Depois do susto de ontem, Liebert e eu discutimos feio. Relembramos o passado, e eu joguei na cara dele tudo o que me feriu. Cada palavra, cada mágoa. Após ele ir para uma das chácaras, entrei em casa com os nervos à flor da pele e fui direto dormir. Adormeci rápido, graças à quantidade de vinho que eu tinha ingerido.
No dia seguinte, segui minha rotina como de costume. Acordei cedo, tomei um remédio para a dor de cabeça que me incomodava. Desci para a cozinha, preparei meu desjejum e deixei o café da manhã do meu bebê pronto. Helena, a funcionária de casa, estava trabalhando hoje. Ela não vem todos os dias; mamãe preferiu assim. Tem semanas em que os dias são corridos, e outros, mais tranquilos.
Deixei Vinícius sob os cuidados dela e fui procurar mamãe e papai, que estavam cuidando dos cavalos. Mas acabei me perdendo, pois errei o caminho. E foi aí que dei de cara com uma cachoeira. As águas cristalinas, azuladas, me deixaram sem palavras.
Fiquei ali parada, admirando aquele cenário deslumbrante. Tirei minhas roupas, ficando apenas com a peça íntima, e mergulhei na água com tudo. Estava deliciosa, nem fria demais, nem morna. Deixei que a correnteza suave conduzisse meu corpo. Fechei os olhos, respirei fundo e me permiti aquele momento de paz, raro nos últimos tempos.
— Não deveria andar por aí sozinha. — A voz masculina me arrancou dos devaneios.
Abri os olhos e encontrei Liebert, sentado sobre uma pedra enorme, me olhando com um brilho íntimo nos olhos, aquele tipo de olhar que sempre me tirava do prumo.
— Está me seguindo? — perguntei, com a voz firme.
— Não. Não sou eu quem tem esse costume — respondeu, com cinismo.
— O que está insinuando? Que fui eu quem segui você quando flagrei o beijo com a sua secretária naquele café?
— Eu não disse nada — respondeu ele, sorrindo, provocador.
Liebert então começou a tirar as roupas, sem cerimônia, e entrou na água. Meu coração acelerou no peito quando vi que ele tinha feito algumas tatuagens nas costas. A visão mexeu comigo de um jeito que eu odiei admitir.
— Sua mãe nunca te ensinou que não se deve olhar alguém tirando a roupa?
— E você quer esconder o quê? Eu já vi tudo isso antes. E agora, pra ser honesto, não me interessa mais. Fique tranquilo, não faço questão.
— Tem certeza? Não está com saudade? De tocar, de olhar, de desejar? — disse ele, com aquele sorriso zombeteiro nos lábios.
— Não, muito obrigada. — Saí da água, com firmeza.
Mas Liebert não deixou barato. Me puxou de volta, colando seu corpo molhado ao meu. Com uma das mãos, apertou a minha bunda com força.
— O que pensa que está fazendo, seu cretino?! — Reagi, empurrando-o, colocando os braços entre nós dois, tentando me soltar, mas ele me segurava firme.
— Estou matando a saudade que sinto de você, Brenda — murmurou, aproximando seus lábios dos meus e tocando-os devagar. — Volta pra mim, eu te suplico — disse ele, fazendo meu corpo estremecer.
— Quando uma relação termina, não tem volta. Ainda mais quando há traição envolvida — respondi, tentando manter a raiva na voz.
— Eu não te traí, aquilo foi um mal-entendido — disse, antes de tomar meus lábios num beijo quente e intenso. — Me dá outra chance. Eu mudei, posso ser diferente. Me adaptar a você, ao seu jeito. Vamos viver a nossa vida, Brenda. Eu preciso de você.
— Não, Liebert. Não existe chance nenhuma. — Me soltei de seus braços, ainda sentindo o formigamento do beijo.
Me xinguei mentalmente por ter deixado que ele se aproximasse. Por ter permitido que me tocasse e me beijasse. Meu corpo ainda estava em êxtase, querendo mais, e minha boca sentia falta da dele. Mas não posso me permitir cair de novo. Não por causa de um beijo.
Vesti minhas roupas, com pressa, e saí pela trilha sem olhar pra trás. Liebert me chamava feito louco, mas ignorei. Até perceber que ele estava vindo atrás de mim.
— Está indo na direção errada — disse ele, segurando meu braço, me forçando a olhar para ele.
— Ah, é? E por que veio por esse caminho, então? Hein? — Me desvencilhei de seu toque.
— Porque vim te avisar que esse não é o caminho certo — respondeu com obviedade. — Agora vamos.
Ele caminhou à minha frente, ainda só de cueca. Ele estava mais musculoso, mais bonito, mais... sexy. Não vou mentir: a vontade de apertar aquele par de nádegas perfeitas passou pela minha cabeça.
— Não vou com você — declarei, parando no meio da trilha, cruzando os braços, firme.
— Então fique aí. — Liebert me deixou para trás e seguiu sozinho.
Olhei ao redor. Percebi que realmente estava perdida. Continuei pelo caminho que achava ser o certo, mas quanto mais andava, mais confusa eu ficava. Voltei pelo mesmo caminho de antes e cheguei novamente à cachoeira. Que droga.
De repente, ouvi barulhos entre os galhos e fiquei assustada. Chamei, perguntei se havia alguém, mas não houve resposta. Vesti a roupa rapidamente, atenta. Continuei olhando para onde o som vinha. E, para minha surpresa, ou irritação, Liebert saiu do mato, com cara de quem queria me pregar um susto.
— Não foi embora? — perguntei, irritada.
— Fui e voltei pra te buscar. Agora vamos — disse, pegando minha mão.
— Por que veio me buscar se me deixou sozinha aqui?
— Você disse que não vinha comigo. O que eu podia fazer? — Ele me olhou. — Prefere ficar perdida do que aceitar ajuda?
— Mil vezes — retruquei. — Não vou com você. Não é uma boa companhia, principalmente pra mim, que sou comprometida — menti, com raiva.
— Não seja teimosa, Brenda. Vamos logo. Tenho ensaio mais tarde — reclamou. — E essa história de estar comprometida... a gente vai conversar depois.
— Não vou com você. Está surdo ou o quê? — parei outra vez. — Não quero ficar te devendo favores.
— Ok, Brenda, você pediu por isso — disse ele, e em seguida caminhou até mim, me pegou nos braços e me jogou no ombro como se eu fosse um saco de cebolas.
Gritei, esperneei, o soquei nas costas. Mas ele apenas ria e dava tapas na minha bunda. Já estava doendo, então parei de lutar e aceitei a humilhação silenciosa.
O caminho era mesmo certo. Em uma certa distância, ele me colocou no chão. Sem dizer nada, saí praticamente correndo dele. Assim que avistei a casa, acelerei o passo e entrei sem olhar para trás, ignorando completamente sua voz me chamando.
Entrei ofegante, o coração acelerado, o suor escorrendo no rosto. Tranquei a porta e me encostei nela, tentando recuperar o fôlego. Aliviada, finalmente me senti segura.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Diana Áraujo
fala tanto q traiu,beleza q foi traída, traição não tem perdão. Percebeu q está traindo tbm, sendo q está escondendo o filho do pai
2025-03-24
1
Adryelle de jesus😍
ela deveria pelo conversar direito enves de fica gritando.
2025-03-14
2
Adryelle de jesus😍
ela deveria pelo conversar direito enves de fica gritando
2025-03-14
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