Capítulo 19

A luz do sol começava a pintar o céu quando acordei. Era uma rotina que se tornara sagrada para mim: levantar cedo, cuidar de Vinícius e preparar tudo para o dia que estava por vir.

Após o café da manhã, coloquei Vinícius no carro, sabendo que o segurança pessoal de Liebert estaria lá em breve para levá-lo até a creche. Ver meu pequeno filho crescer era uma alegria indescritível, e eu sentia uma gratidão imensa por cada momento ao seu lado.

De volta à casa, mergulhei nas tarefas cotidianas. Uma delas era regar as plantas do nosso jardim. Era um cantinho especial, onde flores e folhagens se entrelaçavam, criando um cenário de tranquilidade e beleza. Amava sentir o cheiro fresco da terra, o toque das folhas nas minhas mãos.

Enquanto cuidava das plantas, meu coração se acalmava. Era como se a natureza sussurrasse palavras de conforto, lembrando-me da força e da resiliência que podíamos encontrar em meio à simplicidade da vida.

Cada gota d'água era um gesto de carinho, uma promessa de vida e crescimento. Assim como Vinícius, as plantas também precisavam de cuidado e atenção para florescerem.

Enquanto o sol subia no céu, eu sabia que o dia traria seus desafios, mas também suas bênçãos. Era minha responsabilidade enfrentá-los, não apenas como uma mãe, mas como uma mulher forte e determinada.

A conexão com a natureza e o amor por Vinícius eram minhas âncoras, lembrando-me sempre do que realmente importava na vida. E, naquele momento, no jardim que cuidava com tanto carinho, eu encontrava a serenidade e a inspiração para enfrentar o que quer que o destino reservasse.

Entrei para dentro de casa, assim que escutei o meu celular anunciar várias mensagens. Com o sorriso no rosto, eu peguei o aparelho e desbloqueei o celular.

O choque foi como um raio, cortando a calma que eu havia encontrado no jardim. As mensagens piscavam no meu celular, uma enxurrada de palavras que pareciam uma fachada para a verdade que agora eu não podia mais ignorar.

As fotos, como punhais, trespassaram meu coração. Liebert, completamente nu, ao lado de uma mulher que não precisava de muitas palavras para identificar. Era Isabella, a diretora que havia se tornado uma sombra entre nós.

As palavras que acompanhavam as imagens eram um golpe ainda mais profundo. Ele deixava claro o motivo da sua distância, a razão pela qual nosso amor havia sido relegado a segundo plano.

Meu sorriso de esperança se transformou em uma máscara de incredulidade e dor. Era como se o chão tivesse sido arrancado de sob meus pés, deixando-me em queda livre em um abismo de emoções tumultuadas.

As lágrimas vieram sem aviso, um desabafo de toda a dor e decepção que agora inundavam minha alma. Meu coração, que havia sido dado com tanta confiança, agora se encontrava em pedaços, espalhado pelo chão.

A sensação de traição era avassaladora, um vendaval que me deixou desnorteada. Perguntas ecoavam na minha mente, pedindo explicações que eu temia ouvir. Como ele pôde fazer isso conosco? Como pôde nos trair de novo, de forma tão cruel?

Enquanto as lágrimas escorriam, percebi que a jornada à frente seria ainda mais desafiadora do que eu jamais imaginei. Agora, não se tratava apenas de reconciliar o passado, mas de encarar uma traição que parecia intransponível.

Eu não sabia como, mas sabia que precisava encontrar forças para seguir em frente. Vinícius precisava de uma mãe forte e determinada, alguém que pudesse ser seu alicerce em meio a essa tempestade.

Com o coração partido, comecei a reunir os pedaços de mim mesma, determinada a encontrar uma maneira de enfrentar esse novo capítulo da minha vida. A dor era avassaladora, mas dentro de mim ardia uma chama de resiliência e uma determinação feroz de proteger o meu filho e encontrar a minha própria felicidade, mesmo que fosse por caminhos inesperados.

Com as lágrimas ainda molhando meu rosto, tomei uma decisão que mudaria o curso da minha vida. Bloqueei Liebert, cortando os últimos fios que ainda nos ligavam. O silêncio que se seguiu era ensurdecedor, mas era o que eu precisava para encontrar minha própria voz.

Caminhei até meu quarto, determinada e com a mente focada. Comecei a arrumar nossas malas, cuidadosamente dobrando cada peça de roupa de Vinícius. Cada movimento era uma afirmação da minha determinação em proteger o meu filho e a mim mesma.

Peguei minhas economias, um tesouro que eu havia guardado com cuidado ao longo dos anos. Era o suficiente para nos sustentar por um tempo, para nos dar a chance de recomeçar em um lugar onde ninguém nos conhecia.

Ao telefone, reservei uma passagem para um país distante, um lugar onde pudéssemos começar de novo, longe das sombras do passado. Era uma decisão ousada, mas era a única escolha que fazia sentido naquele momento.

Não voltaria para a casa dos meus pais, pois sabia que lá encontraria julgamento e recriminação. Não queria ouvir as palavras de triunfo do meu pai, não queria que me dissesse que estava certa em ter me afastado de Liebert.

Eu estava indo embora, e nem mesmo meus pais saberiam onde encontrar-me. Era uma partida silenciosa, uma forma de recuperar o controle sobre o meu próprio destino.

Enquanto fechava a última mala, senti uma sensação de alívio misturada com um frio na espinha. Estava prestes a embarcar em uma jornada desconhecida, mas era uma jornada que eu estava disposta a enfrentar com coragem e determinação.

liguei para a professora de Vinícius, e falei-lhe, que pegarei meu filho la. Pois, estaremos viajando de última hora. E assim, eu fiz.

Com Vinícius ao meu lado, saímos pela porta, deixando para trás o passado e abraçando o futuro incerto com as mãos tremendo de expectativa. Era o começo de uma nova vida, e eu estava pronta para enfrentar qualquer desafio que viesse pela frente. Sai da cidade onde eu vivi por muitos anos, onde eu cresci e brinquei na minha infância. Guardei todas as lembranças no meu coração, e não olhei para trás.

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