Capítulo 3

Nádia se levantou quando sentiu algo colidir contra suas costas, causando-lhe uma dor imensa. Foi direto em uma de suas feridas, ela fechou os olhos e parou no mesmo instante, gemendo de dor, segurando um urro. Diego havia feito propositadamente, queria saber se a mulher estava tão machucada quanto aparentavam as manchas de sua camiseta. Vê-lá gemendo de dor o fez sentir uma po toda de arrependimento de haver lhe dado uma braçada "sem querer". Seu peito se apertou ao ouvir seu gemido de dor.

— Me desculpe.— Ouviu a voz do homem.— Eu ia pegar a água para que continuasse a cozinhar sem ser interrompida e acabei esbarrando em você.

— S-sem problemas.

Gaguejou pela dor, sem levantar seu olhar, nao iria arriscar o olhar, sabia que estava sendo observada por Alessandro. Afastou-se e fechou os olhos, na tentativa falha de conter a dor. Sentiu quando o homem foi até a geladeira, passando a sua frente. Ela abriu os olhos. Ele pegou a água e virou-se para ela. Nádia juntou as sobrancelhas, será que ele não estava vendo seu marido ali? O que queria?

— Esta tudo bem? Suas costas estão sangrando.

A fala a fez engolir seco, surprendendo-se de que esse detalhe havia sido notado. Ela começou a sentir temor, seu cônjuge poderia a punir por esta falha. Nádia respirou fundo, se lembrando da grande surra que levou na noite anterior. Suas filhas chorando e chamando a mãe, pedindo para que Alessandro parasse com aquilo, mas ele ignorava-as. A dor da fivela entrando em suas costas, suas forças se perdendo até quase desmaiar, depois de apanhar tanto ele ainda a usou naquele chao frio e cheio de seu sangue. Nadia apenas pedia para que Alice entrasse para dentro do quarto, nao queria que ela visse aquilo. Por fim, ele a sufocou enquanto a penetrava e a fez desmaiar, acordando no outro dia no mesmo lugar, com Alicea chamando, chorosa. Ela virou o rosto na direção de Alessandro, ele encarou-a com um sorriso cínico nos lábios, estava a esperar a respostaEla lembrou-seria saber qual desculpa daria. Ela se lembrou da ameaça no banheiro e temeu pela vida das filhas, de maneira nenhuma os amigos de Diego poderiam saber a verdade, afinal, não poderiam ajudá-la e além disso, assim que passassem pela porta afora, Alessandro iria a espancar. Ela suportaria a dor, mas não permitiriaque as suass filhas passassem pelo mesmo.

— Sim, eu apenas caí no banheiro e me machuquei. Com licença.

Passou por ele, indo na direção das panelas. Diego ficou parado por uns dois segundos ainda a observando e pensando que aquela história toda era muito estranha. Ele descobriria o mistério daquela família. O também homem percebeu que não eram só as costas que estavam machucadas, mas seu rosto também tinha um hematoma que mais parecia um soco. Por fim, Diego não a indagaria na frente de seu marido, mas quando a encontrasse sozinha, ela poderia ter certeza de que teria que responder aos seus questionamentos. Então, ele apenas pegou os três copos redirecionou-se até a mesa, se sentando e encarando Alessandro, que o olhou brevemente, mas logo se voltou para a conversa que estava a ter com Felipe.

— Está gostando de morara aqui?— Perguntou-lhe Felipe.

— Esse lugar é bem agradável, fui bem recebido aqui. E agora, com esse novo trampo, está melhor ainda, minha família e eu não passaremos mais por necessidades.

Felipe sorriu falsamente. Eles foram até a casa de Alessandro apenas para saber onde morava e investigar mais um pouco sobre sua vida, mas nenhum dos dois fora muito com a cara do homem. Ele parecia esconder muitos segredos.

— E onde você morava antes de vir para cá, Ale?— Diego entrou na conversa.

Alessando o encarou, um pouco apreensivo. Ele conhecia quando estavam querendo saber de sua vida, aquelas indagações não estavam cheirando muito bem, Alessandro tentou controlar a irritação.

— Em um outra comunidade não muito longe daqui.

— E veio para cá sem conhecer ninguém?

— Eu pagava aluguel, aí soube por um amigo que tinha uma casinha para morar sem precisar pagar mensalmente e vim. Ninguém merece ficar pagando aluguel o resto da vida, não é?

— Concordo.

Aquela desculpa estava muito estranha. Diego ainda não se convenceu de que Alessandro seria uma pessoa confiável, então continuou a observá-lo muito bem. Todos os seus passos seriam monitorados, sequer sairia de sua casa sem que o dono do morro soubesse. Eles continuaram uma conversa por algum tempinho até que o almoço estivesse pronto. Nádia permanecia concentrada em sua receita, não olhava para a mesa dos homens conversando ali, apenas se concentrava em seus afazeres. Enquanto isso, Diego não deixava de olhá-la vez ou outra, ele prestava atenção em todos os seus gestos. A verdade era que queria ajudar em seus machucados, queria ver, analisar a causa destas feridas, talvez até fazer um curativo e então, se descobrisse que foi Alessandro quem os fez, o mataria sem dó e nem piedade. Diego tinha repulsa por quem agredia mulheres e tinha um bom motivo para isso. O restante da tarde foi tranquilo, mas uma coisa não passou despercebida por Diego e por Felipe: Nádia os servia como uma verdadeira empregada e temia muito seu marido, pois sua expressão dizia isso, ela obedecia a cada ordem de Alessandro sem questionar, como se temesse muito. Também perceberam que quando o homem se referia à mulher, era com certa brutalidade na voz. Ele definitivamente estava em suas observações. Após o almoço eles ainda discutiram algumas coisas acerca do novo gerente, também falaram como funcionavam as coisas, a contabilidade estaria inteiramente nas mãos dele, para que passasse tudo para Diego. Logo eles estavam indo embora. Diego e Felipe o cumprimentaram, o homem deu uma breve olhada para a direção de onde Nádia estava, pois após servir o almoço, a mulher se enfiou no quarto e não saiu mais de lá. Os dois entraram no carro e já estavam indo em direção a casa de Felipe.

— Ele não é mesmo confiável. — Comentou o sub-chefe.

— Eu sei que não, temos que vigiá-lo. Pode ser um infiltrado, um vigia ou até um traidor.— Diego bufou.

— Se ele estiver vindo para passar informações para o palhaço do Don Juan que quer tomar o morro de nós, eu vou descobrir.

Eles chegaram na casa do seu melhor amigo. Antes de o deixar, Diego o alertou:

— É você quem cuida dos negócios da boca para mim. Então, finja que confia nele, entregue tudo, ensine ao Alessandro até onde escondemos o dinheiro do lucro mensal e então, o vigie muito bem, para ver seus passos. Assim que ele falhar, me avise imediatamente.

— Pode deixar, parceiro. Aquele ali já era. Não pode chegar na nossa quebrada e pensar que vai ser de qualquer jeito.

— Pode crer. Também vou colocar uns caras rondando a casa dele, se aquele cara faz mal àquela mulher, está morto. Sabe que não admito isso no meu morro.

Eles se cumprimentaram e logo Felipe desceu do carro e entrou em sua casa. Ele morava com a mãe e a sua irmã mais nova, a Jocelin, de doze anos. A menina amava Diego como se fosse um irmão para ela, mas o homem não estava muito a fim de descer aquele dia, também tinha alguns assuntos para resolver, por isso não desceu do carro para as cumprimentar. Olhou em seu relógio, eram quase cinco horas da tarde, passou o dia todo na casa do novo gerente da boca, seus homens deviam estar loucos atrás dele, pois sempre o procuravam para qualquer assunto. Os vidros de seu carro eram insufilmados, mas a favela inteira sabia quem estava lá dentro, enquanto passava todos olhavam, ou cumprimentavam. Diego tinha o costume de passar devagar, enquanto observava o movimento. Ele estava se aproximando da escola quando a viu novamente. Nádia segurava uma criança de aproximadamente um ano em seus braços, enquanto esperava na porta da escola a outra sair. Diego então, decidiu estacionar perto, ele estava parado praticamente do seu lado, observando-a. Foi quando a mais velha saiu, com um sorriso enorme nos lábios, ela correu e abraçou a mãe. Diego abriu uma pequena brecha do vidro, o suficiente para ouvir com clareza o que falavam.

— Mamãe! Você veio me buscar.— A menina disse, surpreendendo-o.

— Oi, Alice.— Elas se abraçaram.— Coko foi seu primeiro dia de aula?

— Muito bom, mamãe. Fiz vários amigos e a professora é muito legal.— Ela ajeitou a mochila e logo estendeu os braços para a mais nova.— Me dê aqui, deixe que eu levo a Melissa.

— Não, filha.

— Mamãe, aquele homem te machucou de novo, você deve estar com muita dor, deixe que eu levo.

Nádia pareceu se surpreender um pouco com a fala da menina, ela esbanjou raiva ao mencionar Alessandro.

— Não fale isso em público, você sabe do que seu pai é capaz!— Ela olhou ao redor, logo depois entregou a menina.— Aliás, se ele vir você me chamando de mãe em público, me mata.

A menina parecia muito irritada, mas não falou mais nada. Logo elas já estava se distanciando, indo em direção a sua casa, deixando um Diego confuso. Ele bufou. Ele ouviu claramente a menina chamar Nádia de mãe e a mesma afirmar que Alessandro é seu pai, então significava que o homem abusou dela quando era uma criança de aproximadamente uns doze anos? Diego ligou o carro, saindo dali imediatamente, acelerando para chegar logo em sua casa, ele tinha provas de que o homem era um abusador, isso era o que precisava para o banir de seu morro, mas não só isso, Alessandro precisava pagar com a vida. Ele discou o número de seu amigo, já saindo do carro e entrando em sua casa.

— O que foi?— Felipe atendeu no segundo toque.

— Ele é o pai da menina de dez anos, e Nádia é a mãe.

— Eu sabia! Aquele maldito é um estuprado dos infernos.

— Temos que fazer alguma coisa, Felipe, antes que ele tente algo contra as crianças também.

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Comments

Vitoria Barbosa

Vitoria Barbosa

deus queira que o Diego mande ele pro inferno

2024-06-01

0

Tânia Campos

Tânia Campos

Tomara que Diego o mate,
Miserável estuprador de merda,

2024-01-08

6

Edileusa Dias

Edileusa Dias

Eita que o Alessandro tá ferrado

2023-12-10

5

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