Capítulo 13

Eu me sinto feliz por estar participando da vida do meu filho. Porém, queria ter participado desde o início. Ter acompanhado Brenda em todas as ultrassonografias, ouvido o coração do meu pequeno bater, tê-lo visto nascer. Ter assistido aos seus primeiros passos, ouvido suas primeiras palavras. Foi algo que foi arrancado de mim.

Conheci Vinicius em tão pouco tempo, mas dentro de mim parece que o conheço há anos. É um sentimento bom, algo que nunca havia vivido antes. Um sentimento paterno. Eu nunca havia sentido isso em toda a minha vida. Tenho vontade de protegê-lo, de abraçá-lo.

Quando Brenda me disse que minha secretária, Laila, sabia de tudo, escondi a raiva que senti queimar por dentro. Sei que não é da conta dela a minha vida pessoal, mas se ela tivesse me falado que Brenda estava grávida, as coisas não teriam se complicado da forma como se complicaram. Eu teria sabido da existência do meu filho. Talvez Brenda e eu teríamos nos reconciliado e estaríamos juntos, criando nosso filho. Teríamos uma vida feliz juntos até hoje.

Depois de uma longa conversa, me despedi do meu filho e vim para casa. Uma semana se passou e não fui mais vê-lo. Não porque não quisesse, mas porque estou sobrecarregado de trabalho. Acabei acumulando tudo por ter adiado, e agora tudo veio de uma vez para ser resolvido.

Um dia exaustivo de trabalho, saindo de um compromisso e entrando em outro. Agora, estou na sacada do meu apartamento, tomando um vinho e sendo observado pela maravilhosa lua que ilumina a noite. Dificilmente, quando estou sozinho, não lembro de Brenda.

Recordo-me dos seus beijos, do cheiro, da risada gostosa. Do seu jeito descontraído, do seu corpo quente sobre o meu. Minha vida sem ela não tem graça, e é assim que me sinto. Sinto-me como alguém que não tem metade de um coração. Há um vazio imenso em mim, um vazio que nunca é preenchido.

Estava arrasado com minha situação. Por isso, tentei convencê-la a vir morar em um dos meus apartamentos na cidade. Quero ter a oportunidade de reconquistá-la. E sei que, com jeito e mudança da minha parte, terei Brenda novamente em minha vida. Ela e meu filho.

Eu errei feio, eu sei. E tenho consciência do meu erro, não vou dizer que não. Mas daria qualquer coisa para que tudo isso que estou passando fosse apenas um pesadelo. Porque me divorciar de Brenda foi uma das coisas mais difíceis que fiz na vida. Mesmo após dois anos do divórcio, ainda sinto. Parece que foi ontem que tudo aconteceu.

Levantei-me abruptamente da cadeira e arremessei o litro de vinho contra a parede, quebrando também a taça. Passei as mãos pelo meu rosto, tentando acalmar a fúria que sentia naquele momento.

Meu celular tocou no bolso da calça social. Peguei e atendi, vendo que era minha mãe, que estava ligando.

— Oi, filho, como está? Vi hoje no jornal que você é o modelo favorito do mundo. Me sinto orgulhosa de você.

— Bem, na medida do possível, mamãe. A senhora sabia que tem um neto? Tenho um filho lindo com Brenda.

— Com aquela sua ex-esposa? Aquela mosca morta te deu um filho?

— Não a chame assim, mamãe, por favor. Não há motivos para odiá-la, pois o errado fui eu.

— Seu pai foi um grande ator, fazia novelas todos os dias. Beijava mulheres diferentes, mas jamais o larguei por isso. E sabe por quê? Porque eu o amava e suportei tudo. E ela, só por causa de um beijo, fez todo esse alvoroço? É inacreditável que, depois de dois anos, continue pensando nessa mulher. E esse filho? Pode ser de qualquer outro, menos seu. Esqueça essa mulher, filho. E outra, ela não merece um só minuto dos seus pensamentos.

Brenda tem um espaço na minha vida que nenhuma outra mulher conseguirá preencher. Ela não tem apenas um minuto dos meus pensamentos. Tem muito mais que isso. Brenda me tem por completo. E eu não sei se vou conseguir suportar esse enorme vazio. Nos dias em que não pude vê-los, tenho me sentido mal.

— Já terminou, mamãe? — indaguei, massageando a minha têmpora.

— Você precisa de uma oportunidade. É isso, dê uma oportunidade para conhecer novos amores, novos caminhos.

Depois de ouvir todas aquelas baboseiras, fiquei conversando com ela mais alguns instantes. Mas, dessa vez, Brenda não foi o alvo da conversa. Mamãe sempre deixou claro que não se dava bem com ela, por esse motivo, eu sempre evitava trazê-la na minha casa. E quando ela soube que eu havia me separado, deu graças a Deus. É possível que tenha até feito uma festa para comemorar.

Arrumei-me, entrei no meu carro e segui para fora da cidade. Eu havia prometido ao meu filho que iria buscá-lo para passar alguns dias comigo e conhecer a cidade. Mas, como minha semana foi bem corrida, só agora estou indo buscá-los. Olhei no meu relógio de pulso e já marcava 20:10h da noite.

Assim que cheguei ao portão, para o meu azar, dois cachorros enormes começaram a latir. Se eu tivesse entrado, já teria sido devorado por eles. Meu ex-sogro apareceu nas sombras, estava armado com uma espingarda.

— O que veio fazer a essa hora aqui?

— Acho que o senhor não deveria andar com essa arma assim. Já basta esses cachorros enormes — comentei, me segurando para não sorrir. Ele estava sério, até demais, eu diria.

— Você é muito engraçadinho, rapaz — disse ele com a face fechada.

Foi questão de segundos para começar uma discussão ali entre nós dois. Não custou muito para que eu visse Brenda e dona Ayla, que vieram saber o que estava acontecendo. Dona Ayla perguntou o que estava acontecendo. Eu expliquei, enquanto o velho fazia questão de dizer que não sou bem-vindo ali. Só conseguia prestar atenção em Brenda, que estava vestida em uma camisola de seda. Ela percebeu meu olhar e se cobriu rapidamente. Suas bochechas estavam bastante coradas, por ter sentido vergonha.

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