, dava para ver os ombros dela se mexendo. Leonardo ficou sem saber o que fazer nessa situação, estava em um beco sem saída, ficou calado por um longo tempo apenas pensando no que faria, não queria que Alyna ficasse mais do que isso.
Leo - Coma o resto da sopa.
Manu - Não estou com fome.
Leo - Mas você precisa comer para ficar forte e sua imunidade não baixar.
Manu - Cadê a minha mamãe?
Leo - Ela já não passou o dia com você?
Manu - Mas, mas...
Leo - Não gosta mais da minha presença, filha?
Ela leva a mão à boca com vergonha, Leonardo estica o braço e a faz tirar.
Leo - Me responda, filha!
Ele a olha um tanto quanto magoado, mas a menina contornou a situação.
Manu - Eu... eu amo vocês dois.
Leo - E então...
Ele ergueu uma sobrancelha.
Manu - Eu sempre vou ter você, papai, mas a minha mãe, não.
Leo - Como assim?
Manu - Não quero que seja como antes, quero a minha mãe também.
Leo - Já conversamos sobre isso, filha! Sua mãe tem a vida dela em outro lugar e mais cedo ou mais tarde terá que retornar.
A menina amassou os lábios, segurando o choro e virou o corpo para o lado, fitando a janela.
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Atualizado até capítulo 110
Comments
Quase cinquentona
Se era para a filha ter a mãe,somente enquanto estivesse no hospital, então que não tivesse chamado !!!! 🥴
A criança vai sofrer mil vezes mais!!!!! 🥴
2024-02-16
55
CRB
Eu tô com a impressão que tem mais coisa aí. Não é possível que ela abandonou a filha pra ser pianista não tem nenhum sentido.
2024-05-21
0
Imaculada Abreu
E só ele deixar de ser intolerante com a filha e deixar ela conviver com a mãe.
2024-04-27
0