Keven amou Naty desde o momento em que viu aquela garota de tranças, rindo, gesticulando, para as amigas, fazendo mímicas na hora do intervalo das aulas.
A escola para ele, iniciando aquele primeiro dia, tinha a certeza de que seria enfadonho.
Porém, os céus estavam lhe agradando, depois de tanta confusão e tristeza em sua vida.
Ele decidiu ali mesmo, parado no meio do pátio que seria ela, a mulher com quem se casaria, que teria filhos e morreria velhinho ao seu lado.
Certo, também pensou em como amá-la e deixá-la feliz.
Teve pensamentos obscenos com sua pouca idade.
Saberia dar-lhe tudo na hora certa.
A defenderia de tudo e de todos, até do mundo inteiro se fosse necessário.
Uma semana foi o suficiente para conquistar o coração ingênuo e inocente de sua amada.
Estávamos felizes, Naty concorria a uma vaga para trabalhar em um escritório importante, começaria como recepcionista e se fosse dedicada, poderia almejar cargos melhores.
Sei o que qualquer pessoa diria:
- Por que não pedir aos padrinhos?
Poderíamos fazer isso, eles nos colocariam em uma de suas empresas, com bom cargo e salário.
Mas, Naty e eu tínhamos uma filosofia de que tentariamos fazer o nosso próprio caminho, queríamos que sentissem orgulho por nossos esforços.
Claro que nossa última esperança, depois que tentassemos de tudo e nada conseguíssemos, recorreriamos a eles, para nos darem um emprego em suas empresas.
Porém, só em último caso.
Eu estava com um estágio em uma confeitaria importante, conheci a responsável por uma das lojas.
Acredito que fui muito chata em peesuadi-la a me dar uma chance.
Mesmo eu possuindo poucos conhecimentos práticos em culinária francesa, o que aliás, sou apaixonada.
Estava, enfim, como dizia a dona Sol, sendo estagiária com possível chance de me tornar uma ótima confeiteira.
Era uma função pequena e de meio período, para testar meus talentos.
Aprendia tanto, que me empenhava ao máximo que podia para conseguir o trabalho de período integral.
Poderia ganhar uma função melhor, ganharia mais conhecimento, e o salário também ajudaria a poder frequentar o curso que tanto sonhava, desde pequena em fazer.
Coloquei as roupas para lavar, dei uma ajeitada na casa.
Comecei a preparar o almoço, quando dona Gladys grita de sua casa, para ligarmos a televisão, em um canal que passava informação urgente.
Logo pensei, o que tanto dona Gladys insiste que vejamos?
Deve ser alguma desgraça ou algum tropeço enorme político do deputado que ela não suporta, ou algo que ficarei chocada e não dormirei por dias.
Ela tem o dom de me fazer ver coisas bizarras e depois fico com aquela imagem atormentando meu cérebro, vinte e quatro horas por dia, até eu conseguir esquecer toda a tragédia.
Mas, ela sempre vinha com a notícia, nos mostrava em seu tablet que aprendeu a mexer e não larga mais para nada.
Dona Gladys nunca foi de fazer tanto escândalo e gritaria para esses assuntos.
Pensei que a terceira guerra mundial estava sendo declarada.
Sua filha Tânia estava histérica e chorando.
Não era o normal delas.
Nossa vizinha nunca foi realmente de fazer qualquer tipo de escândalo.
Nesse momento, estava criando ela e a filha, um alarde devastador para que, depressa assisitissemos o plantão urgente do jornalismo.
Liguei a pequena TV da cozinha, sintonizei no canal que foi gritado para assistirmos.
Estava cortando legumes, Naty na sala com a televisão de lá ligada.
A reportagem parecia um caos.
Houve um acidente enorme na estrada principal que vai para o interior.
Na cena aparecem várias viaturas, ambulâncias, pessoas chorando, outras dando entrevistas.
Porém, de repente as câmeras mostram um caminhão branco pequeno, de cabine estendida, todo retorcido, sendo guinchado da ribanceira.
Fiquei gelada, petrificada, acredito que entrei em choque, deixei cair tanto a faca quanto a cenoura que estava cortando.
Não sei, senti meu coração dar um pulo em seus batimentos.
Minhas pernas perderam as forças, como se fossem gelatinas perdendo a consistência.
Acabei tendo os meus joelhos dobrados, encostados no chão, quando ouvi o grito de Naty, retumbando em toda a casa.
Creio, que toda a vizinhança, ouviu o grito de dor que minha irmã deixou explodir de seu peito.
Os bebês romperam em choro, assustados.
Keven se viu perdido, não sabia a quem socorrer .
Se acalentava os filhos pequenos ou se abraçava e confortava a mulher amada.
Quanto a mim, era como se minha garganta estivesse agarrada por mãos invisíveis.
Não conseguia respirar, muito menos emitir qualquer grunhido que pudesse sair de minhas cordas vocais.
O meu choque foi tanto que não havia lágrimas, apenas um vazio, um eco em minha cabeça, negava até a possibilidade daquele caminhão ser o da minha família.
A lataria estava toda amassada, rasgos gigantescos na lateral do passageiro.
Os vidros todos estilhaçados, os pneus faltavam.
Não consegui ver quantos, pelo menos os da frente, um parecia ter sido lançado longe, o outro estourado com a brusquidão do movimento que deve ter ocorrido.
Quando reparei, foi visível o adesivo da Peppa Pig que Eduardo tinha grudado no parachoque do caminhão, bem à frente do lado do passageiro.
Meu pai ralhou muito com o caçula, pois aquilo não era adesivo que um caminhão carregava.
Minha mãe vendo que o pequeno ficará tão triste, convenceu o meu pai a deixar o pedaço de papel que foi alvo de uma guerra verbal de uma tarde inteira.
Eu sabia que haveria outro adesivo do lado do motorista que Eduardo junto com a Marcinha, haviam colado para homenagear o meu pai.
Os dois pequenos amavam e idolarravam o seu André.
O adesivo, não tenho ideia de onde acharam, tinha o formato de um coração enorme, com os dizeres dentro: "Papai é nosso Herói !"
Não é necessário comentar que o meu pai, se sentiu todo orgulhoso, importante como um singelo gesto que os filhos menores presentearam, para quem quisesse ver, o amor deles por seu genitor.
Sempre imaginei a vida trabalhando, amando a minha mãe.
Acompanhando os meus irmãos menores crescendo.
Meu pai sendo mais carinhoso, nos dando uma vida melhor.
Tinha certeza, de que Naty já estava feliz, teria logo seu casamento oficializado, sua casa com Keven, Stefan e Laysa.
Só não imaginei que o destino seria cruel.
Nunca poderia te pensado que palavras ditas em momentos errados, marcariam para a eternidade, uma filha cruel e sem coração.
Um coração que já não existia, estava fragmentado em medo e ansiedade, pelo que o destino nos reservava.
Queria minha mãe a dona Joelma, que sempre soube o que fazer.
Estou perdida terei que juntar meus pedaços espalhados pelo medo, por não saber o que aconteceu.
Tenho que ser forte por Naty, pelos pequenos e principalmente para encontrar todos sãos e salvos.
Não quero imaginar, nem em sonho, o pavor do Eduardo e da Marcinha.
Eles são os nossos tesouros, devem estar perdidos, assustados, com muito medo do que provavelmente estão vivenciando.
Quero muito fechar os meus olhos e quando for abrir, ver todos em casa, sem acidente algum, sem família alguma sofrendo e chorando pelos entes queridos.
🌺 Sarah e Naty estão à mercê da ironia do destino.
Quando tudo começava a caminhar de maneira gentil e tranquilizadora na vida delas.
A família dos padrinhos, que nós conhecemos, os primos do interior, serão o suporte que elas precisarão.
Tudo o que elas conhecem e amam, estão nas mãos de forças invisíveis.
Será que suportarâo a dor que lhes será infligida?
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Atualizado até capítulo 140
Comments
Brennda Germany's
ai que fofo, posso me apaixonar por ele também???
2025-01-31
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Brennda Germany's
ainda não entendi, eles estão vivos?
2025-01-31
1
Giulia Jung
Nossa o Keven parece um pouco com os irmãos, ou impressão minha? Pq a única diferença ao meu ver é que o cabelo é mais escuro
2025-04-10
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