Capítulo 17

Mercedes, mulher! Onde você está?

Escuto a voz extravagante da Vânia, esposa do Sr. Paulo, que também é um encarregado de confiança da fazenda. Com o tempo que estive aqui, pude fazer algumas amizades, nada de "melhores amigas". Mas o suficiente para trocar conversa fora.

- Estou aqui na varanda. Aconteceu algo?

- Sim, um milagre. Nós vamos para a feira.

Ela falou isso com tanta convicção que eu quase pulei de alegria. Apesar de não estar a entender nada e tampouco querer ir para o evento.

- Explico, o Paulin disse que teve muito trabalho esses dias no serviço da cerca, e que hoje queria era descansar no fundo de uma rede. Mas ele sabia, que eu estava a contar as horas para chegar o Festival da Ferradura. Adoro as feirinhas e as comidas.

Até aí eu entendi, e achei muita graça do apelido carinhoso que ela deu ao marido. Porque o Sr. Paulo tem uma cara de durão, e chama-lo de "Paulin" chega a ser cômico.

- Então ele perguntou se eu queria ir para o evento e disse para eu te chamar, porque ele pode ficar aqui na fazenda vigiando e também ficaria tranquilo com o fato de eu ter companhia.

- Nossa! Muito obrigada pelo voto de confiança.

Mesmo eu tentando fazer gozação da idéia dela me sentir honrada com a confiança.

- Ele nunca permitiu isso, você acredita?

- E porque desse milagre?

- Ah! amiga, você é gente boa mesmo. Embora seja reservada demais.

Ambos sorrimos, mas eu realmente não queria ir. A verdade é que eu nunca fui de frequentar lugares lotados. Toda minha vida foi trancafiada. Nem sei o que se faz em um festival.

- Epa! Pode parar mocinha. Estou vendo as engrenagens da sua cabeça, se movendo. Não adianta arrumar uma desculpa. A Senhora vai sim.

- Só para constar, nem sei o que se faz em um evento desses, outra coisa, não faço idéia do que vestir. Minhas roupas são todas de serviço. E para finalizar, o ônibus saiu há um bom tempo. E quem tinha seus transportes já foram ou não vão.

- Olha mulher, você acha que eu já não pensei em tudo?

Rio alto dessa vez. Vânia tinha um jeito espoletado.

- Deixei a sacola de roupa lá dentro. E vá se arrumar, o meu primo que trabalha na fazenda vizinha vai nos pegar.

- Sr. Paulo não reclama do primo?

- Rum, ali é outra cobra criada. São praticamente irmãos e tem o mesmo gênio forte. Se alguém se aproximar, meu primo tem autorização para dar-lhe um tiro.

- Misericórdia.

Rimos sem parar e fui me arrumar. Não lembro de ter-me sentindo bonita. A roupa vestiu super bem, mas amei usar maquiagem. O cheirinho de pêssego do pó facial e blush que ela usou no meu rosto, deixou a minha pele tão linda e perfumada.

Poucos minutos depois, entramos num carro com dois homens enormes sentados à frente. Exalavam virilidade. Respeitosos, do tipo que tira o chapéu ao cumprimentar uma mulher, abre a porta, uma voz grave, profunda. Sentir tanta confiança, que eu relaxei todo caminho.

Chegando no evento, eles deram-nos instruções sobre o retorno, que embora houvesse um ônibus para a turma, eles aguardariam a nossa resposta se quiséssemos voltar com eles.

Devo admitir que fiquei encantada com o festival, o palco estava se preparando para dar início ao show da banda e as pessoas estavam divididas entre as barracas de comida e a feirinha.

- Amiga você está com fome?

- Não Vânia, antes de você chegar, eu tinha feito um lanche.

- Ótimo, então vamos para a feirinha. Eu amo as bugigangas que encontro nesses lugares.

Vânia praticamente arrastou-me para o local cheio de bancas. Eu olhava para todos os lados, tinha muita coisa linda em exposição.

Mas numa virada dessas de rosto foi que eu o vi me encarando. Minhas pernas viraram gelatinas. E o curioso é que apesar do meu patrão ter traços de virilidade muito parecidos com os dois rapazes que nos trouxeram para esta feira. Sr. Agenor possuía mais um atributo, DOMÍNIO.

Sentir a minha respiração ficar pesada. Passou tanta coisa na minha cabeça. Será que ele se irritou ao ver-me? Pensa que eu abandonei a casa para vir divertir-me? Sinto medo ao mesmo tempo que um arrepio bom. É estranho, mas eu gosto.

Só pude acenar com a cabeça, julgo que era a única coisa que se movia no meu corpo, até o momento em que a Vânia chama-me para continuar o passeio.

Mesmo estando encantada com tudo que via na feirinha, minha mente estava voltada para o meu patrão. Um flash de lembrança trazia aquele olhar intenso.

Um momento que decido olhar novamente na direção deles, percebo que Sr. Agenor está um pouco alterado, enquanto conversa com o homem e uma mulher.

O jeito que a mulher se joga nele, deixa bem claro que são íntimos. Continuo minha caminhada entre as bancas, mas dessa vez com um incômodo no peito. Não entendo esse sentimento, mas quando vejo Sr. Agenor se aproximando de mim, o meu mundo para.

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Comments

Graciete Barbosa Silva

Graciete Barbosa Silva

parece que os dois tem um imã que os aproxima

2024-04-21

0

Carmilurdes Gadelha

Carmilurdes Gadelha

Que bom que apareceu alguém pra chamar

2024-04-07

0

Neuza Lucia

Neuza Lucia

eita Mercedes

2024-04-02

0

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