Obrigada, senhor, não será fácil o que contareí.
Respirou fundo, ajeitou os óculos no nariz, com o olhar demostrando o máximo de empatia que uma pessoa poderia ter por alguém desconhecido, começou a explicar sobre o acidente e as vítimas.
- Pelo que consta o ônibus de turismo perdeu o freio, o motorista tentou desviar o máximo que pode dos outros veículos.
- Ocasionando o aceleramento do ônibus, colidindo com outros automóveis, se tornando uma corrida de morte.
- Carros batendo um no outro, o caminhão de gasolina foi jogado longe, inclusive sendo o primeiro atingido pelo ônibus de turismo, abrindo um rasgo ou furo, no tanque de combustível o espalhando por toda a estrada, não explicaram direito sobre isso.
- Não havia qualquer condição de se ver após a curva o que estava acontecendo, pois acontecia no exato momento em que o caminhão pequeno com quatro pessoas, estava fazendo a curva, foi lançado pela ribanceira abaixo com tamanha brutalidade.
A senhora pausa e olha para o meu padrinho e o meu tio, como pedindo autorização para terminar de contar.
- Senhora, - fui logo falando, a minha voz era um som estridente, tão alto e tremido que sai da minha garganta de puro nervosismo.
- Por favor, conte de uma vez por todas....alguém está vivo? Posso vê-los, por favor?
Suplico com olhos marejados, o corpo inteiro trêmulo.
- Sinto muito, pelos documentos e as fotos que me apresentou, não tenho boas noticias.
Aquela senhora estava visível, provavelmente nunca deu más notícias para ninguém, ela parecia estar engasgada, travada a informação que eu merecia ouvir sem delongas.
Meu padrinho Lorenzo me abraça apertado e o tio Mikhail segura minha mão, acho que devido a careta que aquela velha senhora faz antes de anunciar:
- O senhor André Fontana teve óbito no local, os paramédicos disseram que morreu no impacto. - o ar começa a faltar.
- A senhora Joelma Amaral Fontana, ainda foi encontrada com vida, mas infelizmente teve uma parada cardiorrespiratória na ambulância; sinto muito pela sua perda.
Ela suspirou, aguardou um momento, talvez fosse o padrão para que assimilássemos a informação.
- Gostaria de um copo de água antes de continuar?
- Não, continue, apenas conte o que preciso saber.
A minha voz era só um sussurro, senti o abraço e o aperto de mão como fornalhas em minha pele gelada de suor.
- Apenas continue. - era como se o meu peito tivesse uma pedra enorme me esmagando.
- Tudo bem, então, - droga, ela olhava como se pedindo para deixar passar essa informação.
- As crianças ficaram presas nas ferragens. - engoli em seco, minha respiração começou a ficar mais ofegante, acenei que continuasse.
- Elas foram levadas para outro hospital, por ser maior e ter melhor estrutura para o caso deles...
- Como o caso deles? - padrinho e tio perguntaram ao mesmo tempo.
- O que aconteceu com os pequenos, como eles estão? - agora os dois olhavam aquela senhora com um semblante de impaciência.
- Eles foram levados com vida, porém com muitos ferimentos. - lá estava ela medindo as palavras para nós.
- As crianças tiveram múltiplas lesões, órgãos foram perfurados e o menor Eduardo, precisou ter as pernas amputadas no local. A menor Márcia teve um grave traumatismo craniano, além disso contam com múltiplas fraturas.
- O quadro deles é muito delicado. Pareceu que não usavam cintos de segurança, eles foram jogados dentro da cabine do caminhão como bonecos.
Então, ela pegou um papel impresso com o endereço do necrotério e do outro hospital, um outro papel como uma autorização para encontrar a minha família.
Nos desejou mais uma vez os pêsames e boa sorte com meus irmãos.
Perdi o chão, os meus olhos estavam marejados, só que as lágrimas não rolavam pelo meu rosto.
Fiquei estagnada e atordoada pelo que ouvi.
Levei alguns segundos, ou minutos, sei lá, suspirei, respirei fundo e decidida me levanto, vou ao encontro dos outros para dar a notícia que ainda não acreditava realmente, estava difícil aceitar essa realidade.
- Sarah, deixe que nós contamos para os outros.
- Padrinho Lorenzo, tio Mikhail, agradeço, mas acredito que sou eu quem deve contar para a Naty e os outros. Não posso me acovardar agora, ainda temos muita coisa pela frente.
Saio decidida a encontrá-los na parte que era um saguão do hospital.
Naty ao me ver, larga os braços de Keven e corre desengonçada em minha direção, acho que alguém deu outro calmante para ela.
A abraço, levo-a junto aos outros, escolhendo um local para sentá-la e poder contar tudo de uma vez para meus primos, tia e madrinha, Jacques e Julian.
- Naty não será fácil para nós, temos muita coisa para decidir, arrumar e esperar.
Minha irmã mais velha estava novamente em prantos, como dar a notícia que nossos pais estão mortos?
Como dizer dos pequenos que são nossos tesouros?
- Naty, mamãe e papai não estão mais conosco, Marcinha e o Edu estão em outro hospital, lutando por suas vidas.
- SARAH! - Naty grita caindo com seus joelhos dobrados ao chão, ela estava tendo um ataque de pânico, um ataque de histerismo, como julgá-la?
Ela está no direito de ter qualquer reação.
Eu apenas me agachei, a abracei com todo o meu amor e minha força, acabei sentada, colocando a sua cabeça no meu colo, em meio aquele saguão que até momentos antes era repleto de pessoas agonizando, chorando, gritando... agora era um saguão frio e fantasmagórico.
Após alguns minutos que estivemos ali abraçadas, Jacques e Julian me ajudam a levantar.
Enquanto Keven paga Naty no colo levando-a para longe, é o melhor para a Naty, era ela ter um momento a sós com o amor de sua vida.
Keven sabia como trazê-la de volta a realidade, tirá-la desse horror e dor que a está enclausurando.
Minha madrinha Kathya e a tia Suzi, também estavam desoladas, fragilizadas com as notícias.
Dei um sorriso para elas, me virei e pedi para irmos primeiro ao hospital, depois me dirigiria ao necrotério, meus irmãos precisavam mais de mim agora do que os meus pais.
🌺 Esse capítulo é triste, o outro será mais doloroso para as irmãs.
Marcinha e Eduardo brincando felizes retornando ao lar, não colocaram os cintos de segurança.
André preocupado com a estrada e com os pensamentos distantes, nada reparou nos seus moleques à vontade no banco traseiro.
Joelma, até pediu que eles colocassem os cintos, porém uma angústia dilacerante tomou conta de seu coração, ficando cabisbaixa por todo o caminho, preocupada com as filhas e os netos, não dando a devida atenção aos pequenos.
Esses acontecimentos estão construindo uma estrutura emocional em Sarah, levantando uma barreira de auto proteção,.
🌺🌺 Sarah precisará de todo amor, principalmente do Gregori.
Resta saber se o Gregori será o que ela precisa, e se ele aceitará também que precisará da Sarah?
Porém, precisamos entender o que acontecerá ,vivendo esse drama com Sarah.
🌺🌺🌺 Toda essa tragédia devido a má manutenção de muitos condutores, e empresas que deixam de fazê-la em seus veículos, sejam eles grandes ou pequenos, acreditando que nada acontecerá.
Porém, acontecem pequenos e grandes desastres, por falta de interesse, integridade de pessoas que por serem egoístas, acabam com vidas amadas, por não fazerem coisas simples de manutenção como os freios.
Tem ainda o uso do cinto de segurança no banco de trás, muito importante e muitas pessoas não o usam, depois não há como se rebelar com o destino.
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Atualizado até capítulo 140
Comments
Queen B.
Jesus visualizar isso foi como cortar meu coração. As vezes odeio ser assim
2024-11-08
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Queen B.
Meu Deus, é por isso que não importa! Não importa o que você tenha que fazer! Proteja suas crianças! Estão felizes? Estão, mas deixá-los vivos e bem nos deixa mais feliz
2024-11-08
1
Queen B.
Se Naty não tiver força, vai cair em um poço sem fim
2024-11-08
1