Vida Após O Divórcio
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Cinco anos da sua vida. Jogados fora como se não valessem nada.
Era nisso que Brenda pensava enquanto esperava, sozinha, em um banco de praça em frente ao cartório. O sol ainda nem tinha se firmado no céu, mas ela já estava ali, decidida a colocar um ponto final no casamento que a fez acreditar no amor, e depois a despedaçou.
Sentia o coração apertado, mas não de saudade. Era frustração. Raiva. Dele. Dela mesma. De ter acreditado. De ter fechado os olhos tantas vezes. De ter ignorado os sinais porque amava aquele homem com tudo o que tinha.
O estopim foi o que viu com os próprios olhos:
Liebert sentado numa cafeteria da zona sul, rindo, flertando e depois beijando Leila, sua secretária, uma loira artificial, toda montada, silicone gritando por atenção. E ele? Agindo como se fosse solteiro. Como se ela, sua esposa, não existisse.
Brenda não tinha ido lá por acaso. Já desconfiava de algo. A forma como ele escondia o celular, as mensagens apagadas, os sorrisos sem motivo ao olhar pra tela. Foi atrás. Seguiu seus instintos. E infelizmente, estava certa.
Ela se escondeu do lado de fora, esperando que aquela cena patética terminasse, talvez com uma explicação que ela pudesse suportar. Mas o que viu foi bem pior do que imaginava: o beijo veio, descarado, bem no meio da cafeteria cheia. Beijo de novela. Beijo com gosto de traição. Beijo que alguém registrou e jogou nas redes sociais, como bomba pronta pra explodir.
No dia seguinte, lá estava: “Liebert Drumond, o galã das telonas, é visto aos beijos com nova affair loira em cafeteria de Copacabana.”
E Brenda? Estava em casa, com a alma em pedaços, lendo tudo enquanto o celular não parava de tocar com notificações. Amigos, parentes, curiosos, todos querendo saber se era verdade. Era. Doía admitir, mas era.
Agora, ali naquela praça, o relógio corria devagar. O cartório abriria em instantes. E com ele, viria o fim oficial daquilo que já tinha acabado desde o momento em que ela viu o beijo.
— Bom dia.
A voz veio de trás. Familiar, inconfundível. Ela nem precisou se virar pra saber. O coração ainda reagia, idiota, batendo forte com aquele som que um dia foi casa. Mas agora, só causava enjoo.
Ela se levantou lentamente, virando-se pra encarar o homem que por cinco anos chamou de marido.
— Mal dia pra mim, pra ter que ver a sua cara de cafajeste logo cedo.
Liebert soltou um suspiro pesado, visivelmente nervoso. Estava abatido, com olheiras profundas e cabelo bagunçado, como se a culpa o estivesse corroendo por dentro. Ainda assim, isso não bastava.
Ele se aproximou devagar e, num gesto automático, tocou nas mãos dela. Mãos que um dia segurou com carinho, agora frias e tensas.
— Brenda… eu sei que errei, tá bom? Não vou negar. Mas a gente não precisa acabar assim. Cinco anos não são cinco dias. A gente construiu tanta coisa junto. Por que jogar tudo no lixo por causa de um erro? Me dá uma chance, só uma. Eu tô disposto a mudar. A fazer o que for preciso. De verdade.
A sinceridade podia até estar no tom dele. Mas pra Brenda, isso já não era suficiente. Ela tinha visto com os próprios olhos. E isso não se apaga.
— Chance? Que chance, Liebert? A de continuar sendo feita de idiota? — Ela engoliu em seco, sentindo a garganta apertar. — Você não quebrou só o nosso casamento. Quebrou a confiança, o respeito. Fez tudo virar cinzas. E agora quer o quê? Colar os cacos?
— Eu não tô pedindo pra você esquecer. Só pra tentar de novo. Eu deixei meu orgulho de lado pra estar aqui. Só quero te mostrar que posso ser diferente.
Ele ajoelhou-se na frente dela, bem ali, no meio da praça. Como se isso fosse grandioso. Como se um pedido público de perdão fosse capaz de apagar tudo.
— Para com isso, Liebert. Não é um filme. Levanta. — Ela fechou os olhos, tentando segurar a lágrima que já ameaçava escapar. — Você quer ser herói depois de virar vilão?
Ele se calou, derrotado.
— Tudo bem — disse baixo. — Pelo menos aceita minha ajuda. Sei que tá difícil pra você. Posso ajudar financeiramente, todo mês. Sem compromisso.
Brenda riu, amarga.
— Eu pareço frágil pra você, é isso? Acha que não posso me sustentar sozinha? Eu não preciso de nada seu. Só quero que assine aqueles papéis. E depois desapareça da minha vida, Liebert Drumond.
Ele ficou parado, olhando como se não soubesse o que dizer. Mas Brenda não queria mais palavras. Já tinha ouvido o suficiente.
O barulho da porta do cartório abrindo foi como um alívio. Sem esperar mais nada, ela virou as costas e entrou, determinada.
Foram rápidos. Objetivos. Sem espaço pra melodrama.
— Tem certeza que querem fazer isso? — perguntou o juiz, olhando para os dois.
— Eu não...
— Tenho sim. Quero me divorciar desse homem — Brenda cortou antes que Liebert abrisse a boca.
Assinaram. E assim terminou.
Brenda saiu do cartório com passos firmes. Um pedaço dela ainda doía, claro. Mas o outro, o que ela escolheria ouvir daqui pra frente, estava pronto pra recomeçar.
...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...
...🌸 Dois anos depois 🌸...
O tempo passou. Dois anos inteiros desde o divórcio, e parece que parte de mim ficou congelada lá atrás.
Logo depois da separação, tentei focar em mim. Era jovem, ainda dava tempo de reconstruir tudo o que pausei por amor. Voltei pra faculdade que tinha trancado quando me casei. Fiz isso com o coração apertado, com vergonha de reaparecer, mas fiz. E também comecei a distribuir currículos por toda a cidade, de porta em porta, como quem joga sementes no asfalto esperando que alguma brote.
Mas não brotou. Nada. Nenhuma ligação, nenhum e-mail, nenhuma chance. Parecia que o azar tinha decidido morar comigo. Meu nome na praça era limpo, minha vontade era imensa, mas as portas continuavam fechadas.
E pra completar, descobri que estava grávida.
Sim, grávida. Dele. E ele não fazia ideia.
Quando peguei o teste positivo, minha primeira reação foi o desespero. Eu mal conseguia respirar. O homem que me traiu, que me expôs, que me deixou no chão, também tinha me deixado grávida. E agora? Como contar? Ou melhor: por que contar?
Respirei fundo. E decidi: não contaria. Aquele filho seria só meu. Ele não merecia saber. E eu não queria mais nada que viesse de Liebert Drumond.
Hoje, meu filho Vinícius tem dois anos e meio. Um menino lindo, esperto, com um sorriso que ilumina qualquer lugar. Quando ele me chama de “mamãe” com aquela voz doce, parece que tudo valeu a pena. Ele é meu mundo. Meu motivo. Minha força.
Mesmo assim, a vida ainda não ficou fácil. Estou trabalhando em uma floricultura há quase um ano. Faço buquês, limpo folhas, atendo clientes com um sorriso que às vezes é mais máscara do que verdade. É um trabalho digno, mas o salário mal cobre o básico. Sigo mandando currículos quando dá, tentando algo melhor. Por enquanto, sobrevivo.
Naquela manhã, estava atrás do balcão da loja, arrumando um buquê de lírios brancos para um cliente que esperava em silêncio. Me concentrei nos detalhes, nas flores, nas cores… até que fui interrompida por um som familiar: a voz do apresentador da TV que ficava pendurada na parede do outro lado do balcão.
Levantei os olhos.
E lá estava ele. Liebert. Na tela. Sorrindo, provocante, em uma sequência de fotos sensuais em preto e branco.
“O galã e charmoso Liebert Drumond inicia nova carreira como modelo. Seu corpo escultural e olhar sedutor estão levando as mulheres ao delírio.”
Suspirei, irritada. Revirei os olhos.
— As mulheres vão ao delírio, é? Se soubessem o tipo de cafajeste que você é, sairiam correndo.
— Perdão, senhorita… está falando comigo? — perguntou o cliente, sem graça.
— Ah! Não, me desculpe — respondi, voltando ao mundo real. — Estava falando sozinha.
Terminei o buquê, entreguei com um sorriso breve e desejei bom dia. O cliente agradeceu, pagou e saiu.
Sozinha de novo, sentei no banco atrás do balcão. Olhei pra TV mais uma vez. As imagens ainda passavam. Liebert em poses provocantes, como se nada tivesse acontecido. Como se a nossa história tivesse sido só uma nota de rodapé.
Fechei os olhos por um momento. Imagens dele voltaram à mente, mas não da TV. Da nossa casa. Da vida que tivemos. Ele secando meu cabelo depois do banho, fazendo miojo quando eu ficava doente, lavando louça com música alta. Ele me olhando como se eu fosse o centro do mundo.
A verdade é que ele foi, sim, um bom marido. Até deixar de ser. Por cinco anos, me tratou com carinho, me deu risadas, noites longas, jogos bobos na cama. Era o tipo de homem que dizia “te amo” no meio de um supermercado. Que fazia planos. Que prometia o futuro.
E mesmo que eu odeie admitir… sinto falta. Não do que ele se tornou. Mas do que ele foi. E às vezes me pergunto: quando foi que tudo mudou? Quando foi que ele virou outra pessoa?
Minha mãe, Ayda, me avisou. Sempre me olhou com aquela cara de quem sabia mais do que queria dizer.
— Essa é a vida que você quer pra si, filha? Casar com um ator? Viver cercada de escândalos? Ver seu marido beijando outras mulheres nas telas e dizendo que é “beijo técnico”?
Na época, eu balancei a cabeça e disse que sim. Porque amava. Porque acreditava. Porque menti pra mim mesma, achando que amor bastava.
Nos primeiros anos, foi bom. Maravilhoso, até. Mentiria se dissesse o contrário. Ríamos, viajávamos, dormíamos juntos no sofá vendo séries ruins. Fazíamos planos pra filhos, casa com quintal, cachorro chamado Bolota.
Mas a fama cobra caro. O mundo dele era outro. Era público, cheio de flashes, cheio de tentações. E eu? Uma mulher comum, com inseguranças demais e paciência de menos. Sempre me senti pequena ao lado dele, mesmo quando ele dizia que não.
— Eu te amo, Brenda. E preciso de você pra me manter em pé — ele dizia.
Mas amor nenhum resiste a traição. E a nossa história, linda e trágica, ficou no passado.
Hoje, é só lembrança. Um capítulo que, por mais que doa, já foi virado.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Amore
Começando a leitura nesse momento e creio que vou amar cada capítulo 🥰🥰🥰🥰🥰🎊🎊🎊🎊🎊🎊🎊🎊
2023-10-20
29
Hilda F.P Marchesin
Reiniciando Leitura
31/01/2025 16:26 PM
Baixada Santista SP BR
2025-02-01
1
Fbiana De Santos
linda história parabéns autora sucesso
2023-10-11
1