Você É Meu Amor
...Benjamin...
7 meses atrás
Estava em uma sexta-feira típica, acordei cedo, eram seis da manhã e já estava indo para o trabalho. Eu trabalho em um restaurante na cozinha, mas não é nada glamoroso, não sou nenhum chef, só lavo pratos. Sou um tanto reservado, então sempre chego e limpo tudo na cozinha, porque gosto que tudo esteja bem limpo. A senhora que é responsável pela limpeza não aguenta mais o trabalho pesado, então sempre chego antes. Só quando estamos nós dois, tiro o grosso, porque ela precisa muito do emprego. Ela sustenta os cinco netos sozinha.
— Obrigado Benjamin, você é um anjo — ela falou sorrindo para mim quando viu que eu já tinha terminado.
— Não precisa agradecer, Helena. Deixa eu ir antes que me vejam — falei entregando as coisas para ela.
— Eu tenho que agradecer sim, e como está a sua irmãzinha? — ela perguntou e ficou meio triste quando lembrei dela.
— A Bia já tem vinte anos, e não sei nada depois que ela engravidou da Lala. Eu nunca mais a vi, ela se mudou e não me manda notícias. Fico preocupado com ela no alemão — falei para ela.
— E a Alexandra, filho? — ela perguntou, mas eu não gosto nem de ouvir o nome dela, principalmente depois do que ela fez com o nosso bebê. — Tem notícias dela? — ela me perguntou. Sou muito reservado, quase ninguém sabe da minha vida, com exceção da Helena e da minha vizinha, que é como uma avó, já que ela me conhece desde menino e ajudou muito a minha mãe a nos criar.
— Não tenho notícias dela, faz mais de um ano que ela simplesmente sumiu, e não quero vê-la — falei colocando o meu avental.
— Então vamos falar de coisas boas. Como anda a sua universidade? — ela perguntou.
— Está indo bem, eu amo o que faço. Hoje vou até em uma palestra da engenharia Taylor Moreira Garcia. Ela é tipo um gênio, é o Albert Einstein da engenharia. Ela é incrível, nem acredito que vou conseguir ir em uma palestra dela — falei meio empolgado. É muito difícil conseguir ir para qualquer evento dela, e tive muita sorte da minha professora me dar o ingresso.
— Que bom, filho. Deixa eu ir trabalhar, e muito obrigada mesmo, Benjamin — ela falou e saiu com o carrinho da limpeza.
Meu dia de trabalho foi normal. Hoje estou tão animado, eu queria mesmo era ter a oportunidade de mostrar o meu projeto para ela, mas isso é impossível.
Fui para casa, bom, não é minha casa. Eu alugo um quartinho no fundo da casa da Dona Lindalva, que é como uma avó para mim. Como ela nunca teve filhos, bom, pelo menos não que eu saiba, ela não gosta de falar do passado dela. Mas ela sempre ajudou a minha mãe a cuidar de mim e da minha irmã. Quando a minha mãe morreu, eu tinha 18 anos e minha irmã tinha 15 anos. Dona Lindalva nos deixou morar lá sem pagar aluguel, e até hoje ela não aceita o meu dinheiro. Ela diz que tenho que investir nos meus estudos, e agradeço, já que a minha bolsa é de 70% e ainda pago 480,00 reais. Para alguém que recebe um salário, tirar esse valor é muito dinheiro.
— Boa tarde, Ben. Você poderia me ajudar? — ela me pediu, e corre até ela. Dona Linda tem um quiosque na universidade, e eu sempre a ajudo lá.
— Prontinho, Dona Linda — falei, depositando um beijo na testa dela depois de ter colocado as coisas no carro do seu José, que a ajuda a ir para a universidade.
Entrei em casa e fui direto tomar um banho. Quando saí do banheiro, ligaram para mim. Não conhecia o número, mas atendi, pensando que era alguma coisa com a Lindalva.
Ligação on
— Olá — falei assim que atendi.
— Senhor Benjamin de Jesus Cruz? — a pessoa do outro lado da linha falou.
— Sim, sou eu. Com quem estou falando? — perguntei, pois já estou achando tudo muito estranho.
— Meu nome é Maria Fernanda, sou assistente social. O senhor é irmão da Bianca de Jesus Cruz? — ela perguntou, e meu coração apertou. Faz tantos anos que não tenho notícias dela.
— Sou sim, aconteceu alguma coisa com a minha irmã? — perguntei preocupado. Será que ela se meteu com drogas ou algo do tipo? Porque, se é assistente social, é sobre a minha sobrinha.
— O senhor poderia vir até o orfanato Paz e Bem? — ela falou, e anotei o endereço.
Ligação off.
Fui o mais rápido possível, o orfanato era um pouco distante. Tive que pegar dois ônibus e uma van. Cheguei no orfanato e me pediram para esperar sem nem saber porque estou aqui. Os minutos pareciam eternos até me chamarem para uma sala.
— Boa tarde, eu sou a Maria Fernanda — falou ela me convidando a sentar.
— Por que me chamou aqui? O que aconteceu com a minha irmã? — perguntei nervoso, sem entender o motivo da convocação.
— Por favor, sente-se, vou te contar — ela falou e só então me sentei.
"Por favor, este suspense está me matando", falei ansioso. Sinto que tem algo muito errado nesta história toda.
"A Bianca e o seu cunhado, o Jonathan, foram baleados ontem à noite. De acordo com o que chegou até mim, o Jonathan está devendo um dinheiro muito grande ao chefe da comunidade. Ele morreu na hora, mas a Bianca chegou com vida ao hospital. No entanto, não resistiu. Ela levou 8 tiros e antes de falecer, pediu para uma enfermeira escrever isso para você", ela falou e as palavras não faziam sentido para mim.
Como assim? Ela morreu? Como ela morreu desta maneira? Fiquei olhando para o envelope na mão dela, mas não conseguia pegá-lo. A dor era insuportável. Ela não, ela também não.
Sem nem perceber, lágrimas já escorriam pelo meu rosto. Sentia como se estivesse caindo em um precipício. Ela colocou o envelope na mesa e saiu. Fiquei ali, encarando-o, até encontrar coragem para enfrentar a realidade.
Carta
"Oi Ben, eu queria te pedir perdão. Eu deveria ter te ouvido, mas não ouvi, e sei que não vou poder te ver de novo. Daria tudo para ter cinco anos de novo e só poder brincar com você. Você sempre cuidou de mim.
Só queria segurar a sua mão porque estou com muito medo.
Você lembra quando fazíamos castelos de areia só para depois vermos as ondas os levarem? Mas tudo mudou e eu segui um caminho que não tenho orgulho. Quando a mamãe morreu, você sempre cuidou de mim. Isso não é sua culpa, mas também não é dos meus filhos.
Sei que vou morrer, Ben. A dor é insuportável. A única pessoa em quem confio para cuidar dos meus filhos é você. Você sempre foi muito bom, doce e amoroso, e eles precisam de amor, um amor que eu mesma não consegui dar. Me desculpa por estar pedindo isso a você, mas não os afasta, eles são pequenos e provavelmente vão me esquecer, mas precisam de um pai de verdade.
Me perdoa por não conseguir cumprir minha promessa, me perdoa por não ser forte.
Ben, por favor, diga a eles que eu os amo. Ensina-os como você me ensinou a falar com a mamãe. Eu te amo."
Abracei a carta com força e apenas deixei as lágrimas escorrerem. Primeiro a mamãe, agora ela. O que fiz de tão ruim para o universo me castigar assim?
Não sei quanto tempo fiquei naquela sala chorando. Escutei a porta se abrir e a assistente social entrou.
— Eu sei que é um momento difícil para você, mas temos que falar da situação dos menores. Falei com a avó paterna mais cedo e ela disse que já cuida de quatro netos e se for ficar, só quer o menino...
— Não, a Bia queria que eu ficasse com eles, e eu vou ficar. Eles são minha única família — falei, limpando o meu rosto.
— É uma responsabilidade muito grande. Você é novo, a Larissa tem dois anos e o Gael não tem nem dois meses...
— Não vou dizer que sei o que fazer, porque eu não sei. Mas não sou de desistir. E por favor, não tire a única família que tenho. Não vou suportar mais essa perda. Eu faço qualquer coisa, mas por favor não faça isso. Eles são pequenos e precisam saber que são amados. Eles precisam de mim e eu preciso deles — falei, entre lágrimas. — Deixa eu vê-los — pedi, com um olhar suplicante.
— Se acalme, que eu te levo até eles. A Larissa não parou de chorar desde que chegou aqui — ela falou, o que não ajudou em nada.
— Ela deixou escrito que queria que você cuidasse deles? — ela me perguntou, e entreguei a carta para ela.
Tentei me controlar. Eu preciso fazer isso, só por eles. Ela ficou olhando a carta por um tempo, lendo.
— Vou te levar até eles — ela falou e me levou até o parquinho onde tinham várias crianças brincando. Logo no cantinho, vi a minha loirinha chorando. Já tem quase um ano que não a vejo, e como ela está linda, grande. Para minha surpresa, ela olhou para mim e veio correndo.
— Benben! — ela gritou, em lágrimas, me pedindo colo. A peguei no mesmo instante.
— Oi, minha princesa linda — falei, abraçando-a apertado e me controlando para não chorar.
— Eu estou com medo, eu quero a minha mãezinha — ela falou, me abraçando com força.
— O Benben está com você, não precisa ter medo, tá bom? — falei para ela, balançando-a de um lado para o outro. Ela deitou a cabeça no meu pescoço, me abraçando.
Não sei como vou fazer agora, mas não vou te desapontar, Bia. Eu vou cuidar deles da melhor forma possível.
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^^^Continua...^^^
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Atualizado até capítulo 109
Comments
blog da Vavá
Eu também gostaria de fotos
2024-08-07
1
Caliana Soares
autora faltou as fotos dos personagens
2024-06-08
1
Telma Souza
meu Deus que situação hem. quase choro
2024-04-22
0