Capítulo 16

(Agenor)

A fazenda estava movimentada, muitos homens vieram para consertar a cerca. Assim pude reduzir o tempo de serviço e os possíveis prejuízos com a perda dos animais.

Deixo tudo nas mãos de Humberto e volto para o escritório. Verifico na minha papelada qual seria o próximo serviço urgente para ser realizado. Percebo uma movimentação do lado de fora da janela.

Vejo Fernando e a Mercedes cuidando do jardim plantado na entrada da casa.

Eu acostumei-me com o perfume das flores que penetrava no meu escritório. Sem contar na valorização da casa que ficou após esse jardim.

Um sentimento de saudade ganhou vida em mim.

- Filho vamos colocar uma semente por vez. Assim as plantinhas vão crescer com muito espaço entre elas.

- Essas sementes mamãe?

- Sim, meu amor.

Entrego para a mamãe o saquinho de sementes. E mexemos na terra úmida.

- Elas vão ficar protegidas aqui, nessa terra fofinha. Depois vão crescer e terão lindas flores.

Mamãe colhe um flor amarela, aproxima do meu nariz para sentir o aroma. A flor era linda e delicada. Mamãe rir com ternura e depois começa a cheirar a flor. Fico maravilhado com a cena. E de repente saio do transe.

E ao invés de estar a olhar o rosto da minha mãe, avisto Mercedes. Que também está desfrutando do perfume da flor em sua mãos.

Vou ao encontro deles, talvez para tentar enxergar a minha mãe mais um pouquinho.

Fernando estava todo animado. Ele é um menino bom. Tem o gênio do seu Tio Humberto. Não sei que magia esse povo tem, mas é como se amolecessem o meu coração num toque de mágica.

Mercedes parecia muito entrertida nos seus afazeres. Embora não estivesse mais com uma imagem maternal, devo admitir que o sentimento também aquecia o meu peito.

Estava tudo bem, até o Fernando se oferecer de cupido. Como um pirralho que mal sabe mijar em pé, fica a querer arrumar homem para a outra?

Não quis ouvir mais nada. Só saí de perto, porque fiquei receoso com a resposta da Mercedes. E se ela aceitar conhecer alguém? E o que eu tenho haver com isso?

O Final de semana chegou e os animais já estavam a caminho da cidade, para a exposição. Providenciei um ônibus para levar os meus funcionários. Antecipei um bônus em dinheiro para eles, assim podiam desfrutar do evento.

Para a minha tranquilidade vi que na relação dos funcionários não constava o nome da Mercedes. Dessa forma não tinha essa impaciência que eu fico na presença dela. E tudo sairia bem. Acho até bom, alguém ficar de olho na casa.

Pelo menos é o que eu acho.

Chegando na feira tinha um pouco de tudo, a maior parte do tempo, foi cumprimentando outros fazendeiros. Troquei idéias com alguns representantes de fertilizantes. Ainda emprestei o meu ouvido para um pouco de ladainha política. Encerrando a exposição e dando início a banda local, organizei o retorno dos meus animais que por sinal foram todos premiados. Enquanto alguns voltaram eu fiquei para curtir a festa.

Música boa, cerveja gelada, papo furado. Chalise se enroscando em mim, parecendo uma cobra cipó. Tudo corria bem. Até Walter, veterinário local, chegar.

- É meu amigo, estou a saber que preciso visitar urgente a sua fazenda.

- Não tenha pressa, as últimas instruções que você deu ainda sendo realizada por lá. Meu pessoal está a ter cuidado. Depois que tratou do casco do cavalo, ele não sofreu mais infeção de broca.

-O quê? Não é sobre esse tipo de visita que eu estou falando.

-E do que mais seria?

Estou me irritando com esse cara.

- Vamos dizer que eu quero parar de tratar casco de cavalo e passar a cuidar dos pés daquela princesa.

O safado aponta para o lado. E o que eu vejo deixa-me louco.

Mercedes esta de calça jeans apertada, e blusa com os ombos expostos. A roupa apesar de cobrir o corpo, não deixava margem para imaginação. Parecia que estava desenhado no corpo dela. Os cabelos soltos e selvagens, e uma camada fina de pintura no rosto. Não tinha um homem em volta que não estava babando por ela.

Chalise aparece no meu campo de visão com a cara amarrada.

- Quem é essa?

- Funcionária da fazenda.

- Tem jeito de mulherzinha que não presta.

Me seguro para não dar uma mãozada na cara de Chalise. Mas eu não bato em mulheres. E já errei com essa doida.

Noto que Mercedes caminha em direção a feira, está acompanhada da esposa de um outro funcionário da fazenda.

Ela tem um porte diferente das mulheres da cidade. Apesar de ser uma mulher simples, ela tem uma elegância genuína. Tanto o olhar com a comunicação tem gentileza. Muito diferente da cobra ambiciosa que está se mordendo ao meu lado.

Mercedes nota que eu estou a encarar e me dá um leve aceno educado.

Walter que ainda está hipnotizado ao meu lado reclama.

- Porra, eu não teria controle com uma princesa dessa embaixo do meu teto.

- Deixa de ser desrespeitoso Walter.

- O quê? Você também não vale muita coisa. Ou já esqueceu do que andou aprontando?

Me saio do braços possessivos de Chalise e jogo ela em cima do Walter.

- Fiquem juntos, vocês se merecem.

Walter faz biquinho e Chalise empurra ele. Bando de patéticos. Saio em direção a feira.

Vejo Mercedes olhando umas pulseirinhas de artesão.

- Achei que não viria.

Ela fica surpresa com minha proximidade. mas desvia o olhar para a banca de artesanato.

- O Sr. Paulo disse que iria ficar na fazenda, mas disse que se a esposa dele quisesse vir, ela poderia. Então ela me chamou, para fazer companhia.

Aponta para uma mulher do outro lado da banca.

- Vieram de quê?

- Pegamos carona com uns parentes deles. Funcionários da fazenda vizinha.

- É estranho te ver arrumada.

Noto que ela fica todo sem jeito com o que falei.

- Bem, o senhor sempre me ver trabalhando. Preciso estar com roupa de serviço.

Nessa hora deu vontade de jogar uma piada, dizendo que a roupa de serviço deixa ela invisível, já que nunca eu a vejo. Mas preferir ficar calado.

- Está gostando da feira?

- Sim, mas eu perdir a premiação. Soube que o Rancho Selene foi a campeã.

- Eu tenho orgulho das minhas crias.

Noto que fica dividida entre olhar para mim e para a banca de bijuterias.

- Vai levar alguma coisa?

- Gostaria, são muito bonitos. Mas não tenho para onde usar esses acessórios. Não dar para esfregar o chão com essas peças.

Ela dar um sorriso fraco.

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Comments

Suely Rodrigues

Suely Rodrigues

a chalise se enroscando nele não é puteiro, macho alfa babaca e escroto

2024-03-21

33

mandinha

mandinha

Sério 🤣 🤣, nesse instante tava parecendo uma cobra no cipó kkkk

2024-05-08

0

Vera Lucia Cortezi

Vera Lucia Cortezi

vai apaixonar

2024-04-11

0

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