Capítulo 12

(Agenor)

Depois que o Galego saiu, e bem irritado, pelo que pude perceber. Sentei no meu escritório e tentei analisar o que estava acontecendo comigo. Comecei a lembrar das sessões de terapia que tive que fazer para me manter são.

O terapeuta sempre iniciava as nossas sessões pedindo para primeiro pontuar tudo que estava acontecendo e só depois organizar a minha mente. Porque tinha horas que ouviam tantas vozes que era difícil separar o que era real ou emocional.

Primeiro: eu voltei para a fazenda, porque sempre gostei desse lugar, sempre me sentir seguro. Aqui eu não precisava fingir que estava bem, porque tinha pessoas que me conhecem só de olhar nos meus olhos.

Então porque não estava me sentindo confortável?

Segundo: a fazenda tem muitas tarefas e pendências para eu resolver. Inclusive a minha mesa ainda está cheia de burocracia. Normalmente divido algumas tarefas para as pessoas que confio.

Então porque me sinto amarrado nesse escritório? Nem ao menos cavalguei desde que cheguei aqui. Não repassei nenhuma atividade.

Terceiro: Eu realmente não quero pensar na funcionária surpresa, esse é o tipo de coisa que eu simplesmente ignoro durante muito tempo. Então porque ela me incomoda? As vezes sinto que ela é uma impostora, e normalmente a minha intuição não mente.

Suspiro com as minhas indagações, apesar de levantar mais perguntas do que respostas. Talvez eu precise voltar para a cidade e retomar minha terapia. Apesar de que desde que cheguei eu lembrei que só tomei remédio para dormir uma vez, que foi no primeiro dia.

Um sentimento de confiança apossou-se de mim nesse momento. Não havia percebido isso. mas até alguns meses atrás eu estava totalmente dependente de remédios controlados para dormir.

O que mudou?

Sinto uma corrente de vento frio entrar pela janela, trazendo aquele cheiro gostoso de campo e terra molhada. Quando me aproximo da janela vejo as nuvens carregadas se aproximando.

- Droga, preciso consertar essas cercas antes da temporada de chuva.

Olho no relógio e já são 13:40. Saio do escritório e faço uma vistoria nas janelas da casa. Essa chuva promete.

Quando estou me aproximando da cozinha eu paro. Lembro que pelo horário se a Mercedes não foi ela já deve estar de saída. Mas prefiro evitar um encontro. Dou meia volta e volto para o meu escritório.

Não demora muito e cai uma chuva torrencial. É como se dia fosse trocado pela noite. A energia falha algumas vezes e o vento uiva nas janelas.

Vou para o meu quarto e deito-me, assisto à sinfonia da chuva. Tento não pensar muito e concentro-me na contagem de intervalo entre os relâmpagos e os trovões.

Talvez eu tenha cochilado sem perceber, a chuva deixou de ser intensa, mas dava para ouvir o som do corrego que atravessava a fazenda.

-Isso deve ter provocado muito estrago.

Olho no relógio e são 19:20. Levanto e vou atrás de alguma comida.

Deve ter caido alguma fase da energia, porque a iluminação estava muito fraca e alguns interruptores não funcionavam.

 Mas existia um clarão da noite que iluminava a casa. Porém, chegando na cozinha vi um lampião acesso.

- Quem está aqui?

Devo admitir que nessa hora sentir um leve tremor nas pernas. E piorou quando sentir alguém chegar por trás.

- Boa noite Sr. Agenor. Sou eu quem está na casa.

- Quer me matar do coração? Porque não foi embora?

- A chuva começou antes de encerrar o meu expediente e eu realmente tinha muita coisa pra terminar de limpar.

Engolir seco nessa hora, porque o causador de toda a bagunça sou eu.

- O senhor quer que eu esquente o jantar? Eu posso...

- Não. Eu quero que vá embora.

Era nítido ver que ela foi atingida. Eu nem sei porque sou assim. Mas não me controlo.

- Senhor já é noite e ainda chove, e acredito que ponte que me leva até o alojamento deve estar coberta por água.

Ela fala com os olhos baixos. E tudo que respondo é um resmungo. E a deixo plantada na cozinha.

Eu sinto que fujo dela como o diabo foge da cruz. É uma agonia que se transforma em irritação e quando menos espero eu cuspo veneno.

Volto para o meu quarto. Aqui é seguro.

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Comments

Maria Aparecida Nascimento

Maria Aparecida Nascimento

Esse homem é um ogro

2025-01-28

1

엘리 케이로스

엘리 케이로스

SHEREK PERTO DELE E UM VERDADEIRO CAVALHEIRO.

2024-12-01

1

helaini goncalves

helaini goncalves

Ela será o remédio pra curar esse mal humor desgraçado que ele tem.

2024-11-17

0

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