Capítulo 3

— Você não é de falar muito.

Dona Graça mexia o ensopado no fogão, enquanto eu terminava de lavar as louças.

— Penso que é melhor assim, a senhora não pensa o mesmo?

Só escuto um resmungo. E continuamos com os nossos afazeres. Após tudo finalizado, ela continua.

— O salário é pago aos sábados pela manhã, o valor é por produção. Se trabalhar recebe pela hora. Se não trabalhar também não recebe, porém, não aceitamos peso morto na propriedade. Por isso terá que ir embora. O trabalho começa às 5:30 da manhã. E termina às 14 horas. Receberá as chaves de um chalé no alojamento dos trabalhadores, almoça aqui, mas o jantar é por sua conta.

— Eu aceito senhora.

— Acreditei que aceitaria mesmo. Mas uma coisa, é proibido ficar de conversinha com os empregados. Aqui é o seu local de trabalho e não um bordel.

— Quanto a isso não se preocupe senhora.

Ela encarava-me e suspirava, um misto de incredulidade com pena. Mas tudo que eu tinha que fazer era consentir e cumprir as minhas obrigações.

— Fernando vai levar-te no Chalé. Aguarde um pouco.

Fernando era um adolescente auxiliar da fazenda, deveria ter uns 16 anos. Rapaz tímido, mas gente boa. Acompanhou até o Chalé. Uma cabana rústica, toda feita de madeira, tinha sinais de infiltração e muito mato em volta.

Mas depois de uma limpeza ficaria aconchegante.

Possuía uma pequena varanda na entrada. Assim que entrei pude ver uma minúscula cozinha e um banheiro. O quarto e a sala era integrado. O suficiente para viver com privacidade.

Descansei o máximo que pude e no dia seguinte no horário marcado já estava na Mansão para trabalhar.

A minha nova vida resumiu-se em acordar cedo, ir para a Mansão. Trabalhar na limpeza e organização, além de auxiliar Dona Graça em outros afazeres.

Fui gradualmente conhecendo os funcionários, não trocávamos conversas, mas sempre havia uma saudação educada. Os patrões não moravam na fazenda, mas sabia que a propriedade pertencia ao Sr. Agenor. Ninguém falava da vida pessoal dele ou de quando viria. Eu também nunca perguntava.

Dona Graça permitiu-me fazer algumas alterações na decoração da casa. Eu senti desde o primeiro dia, que apesar da casa ser linda, não havia traços de que os donos residiam ali. Eram belos móveis, mas não tinha cara de conforto e aconchego.

Mudei a mobília de lugar, acrescentei jarros com flores. Com a ajuda do Fernando, plantamos vasos com flores na entrada da casa. O que deu um toque de cor e perfume.

O Sr. Humberto emprestou-me uma velha bicicleta que após o horário de serviço. Fazia vários passeios pela propriedade.

Três meses passaram e essa rotina trouxe-me a paz. Não havia mais marcas no meu corpo, além de ter ganho um leve bronzeado. Ganhei um pouco de peso melhorando as minhas curvas. Os meus cabelos estavam encorpados e sedosos. As expressões faciais suavizaram.

Sentia um ponto de equilíbrio na minha vida, após todo o trauma sofrido.

A minha única preocupação era ficar atenta aos moleques arruaceiros que estavam bagunçando nas propriedades vizinhas. As vezes usavam a piscina das casas sem permissão, soltava os cavalos no campo, mas ouvia que a polícia estava na cola deles.

Fora isso, era só tranquilidade.

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Comments

Fatima Vieira

Fatima Vieira

tomara q ela se dê bem

2024-03-24

40

Clarice Hoss

Clarice Hoss

que bom que ela está bem e alcançando a alta estima de novo

2024-04-22

0

Carmilurdes Gadelha

Carmilurdes Gadelha

Tomara que ela tenha paz

2024-04-07

0

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