Capítulo 04

Acordei cedo com o barulho do celular anunciando uma chamada. Movimentei-me devagar sobre a cama, peguei o aparelho e atendi. Era a minha mãe, que estava ligando.

— Oi, filha, bom dia — cumprimentou ela, toda eufórica.

— Bom dia, mãe — respondi, ainda com os olhos fechados de sono. — Aconteceu alguma coisa? Me ligou tão cedo...

— É que, como hoje eu sei que está de férias, queria que viesse passar algumas semanas, ou até meses, comigo. Seu pai quer vê-la, meu anjo.

— Ah, mãe! Seu convite veio na hora certa. Quero dar um tempo dessa cidade. Me aguarde que mais tarde estou chegando aí — falei animada.

— Traga o meu netinho. Quero enchê-lo de beijinhos! — disse ela, me fazendo sorrir.

Bom, os meus pais moravam aqui na cidade comigo, mas quando me casei, decidiram ir morar no chalé deles, que fica fora da cidade. Foi ideia do meu pai, com o sonho de ter seu próprio negócio. Construíram mais chalés para alugar para visitantes e turistas. Achei a ideia maravilhosa e apoiei os dois desde o começo.

Meu pequeno ainda dormia. Então, antes de acordá-lo, fui até o banheiro, fiz minha higiene matinal, depois me arrumei, preparei o café da manhã e tomei enquanto olhava o celular. Algumas notificações surgiram na tela, o Google me mandando notícias de sites de fofoca, como sempre.

Cliquei em uma. Era Liebert. Ele aparecia acompanhado de uma mulher lindíssima. O site especulava um novo romance, já que os dois foram vistos tomando café juntos.

Fechei a página com raiva. Uma raiva que surgiu tão forte, como nunca havia sentido antes.

Terminei de tomar meu café e fui ao quarto preparar a mala. Eu realmente precisava dar um tempo dessa rotina. Mesmo depois de dois anos sem ver Liebert, percebi, naquela foto, que ele estava mais bonito do que eu me lembrava. Mais musculoso. Talvez esteja mesmo treinando, ele tem uma academia em casa, afinal.

Afastei os pensamentos, acordei meu filho, o arrumei, dei o café da manhã, e logo depois pegamos nossas malas e seguimos para o ponto de táxi. O último táxi tinha acabado de sair quando cheguei. Tive que esperar mais um tempo. Por sorte, encontrei um amigo de infância que ia para outra cidade e passaria pela mesma estrada que leva até o chalé da minha família.

Foram quatro horas de viagem, e conversamos o caminho inteiro sobre tudo o que vivemos na infância. Rick estacionou o carro em frente ao chalé, e saí com ele. Pegou minha mala, ajudou a levar até a porta, se despediu e seguiu viagem.

— Filha, que bom ter você por aqui conosco! Estávamos com saudades — disse papai, me abraçando, depois pegou Vinícius no colo, brincando com ele, que sorria cheio de felicidade.

— Ah, pai, também estava com saudades. Depois que vocês vieram pra cá, nunca mais quiseram saber da cidade, né? — falei, abraçando mamãe.

— Ah, filha, você sabe como é seu pai. Depois que se entoca num canto, só sai na marra — sorrimos com seu comentário.

— Venha, vamos andar um pouco. Quero te mostrar a obra que fizemos aqui e o quanto está sendo lucrativo pra gente — papai se mostrou animado.

Vesti uma roupa apropriada para andar, coloquei umas botas e fui com eles. Deixei Vinícius aos cuidados da funcionária de confiança da família. Ele ficou brincando no tapete da sala.

Observei cada detalhe do lugar. Papai criava 200 cabeças de gado, fora os bezerros novos. Também havia um curral com vinte cavalos de raça. A cada mês ele organizava uma vaquejada que atraía muita gente. Mas o mais maravilhoso de tudo era a cachoeira. A água era limpa, azul, tão cristalina quanto o céu.

— Nossa, papai… vocês têm um paraíso aqui. Agora entendo por que nunca quiseram voltar pra cidade. Até eu não sei se quero voltar — falei, com vontade de me jogar naquela água e não sair mais.

— E isso porque ainda não te mostramos as plantações de hortaliças e frutas — disse papai.

— Aqui é enorme, filha. Quando partirmos, será tudo seu. Você é nossa única herdeira. É uma mulher de sorte por ter isso tudo — disse mamãe, com carinho.

— Não falem nisso agora. Não quero que vocês partam nunca — abracei os dois com força.

Depois seguimos pelo terreno todo. Fomos até a horta, andamos a cavalo… o dia foi animado e exaustivo. Agora eu precisava descansar. A noite estava linda. E ali, naquele lugar, parecia ainda mais especial. A lua cheia iluminava tudo. Peguei um café bem quente, fui para a varanda, me deitei na rede e fiquei apreciando a paisagem.

Vinícius estava comigo, quase dormindo. Passou o dia inteiro brincando, explorando cada canto da casa dos avós.

— A lua está linda essa noite.

Uma voz masculina me tirou do meu silêncio. Levantei o olhar.

— Sim — respondi, vendo um homem alto, loiro, bem vestido sentar-se no batente da porta.

— Prazer. Sou Kelson Willian. Sou modelo, bem conhecido nos Estados Unidos — disse ele, simpático.

— Só o que me faltava... mais um modelo pra atazanar a minha vida — murmurei.

— O quê?

— Nada — disfarcei. — Estava dizendo que… ótimo. Então, o que veio fazer aqui, tão longe?

— Vim visitar minha família, que mora em outra cidade. Mas como era longe, fiquei por aqui essa noite. Amanhã cedo, sigo viagem — explicou.

— Que bom. Então tem raízes por aqui — falei, tomando meu café.

— Tenho sim. Na verdade, nasci aqui. Estudei, me formei e decidi seguir carreira como modelo. Tinha um ator que eu admiro muito… sou fã dele. Me inspirei nele pra seguir nessa profissão — disse, sorridente.

— É? E quem é ele? — perguntei, levando a xícara até os lábios.

— Liebert Drumond.

Cuspi o café na hora. Tapei os ouvidos do meu filho, como se isso o impedisse de escutar o nome que eu mais queria esquecer.

— O que houve? Engasgou? — ele perguntou, preocupado.

— Não, não se preocupe — falei. — Não se aproxime de mim, com todo respeito. Nada contra você, mas… tenho alergia a atores e modelos bonitos — respondi, parecendo engraçada. Ele sorriu e recuou.

— Tudo bem. Mas você está bem mesmo?

— Estou ótima, obrigada — disse com vontade de socar a cara dele. Queria dizer pra se inspirar em alguém que preste, mas fiquei quieta.

Conversamos por mais algumas horas. Ele foi embora, e eu entrei. Coloquei Vinícius no berço que mamãe tinha comprado especialmente pra quando viéssemos, e fui me deitar pra descansar um pouco.

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Comments

🦊Guminho🦊

🦊Guminho🦊

bom , ele traiu ela , mas nada justifica ela esconder a criança , ele e a criança perderam tudo o que tinham direito

2025-03-07

5

Sandra Regina Castro

Sandra Regina Castro

Poxa..e o filho? ele nem sabe que existe...isso é maldade

2025-03-01

1

Vó Ném

Vó Ném

Ele traiu ela, mas o bebê é filho dos dois?

2025-03-22

0

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