Senti que a linha telefônica congelou, a respiração do meu tio ficou opressiva e deu para sentir, escutar do meu lado da linha o quanto ele estava se segurando para não desfalecer.
De repente escuto passos se aproximando e meu primo Alberto pega o aparelho das mãos do pai, enquanto a voz de Roberto fala com o meu tio pedindo para ele se acalmar
- Alô? Sarah é você? O que aconteceu para o meu pai passar mal?
Alberto estava com sua voz séria de que não gosta de alguma coisa.
- Primo, me perdoa se não fui gentil, estou aqui em casa saindo para o hospital, polícia, até mesmo o necrotério,.
- Estamos em desespero, na televisão mostrou um acidente horrível, e o caminhão é parecido com o do meu pai.
Tento parecer calma, o arfar da minha respiração, proíbe até que a minha voz, saia normal.
- Só liguei na esperança deles estarem aí, de terem saído há pouco.
À minha voz estava tremendo, foi muito complicado manter a serenidade.
- Sarinha, os tios com os moleques foram embora cedo, estavam felizes e tinham planos juntos com o meu pai.
- Alberto, meu pai tinha bebido? Por favor, não esconda isso de mim.
Precisava começar a encontrar motivos para arranjar uma desculpa, na verdade estava me desafiando a pensar que meu pai poderia ter sido o responsável pelo acidente, apenas não queria julgá -lo como culpado.
- Sarah, fique calma, seu pai só bebeu no sábado, junto com o meu pai.
Depois de sábado, eu e o Roberto já conhecedores do quanto os dois juntos bebem, guardamos as bebidas e tivemos uma conversa seria com eles sobre isso, pois o meu pai também andou abusando da bebida. - a voz de Alberto estava segura do que falava.
- E foi a partir daí que eles começaram a planejar o futuro deles com a tia Joelma apoiando, mas Sarinha deixemos esse assunto para depois.
Ouvi meu tio falando alguma coisa que para mim foi inaudível.
- Alberto, tenho que desligar e enfrentar o que será preciso para encontrá -los.
Ele provavelmente percebeu o meu desespero.
- Sarah, eu e o Roberto vamos para a capital encontrá -la, quem está com vocês?
Foi um alívio saber que eles viriam, poderiam contar sobre a saída de minha família do sítio.
- Eu, Naty e Keven sairemos agora, só queríamos ter um fio de esperança, por isso que ligamos, não era a intenção deixar o tio abalado desse jeito.
- Sarinha, fez bem, vocês são a nossa família, esqueceu?
- Foi você quem nos confortou quando a minha mãe estava mal.
- Só deixaremos a Laura e o Renato com meu pai, estaremos em breve com vocês.
- Deixa o celular ligado, ficarei falando com você direto, está bem?
Alberto tinha o poder de uma voz calmante, eu precisava disso.
- Certo primo, cuidado por que a estrada está bloqueada, não sei como farão para chegar?
Falava com preocupação, já bastava o que estávamos passando, não poderia nem sequer imaginar, acontecer algo de ruim com meus primos que amo de paixão.
Não adiantava ir até o local do acidente, como Naty grunhia desesperadamente para irmos.
Já haviam noticiado, várias vezes, que as vítimas tinham sido levadas para hospitais próximos, inclusive para o necrotério da capital, onde morávamos.
Perdidos, era a palavra e o sentimento em que nos encontrávamos.
Enquanto Naty bombeava loucamente o leite dos filhos, eles não aceitavam outro tipo a não ser o materno.
E, quer queira quer não, também precisariam que tivessem o mínimo para enfrentar, sabe se lá quantas horas sem a mãe.
Keven foi buscar o carro, eu comecei a pesquisar o mais rápido possível o que podia na internet sobre o acidente, tudo em vão.
Não descobri muito mais do que o noticiário da televisão informava.
Ninguém dizia nada certo sobre como foi a tragédia.
A cada momento era uma informação desencontrada, números de vítimas vivas, mortas, quantos carros envolvidos, inclusive um ônibus de turismo lotado estava no meio dos destroços.
Alguns anunciavam que mais encontravam um campo de batalha, onde parecia terem jogado uma bomba de alta potência.
Comecei a receber ligações de várias pessoas, meus primos informando que já estavam a caminho,.
Diziam que talvez seriam obrigados a fazer um desvio, devido ao bloqueio da estrada, mas que estariam conosco o mais breve possível.
Nossas madrinhas começaram a ligar porque alguém tinha falado a elas que meus país tinham morrido, sendo que nem sabíamos direito se estavam no acidente.
Logo em seguida, ligam os padrinhos um de cada vez, eles estavam em regiões diferentes da cidade tratando de negócios.
Quando viram o que aconteceu, nos procuravam, também por que as esposas estavam ligando meio histéricas para eles.
Como estavam ocupadissimos até certo horário, não haviam como desmarcarem os clientes que eram do exterior, e não ficariam mais no Brasil.
Estariam enviando o Jacques e o Julian para nos encontrarem, até eles poderem se juntar a nós.
Eu nem sabia o que pensar, muito menos o que dizer.
Decidimos eu e o Keven, a Naty não raciocinava, só chorava e repetia baixinho os nomes de mamãe, papai, Edu e Marcinha.
Então, iríamos primeiro ao hospital, na esperança de encontrá -los juntos apenas com pequenos arranhões pelo corpo.
Nunca será possível entender a falta de solidariedade nessas horas horríveis.
Fomos a dois hospitais que haviam sido informados que teriam recebido os feridos.
Entendo, que todos tem um trabalho a realizar, e que as pessoas estão procurando informações podem atrapalhar.
Mas, o que ninguém imagina é a dor que é procurar um ente amado, e ter que lembrar que pode estar prejudicando o andamento de socorro, seja lá o que for.
Apenas sei que muitos funcionários nem olhavam para nossa cara, já respondiam que tínhamos que aguardar a relação das vítimas encaminhadas para aquele hospital.
No primeiro, não tinham ninguém com as características de nossa família.
Ainda bem, tinha em meu celular fotos deles atuais.
Observei com olhos marejados, uma assistente social que olhava para mim com tanta compaixão e solidariedade.
Dizia ela, que muitos nem reconhecíveis estavam, pediu- me alguma característica que os pudessem identificar.
Como o descrição deles não batiam com quem estava lá, partimos para o segundo hospital.
Chegando ao segundo hospital, menor em estrutura que o outro, estava mais caótico e insuportável o ambiente.
Comecei a me sentir enjoada e tonta, mas não poderia de maneira alguma me deixar cair.
A Naty já estava sendo amparada por Keven, e ele não aguentaria as duas irmãs passando mal.
O cheiro do álcool e desinfetante era insuportável, só piorava o meu mal estar.
Ouvi murmúrios de que estavam acobertando o cheiro de sangue, que não paravam de chegar vítimas cobertas, se esvaindo do líquido precioso.
Os funcionários imploravam para quem podia doar sangue, que o fizessem, tanto o quanto precisavam, os ferimentos todos praticamente de ordem cortante.
O acidente foi de proporções horríveis para os profissionais de saúde, havia basicamente cortes e lacerações.
Eles forem exigidos ao máximo em seus talentos médicos.
O medo e o terror se apoderaram de mim.
Uma funcionária do hospital, subiu em uma cadeira e com voz alta, quase aos berros, informou que todos aguardassem, que não adiantaria irmos para outros lugares.
Ali mesmo informariam sobre as vítimas, que tanto os outros hospitais e o necrotério, forneceriam as informações necessárias, colaborando para orientações mais precisas.
E, assim, ficamos aguardando.
🌺 Quanta tragédia ao mesmo tempo.
Porquê será que o destino sempre têm lições tão amargas?
Sarah não perdeu as esperanças.
Naty está desesperada, sem chão, ela por ser a filha mais velha, é o xodó deJoelma, e quem sempre cuidou dos irmãos menores, incluindo a Sarah.
E ninguém sabe sobre Gregori?
Se ele sobreviveu a esse ardil de Khalid, o terrorista?
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Atualizado até capítulo 140
Comments
Queen B.
Não venha me deixar sem chão também autora! Sei que o roteiro não faria isso kkkk
2024-10-26
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Queen B.
Nem sei, as vezes eu penso que algumas pessoas só conseguem aprender assim. Na base do choque de realidade... Conheço tantas pessoas que se negam a ver o óbvio até o último momento, e depois se perguntam o porque não viram antes... Fugir do que deve ser enfrentado é pior
2024-10-26
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Queen B.
Não tem nem como não se desesperar
2024-10-26
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