Capítulo 10

Hoje é o aniversário do meu filho. Aqui em casa, tudo está a mil por hora. Estou organizando toda a decoração do quintal e das mesas, enquanto minha mãe está na cozinha, terminando de confeitar o bolo e preparando uma panelada de comida deliciosa para os convidados. Meu pai, como sempre, está completamente babando pelo neto. Helena também está por aqui, me ajudando com a organização dos detalhes, ajeitando os enfeites, as bexigas e embalando as lembrancinhas.

Assim que terminamos a arrumação geral, dei banho no Vinicius, o vesti com uma roupinha linda escolhida com muito carinho e o deixei aos cuidados do papai. Depois, subi para tomar meu banho e me arrumar. Escolhi uma roupa simples, mas elegante. Prendi o cabelo em um coque despojado, passei uma maquiagem leve e fui descer para recepcionar os convidados, amigos próximos e alguns vizinhos da família.

Enquanto caminhava até o portão para cumprimentar uma família muito amiga, me assustei ao ouvir uma voz masculina bem atrás de mim. Meu coração disparou. Por um instante, pareceu que ia saltar pela boca.

— Podemos conversar agora? — perguntou Liebert, surgindo diante de mim com um terno preto sob medida. Ele estava absurdamente bonito, e por alguns segundos, me peguei o admirando antes de lembrar de quem se tratava.

— Não. Não podemos. E principalmente, não aqui, Liebert — falei, me virando para sair dali. Mas ele segurou meu braço com firmeza. — Estou muito ocupada agora — acrescentei, tentando me livrar do seu toque.

— Preciso conversar com você, Brenda. Não seja tão cabeça dura, caramba — disse ele, num tom de voz autoritário que só me irritou ainda mais.

— Perdemos o direito de conversar no seu tempo há muito tempo. — comentei friamente, tentando manter o controle da situação.

— Então é isso? Prefere fazer tudo da forma mais difícil? Estou tentando conversar, tentando chegar a um acordo, e você se faz de difícil. Você mais do que ninguém sabe que eu não gosto de ser ignorado. — A frieza na voz dele era cortante.

— Se for pra falar do meu filho de novo, é melhor não perder seu tempo pedindo conversa. Você perdeu esse direito quando assinou nosso divórcio. — cuspi as palavras com dureza.

— Nosso filho, Brenda. Porque ele é tanto meu quanto seu. A menos que você tenha engravidado do seu próprio dedo — ironizou, com um sorriso cínico nos lábios.

— Meu filho. Na certidão de nascimento dele não consta o seu sobrenome. — alfinetei. — Eu disse que poderíamos conversar, mas não disse que seria aqui, nem hoje, e muito menos que o assunto seria o meu filho.

Minha voz carregava toda a amargura acumulada ao longo dos anos. Liebert abaixou a cabeça por alguns segundos, mas quando voltou a olhar para mim, havia um brilho tenso em seu olhar.

— Vinícius é meu, e sabe por que digo isso, Liebert? Porque fui eu quem o carregou por nove meses, quem alimentou, quem cuidou, quem deu amor, atenção, proteção e tudo mais que ele precisava. — desabafei, sentindo a garganta arder de raiva.

Percebi que ele ficou tenso. Seu maxilar travou com força quando ouviu minhas palavras.

— Mas foi você quem me negou a oportunidade de viver tudo isso ao lado dele. Você o tirou da minha vida antes mesmo de eu saber que ele existia. — rebateu. — Nem teve a decência de me perguntar se eu queria ou não reconhecê-lo.

— Você me traiu, Liebert. Não merecia saber. — eu revidei, sentindo os olhos arderem.

— E você não teve paciência de ouvir o que eu tinha a dizer. Nenhuma chance me foi dada.

Antes que eu pudesse continuar, Vinícius se aproximou de nós dois. A alegria em seu rosto ao ver Liebert era tão genuína que me desmontou. O menino correu até o pai, que entregou um presente embalado em papel azul.

A festa continuou, com as pessoas conversando, comendo, bebendo, dançando, se divertindo como se nada estivesse acontecendo. Mas por dentro, minha mente estava um caos.

Achei que Liebert fosse embora depois de entregar o presente. Mas não. Ele ficou na festa. Participou como se fizesse parte daquilo tudo. E ficou até o final.

— O que esse homem está fazendo aqui? — papai perguntou, visivelmente irritado, com os olhos fixos em Liebert.

— Papai, por favor, não agora — pedi, olhando para ele com um olhar que implorava compreensão. Mamãe, percebendo a tensão, tomou a frente e conseguiu levá-lo dali para evitar um escândalo.

Eu não estava defendendo Liebert. Mas também não queria arruinar a festa do meu filho com mais uma briga. Peguei Vinícius no colo e o levei para o quarto para que ele pudesse descansar um pouco. Antes de sair da sala, pedi licença a Liebert e fui até o quarto com o menino. Coloquei ele no berço e o cobri com cuidado.

Ao sair, no corredor, acabei esbarrando em um peitoral musculoso. Mãos firmes seguraram meus braços, impedindo que eu escapasse do seu toque.

— Peço que reconsidere minha proposta de conversar com você — disse ele, com a voz baixa, porém firme. O cheiro do perfume dele me envolveu, me jogando num mar de lembranças que pareciam tão vivas quanto antes.

Por alguns segundos, fiquei paralisada. As lembranças vinham como flashes: os toques, os beijos, os momentos íntimos e intensos. Toda aquela química inegável. Era impossível ignorar o calor que percorreu meu corpo. A proximidade dele era desconcertante. O rubor no meu rosto era a prova de que, por mais que eu negasse, ainda havia algo ali. Alguma coisa mal resolvida, pulsante.

Estávamos tão próximos que eu podia sentir o coração dele bater. A respiração ofegante dele, os olhos cravados nos meus. Era como se o tempo tivesse parado. Como se aquele momento condensasse tudo que já fomos — e talvez ainda fôssemos.

— Pretendo passar mais tempo com o nosso filho — disse ele, quebrando o clima com sua voz fria. — Vinícius é meu filho também, e tenho todo o direito sobre ele. Portanto, aceite isso da maneira mais fácil.

Ele sempre soube como destruir momentos bons. Tinha talento para isso.

— É melhor fazer o teste de DNA. — respondi, me afastando dele com firmeza, sustentando um olhar duro.

— Eu o reconheço como meu filho, não vejo necessidade de teste. — retrucou, enfiando as mãos no bolso da calça. — E mesmo que não fosse, eu teria coragem de reconhece-lo como meu, porque ainda te amo.

— Melhor fazer. Assim evitamos futuras dúvidas — insisti.

Vi seus lábios se contraírem, e seu semblante se suavizar.

— Tudo bem, então. Faremos o exame — disse, mais calmo.

Caminhei até a porta, abri e apontei para fora, esperando que ele saísse.

— Preciso descansar, Liebert. Já conversamos o suficiente por hoje.

Ele suspirou e caminhou na minha direção outra vez.

— Hoje é o aniversário do meu filho. Só estou aqui porque vi nas redes sociais a data em que ele nasceu. — Ele me encarou. — Mas saiba de uma coisa: não vou esperar a justiça me autorizar a vê-lo. Vou vir aqui, vou passar tempo com ele, e você não vai me impedir.

— Vai ter que esperar o resultado do exame e o trâmite da justiça — confrontei.

— Eu vou ver o meu filho quantas vezes eu quiser. Com ou sem a justiça. — Seus olhos me fitaram de forma ameaçadora.

Soltei o ar com força. Estava cansada de brigas.

— Você não tem ideia do quanto eu te odeio, Drumond — falei.

Ele riu, debochado.

— Não parece. Agora há pouco, estava derretendo nos meus braços como um sorvete no sol — respondeu, saindo com um sorriso arrogante nos lábios.

Cretino! — pensei, cerrando os punhos.

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Comments

Suzy Bolos

Suzy Bolos

sei que tá concluído a estória mas a Brenda é sem noção né?...ela tirando o direito do cara ,como se ele tivesse abandonado ela e o filho e não foi isso que aconteceu, ela que decidiu ele não saber,ela tá sem direito nenhum,ele se quiser pode acusá-la de impedir dele ver o filho aí sim ela tá lascada,ele tá sendo bonzinho com ela ,eu não seria,ela fez tudo de caso pensado,castigou ele pela traição o qual uma coisa não tem nada a ver com a outra,quis se vingar mas errou feio e isso ela perde a razão, tirou o direito de pai e filho,mulher louca e ainda acha que tá certa

2025-03-27

0

🦊Guminho🦊

🦊Guminho🦊

só tá esquecendo sua idiota , que fez isso sozinha por opção sua , foi vc quem optou por esconder dele

2025-03-07

2

Lurdes maria Maria

Lurdes maria Maria

ela é totalmente sem noção ela não tem o direito de privar o filho da presença do pai ,o problema dela cm ele não envolve o filho que amor e esse que diz ter pelo filho se usou ele pra uma vingança

2025-03-28

0

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