Em meio a tanto sofrimento, dor, pessoas chorando, algumas histéricas, sinto uma mão em minha cintura; assustada olho e atrás de mim, os braços de Julian me ampara.
Jacque, vem do outro lado me beijando no rosto, seus olhos brilham amor que precisava sentir.
Julian, sussurra em meu ouvido que não estamos sozinhas, não saíram do nosso lado, são apenas nossos durante o tempo que precisarmos deles.
Não precisam dizer nada, o que agradeço, não tenho condições de responder, conversar no momento é doloroso, apenas tenho foco para aguardar informações que parecem ser sigilosas, tamanho o suspense que as envolvem.
Vejo meus primos, Alberto e o Roberto, depois de um tempo, no meio da multidão, no pátio de espera improvisado pelo hospital, no intuito das pessoas não se acotovelarem no hall de entrada.
Eles, no meio de tantas pessoas, esticando os pescoços, olhando por toda parte à nossa procura.
Estendo o braço para me verem, chegam com passos apressados.
O abraço deles, o carinho me fortalece, não estamos mais sozinhas, e eles conhecem a dor de perder quem ama.
Os cinco rapazes começam a se cumprimentar e resolvem ir atrás de alguma notícia, ficando apenas Keven e a Naty que não o solta do abraço apertado para nada.
Julian preferiu estar comigo, então Jacques e Alberto foram com seus charnes arrancar qualquer informação válida que conseguissem.
Roberto, de repente chega com água, café e lanches, dispensados por mim, mas valeu para a Naty e o Keven, já estavam pálidos de desidratação e fome.
- Sarinha, tome pelo menos o café que está quente, ajudará na espera, há quanto tempo não se alimenta,ou se hidrata?
Roberto insiste para que eu beba o café, nada respondo.
Julian pega o copo e faz com que eu beba alguns goles, fazendo me sentir ainda pior, meu estômago não aceitava mais nada.
Era insuportável a espera no meio daquele caos, aqueles odores de desinfetante hospitalar me nauseavam deixando-me doente.
Todos estavam com cuidados por mim e minha irmã, eu não queria cuidados, apenas queria encontrar os meus pais e meus irmãos, acabar com essa espera angustiante.
Infelizmente, nem o charme ou a educação de Jacques e do Alberto ajudaram a ter alguma informação, sei que fizeram tudo o que podiam.
Quem sabe, o charme deles, fizessem com que as enfermeira nos trouxessem notícias mais rápido?
Estava de pé desde que chegamos, nem vi as horas passando.
O tempo era como se estivesse parado, em um quadro que não se movia, apenas sentia a mudança de ares, começando a esfriar e formar nuvens escuras e pesadas.
Por incrível que pareça o pátio começou a esvaziar, pessoas saíam chorando, outras carregadas pelas emoções aflorados, outras ainda ficavam.
Agora, tentando se esconder da garoa teimosa em nos fazer sentir piores do que já estávamos, as nuvens choravam nossa agonia, nos mostrando que éramos impotentes na espera de saber sobre a vida ou a morte.
Há um bom tempo, percebi a andança de funcionários percorrendo de grupos em grupos de pessoas, perguntando se eram familiares de vítimas.
Não chegaram a mim e a Naty, porque Jacques e Alberto sempre os paravam antes.
Dessa vez, uma senhora de óculos grossos, cabelos grisalhos em um coque bem arrumado, terninho social próprio para ocasiões funestas foi se aproximando.
Antes que qualquer um me impedisse, cheguei até ela.
Olhando com olhos de pura pena, olhos de quem contará uma desgraça velada, que gostaria de repassar a função para outro funcionário, tal a magnitude do acontecimento.
- Boa tarde! - veio ela com voz calma em um tom aprazível, com muito cuidado ao falar.
- Você, está a espera de informações de quantos dos seus familiares? Com algumas vítimas conseguimos algum tipo de documento que estavam com elas.
- Pode me dizer os nomes completos, se houver fotos atuais ajudaria bastante.
Ela dizia as palavras com tanto cuidado, talvez assim para ela fosse mais humano e menos difícil de suportar o sofrimento alheio.
- Senhora, são quatro pessoas, sendo meu pai André Fontana, minha mãe Joelma Amaral Fontana e meus irmãos menores, Márcia Fontana e Eduardo Fontana.
Com o celular em mãos, fui mostrando cada um conforme anunciava seus nomes.
Estava tão nervosa, minhas mãos tremiam tanto, que quase não consegui mostrar as fotos para aquela senhora.
Ela me olha de alto a baixo, me analisando, quase perdi a paciência com o demora de sua resposta.
Aquela senhora, estava com um tablet em suas mãos, pedia para rever as fotos dos meus irmãozinhos, mexia e remexia a tela daquele aparelho, eu estava quase arrancando dela.
Estava impaciente, quando senti uma mão em minhas costas, e uma voz sonora e conhecida falar por cima de meus ombros.
- Querida, deixa que agora eu e Mikhail assumimos daqui por diante.
Padrinho Lorenzo foi passando à minha frente, começando a conversar com a senhora gentil das informações.
- Padrinho, não, eu tomo a responsabilidade, enfim, eles são a minha família, tenho o dever de cuidar deles.
Olho para ele e para o tio Mikhail, mostrando que não estava pedindo, que estava sim, tomando o meu direto de saber o que havia acontecido com eles.
- Sarinha, por favor, vá com a sua madrinha e tia, isso não é para você assumir, não é preciso passar por algumas coisas.
- Não, padrinho Lorenzo, sou eu quem deve assumir.
- Senhora, pode falar, eu estou preparada para tudo.
Como viu que não adiantava me expulsar das informações, me abraçou e os três juntos começamos a prestar atenção no que a mulher tinha a nos contar.
- Senhorita, quer então me acompanhar? Será melhor conversarmos lá dentro, onde poderei expor tudo o que preciso contar e sairemos um pouco dessa garoa.
- Senhora, não me importo com a garoa, apenas quero que conte aonde estão a minha família.
Eu falava, ela com meu padrinho e tio me empurravam porta adentro do hospital.
Sem perceber, acabei dentro de uma salinha.
Apenas nós quatro, num cubículo, sem garoa, sem agitação das outras pessoas que também aguardavam ansiosas, qualquer informação que acabasse com a espera angustiante.
Sentamos nos sofás que ali existiam, a senhora veio sentar-se ao meu lado, com o tablet em suas mãos, numa paciência, já estava me enervando, quase arranquei o aparelho de sua mão para eu mesma conferir tudo.
- Como sabem, estamos em colaboração com os outros hospitais e o necrotério.
- Esse acidente foi o maior em proporções de vítimas desde que esse hospital foi inaugurado, há mais de trinta anos.
- Estamos fazendo o possível e o impossível para lidarmos com tamanha tragédia
Tudo era uma calmaria para essa senhora, provavelmente, nunca teve esse horror em sua vida.
Estava a ponto de gritar de desespero, pois ela enrolava para contar o que precisava saber.
- Senhora, por favor, nos conte logo sobre a mina família, deve haver alguma notícia, caso contrário não nos chamaria até aqui, a espera é dolorosa. - já implorava para que não nos enrolasse mais.
- Calma, Sarah, deixe-a ter o tempo necessário para nos contar, seja paciente um pouco mais.
Lógico, padrinho Lorenzo sabia que a notícia não deveria ser boa, por isso todo esse cuidado para falar conosco.
🌺 É muito difícil ter calma nessas horas, só o padrinho dela mesmo para ser seu amparo.
Só Lorenzo e Mikhail, para conseguirem frear a compulsão que toma conta de Sarah, em querer sair pelo hospital à procura da sua família.
Sarah sofrerá as consequências que o destino lhe trouxe, terá que ser forte por ela e por Naty.
Ainda não sabemos sobre o Gregori.
Será que ele conseguiu sobreviver a toda traição que eles sofreram?
🌺🌺 Entendo que é angustiante, muito tenso, podendo ser chato o que Sarah está vivendo.
O sofrimento relatado, o amparo dos familiares, o padrinho e o tio querendo assumir tudo que pudesse livrar a afilhada de sofrimento , Sarinha não aceitando ficar de fora de todo processo.
Fiquei muito tempo, dias conversando com os personagens, chorando com eles (sim, na história eles criaram vida), analisando se descrevia, ou não todo esse drama.
Enfim, depois de muito meditar, ficar sem dormir à noite, junto com os personagens, na verdade, eles me convenceram de que era necessário mostrar esse lado feio, doloroso para que a trama tivesse sentido.
Sendo preciso essa demonstração de conflitos emocionais, perdas, lutas consciências que surgirão no decorrer dos capítulos.
Muitas coisas estão em jogo, Sarah e Gregori precisarão de muito amor para curar o que está por vir!
E, podem acreditar que a história deles, será como um conto de fadas, após todo esses tormentos que precisaram passar, para darem valor ao verdadeiro amor!
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Atualizado até capítulo 140
Comments
Queen B.
Assim espero, porque não é possível que a vida seja só desgraças
2024-10-26
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Queen B.
É a vida amiga, não tem como fugir. A gente até tenta, mas não adianta. quanto mais se foge, menos se evita
2024-10-26
1
Queen B.
Como sempre, né? A vida parece que quer esfregar na nossa cara que não temos direito nem de ser fracos
2024-10-26
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