Meio grogue de sono, Alyna levantou pensando ser alguém do hotel, mas era Leonardo que estava com uma expressão não muito boa a encarando.
Alyna - Como você subiu até aqui sem a minha autorização?
Leo - Eu subo a hora que eu quiser, sou o dono desse hotel.
Alyna - Mas...
Leo - A noitada foi boa? Você está péssima.
Ele entrou sem ser convidado e parou no meio do quarto.
Alyna - Eu não quero brigar.
Leo - Nem eu.
Ela suspirou em derrota e fechou a porta.
Alyna - O que você quer?
Leo - O que você falou para a minha filha?
Alyna - Hã?
Leo - Ela não quer viajar de jeito nenhum e eu sei que tem dedo seu em toda essa história.
Alyna - Eu não falei nada.
Leo - Arrume suas coisas.
Alyna - E por que? Vai me levar para um lugar distante e vazio e dá cabo da minha vida?
Essa brincadeira não pegou bem, o deixando ainda mais furioso.
Leo - Você vai ter que ir para a fazenda e cuidar dela, já que encheu a cabeça da menina.
Alyna - Eu não irei para lugar nenhum.
Ele arqueou uma sobrancelha.
Leo - O que disse?
Ela se aproximou encarando-o penetrante nos olhos.
Alyna - Eu disse que não irei a lugar nenhum com você.
Leo - Ah... agora sim a pianista avulsa está aparecendo.
Alyna - Escuta aqui Leonardo, eu não sou nenhum peão de mandado seu para me tratar de maneira tão rude.
Leo - Hum...
Leonardo não desviou os olhos dela dessa vez, já que Alyna fez questão de o encarar, não seria ele o covarde e fugir.
Alyna - Você usa meus próprios erros para me punir e torturar, eu sei que nunca vai me perdoar, então desisti de conversar com você sobre esse assunto, é algo que não tem mais jeito. Estou aqui ainda exclusivamente por causa da minha filha e nada mais. Mas não vou aguentar ser o seu capacho, isso já tá passando dos limites.
Leo - Ótimo, então não vá! Você nunca se importou com ela e agora quer ser exemplo de mãe? Você não é mãe dela.
Alyna - Ah não? E quem é por acaso?
Ironizou.
Leo - Mãe não é quem cria, eu sou pai e mãe.
Mais uma vez a sensação de culpa e arrependimento invadiu o lado crítico e humano de Alyna. Era difícil admitir, mas ele tinha razão.
Leo - Não é fácil olhar para a sua cara e fingir que está tudo bem, na realidade, estou permitindo a sua convivência com a Manu, por amor a ela.
Ele fraqueja ao falar.
Leo - Quero que ela realmente tenha uma mãe. Você não sabe como foi difícil para mim quando tinha datas específicas na escola. Nos dias das mães, a Manu era a única criança na sala dela que não levava a mãe, eu tive que fazer esse papel...
Ele não continuou.
Alyna - Eu pensava nisso todos os dias.
Leo - Onde você estava esse tempo inteiro?
Ela abaixou a cabeça.
Leo - Como você pôde ir embora daquela maneira, sem dizer um adeus ou um até logo? Perdi várias noites tentando achar uma resposta plausível e não encontrei nenhuma até hoje.
Alyna - Eu não tenho respostas para isso.
Leo - Não tem justificativa você falar que seguiu os seus sonhos, pois eu jamais iria te impedir de conquistá-los, nunca! Você me conhecia o suficiente para saber que eu daria um jeito.
Alyna - Eu...
Leo - Para Alyna, nada que você me falar vai mudar essa história.
Alyna - Eu sei.
Leo - Aquele homem que você conhecia morreu no dia que você foi embora.
Ele tirou um papel dobrado de dentro do bolso da calça e jogou em cima da cama.
Leo - Encontrei isso na cama dela hoje cedo.
Sem querer continuar ou prolongar uma conversa que provavelmente não teria fim, Leonardo deu meia volta, abriu a porta e foi embora. Alyna permaneceu no mesmo lugar com os ombros encolhidos.
Alyna - Deus...
Segurava o choro desde o momento que ele entrou pela porta, sentindo um nó na garganta e uma angústia dentro do seu peito sem limites. Deu alguns passos na direção da cama e pegou o papel desdobrando.
Manu tinha desenhado ela e a mãe caminhando em um campo verde, em um dia lindo de sol. Sua visão desce para o final da folha, onde tinha escrito uma frase mal escrita cheia de corações vermelhos em volta.
"Agora eu tenho uma mãe"
Embargada pela emoção, Alyna beija o desenho e deita na cama.
Alyna - Sim, você tem!
Ela chora alto, até aquele sentimento ruim sair de dentro do seu peito, chora até não ter mais vontade de chorar.
...
Ao chegar em casa, dona Rita informa ao Leonardo que a menina ainda estava escondida na despensa de mantimentos da cozinha, achando que ninguém tinha conhecimento de seu esconderijo.
Leo - Eu vou falar com ela.
Cansado, Leonardo fica olhando para a fonte sem dizer nada, dona Rita percebeu que ele não estava ali em pensamentos.
Rita - As malas já estão prontas, filho.
Ele fez positivo e entrou na mansão.
Manu estava dentro de uma caixa de papelão vazia brincando com um joguinho de celular. A porta se abre e ela toma um susto, mas logo a fisionomia de seu pai se mostra no semi-escuro, ele acendeu a luz.
Leo - Então aqui é o seu esconderijo?
Ela fechou o joguinho e se ajeitou dentro da caixa. Leonardo deu meio sorriso e empurrou algumas outras caixas que estavam no caminho, se aproximou e sentou perto da filha, escorando as costas no armário.
Leo - Posso te fazer companhia?
Ela fez positivo com a cabeça. Leonardo olhou tudo em volta e esticou o braço para pegar uma barra de chocolate na prateleira de cima.
Leo - Que dividir comigo?
Manu - Eu posso? Você nunca deixa...
Leo - Pode só um quadradinho desse, pega!
Ele parte e põe na palma da mão da filha.
Leo - Um pedacinho de vez em quando pode, o que faz mal e o exagero. Seu avô dizia isso, pois sempre me encontrava na despensa da fazenda comendo chocolate escondido.
A pequena abriu um sorriso e deu uma mordida na barrinha, Leonardo também, tirou um pedaço e levou à boca.
Manu - O vovô brigava com você?
Ele dobra as pernas e apoia um braço sobre elas.
Leo - Ah, sim! Me colocava de castigo. (risos)
Manu - Igual você faz comigo.
Ele confirmou e sorriu.
Leo - É, mas quando eu faço isso é para o seu bem.
Ele tirou mais um pedaço e comeu, Manu viu isso e colocou o pedaço dela inteiro na boca para comer mais rápido e pedir mais.
Leo - Não, não pode! Você está tomando remédio.
Manu - Só um pedacinho, papai.
Ele franziu a testa e balançou a cabeça.
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Atualizado até capítulo 110
Comments
Telma Souza
Concordo com o Léo. Para me não tem justificativa o que ela fez. Poderia até perdoa ela. Mais nem longe de me. Claro que ela poderia até ter contato com a filha .Afinal ela é mãe. mais perto de me. nunca mais.
2024-03-07
11
Tania Cassia
Já mudei o meu modo emocional,estou torcendo já para a LINE kkkk ele reconheceu que o seu erro e se arrependeu.Nunca é tarde para correr atrás do prejuízo, lute pela sua filha Alyne,você tem os seus direitos como mãe.
2024-01-13
20
Imaculada Abreu
Ele ainda a ama
2024-04-27
1