Brenda entrou em casa, me ignorando completamente, apesar dos meus chamados insistentes. Sem ter o que fazer, retornei para a chácara onde estou hospedado, pronto para o ensaio fotográfico que seria feito no campo. Meu diretor já havia conseguido autorização com a dona do lugar, minha ex-sogra, Ayda. Tomei um segundo banho, tentando esfriar a cabeça, e me vesti com calma, pronto para o trabalho. A equipe de fotógrafos com certeza já estava me esperando, e eu estava atrasado. Se não fosse pela teimosia da Brenda, já teria voltado há muito tempo, sem esse atraso.
Enquanto ainda me observava diante do espelho, fechando os últimos botões da minha camisa, meus pensamentos se voltaram a ela. A Brenda. Pensei em tudo o que vivemos, nas risadas, nas noites juntos, nas discussões e nos beijos que pareciam não ter fim. Me lembrei das madrugadas em que a observava dormir, da forma como ela bagunçava a casa, dos cafés que me servia na cama. Se ela soubesse o quanto ainda sinto falta daquele corpo e daquele jeito doce, voltaria pra mim na hora. Um sorriso idiota surgiu nos meus lábios só de lembrar do seu perfume, do seu olhar.
Assim que terminei de me arrumar, fui até o local onde o ensaio aconteceria. Passei praticamente a tarde inteira posando para as câmeras. Em vários momentos, percebi que me distraía. Meus pensamentos voltavam para Brenda com frequência. E não é qualquer um que consegue isso comigo. Só ela. Só Brenda.
— Encerramos por hoje — disse Lucas, meu fotógrafo. — Pessoal, podem desmontar o equipamento. Vamos encerrar aqui — concluiu, vindo até mim com passos firmes.
A poucos metros de onde estávamos, observei um garotinho de aproximadamente dois anos brincando com uma bola. Ele estava acompanhado por uma mulher que parecia ser a babá ou talvez uma funcionária da casa. O menino me chamou atenção de imediato: cabelos castanho-escuros, pele morena clara e uma expressão serena no rosto.
Na hora, lembrei de quando Brenda falava sobre termos filhos. Era um dos sonhos dela. Dizia que, se fosse menino, se chamaria Vinícius. E se fosse menina, Luiza. Eu, sinceramente, nunca quis uma criança em casa. Não era por falta de amor. Eu a amava, ainda amo. Mas confesso que sentia ciúmes. Pensava que um bebê ocuparia o tempo e o carinho que antes eram todos meus. Hoje entendo como isso era egoísmo e imaturidade, mas era assim que eu me sentia na época.
— Vai voltar pra cidade hoje? — perguntou Lucas, colocando a mão no meu ombro com aquele ar descontraído de sempre.
Desviei o olhar do garoto e me virei para ele.
— Sim, preciso voltar. Tenho uma gravação importante amanhã. Não posso faltar de jeito nenhum.
— Qual das gravações? — ele perguntou, com um sorriso sugestivo. Eu já sabia no que ele estava pensando.
Essa semana, um diretor da indústria pornô entrou em contato comigo. O cara praticamente implorou para que eu assinasse um contrato com eles. O papel seria simples: atuar com duas mulheres em uma cena explícita. E mais: me ofereceu a liberdade de escolher uma delas, inclusive podendo ser alguém de fora da agência. Mas o que ele queria mesmo era filmar minha bunda. Disse, sem rodeios, que era bonita e empinada. Quando ele soltou isso, desliguei na cara dele.
— Não começa com gracinha — respondi, rindo, entrando no clima da piada.
— Ah, qual é! Você podia ter aceitado. Imagina só, falava com a sua ex-esposa... tudo se resolvia num filme só — brincou Lucas.
— Você acha mesmo que a Brenda aceitaria uma proposta dessas? Virar atriz pornô? Você tá completamente louco — respondi, enquanto voltava a olhar para o garotinho, que havia caído e começado a chorar.
— Nunca se sabe. Faz uma proposta. Vai que acende aquela chama — falou Lucas, antes de se afastar, me deixando sozinho com meus pensamentos bagunçados.
Aproveitando o fim do ensaio e o silêncio ao redor, caminhei até a mulher que estava sentada em um banco, tentando acalmar o menino que tinha caído. Enquanto me aproximava, as palavras de Lucas ainda ecoavam na minha mente. Por mais absurda que parecesse, a ideia me fez pensar. Ter Brenda de volta, mesmo em um contexto insano, me despertava algo.
O garotinho se acalmou e voltou a brincar. Em pouco tempo, chutou a bola, que veio parar aos meus pés. Me abaixei, peguei a bola e sorri.
— Oi, campeão — falei, ficando na altura dele. Ele me encarou e mostrou a bola. — Qual o seu nome?
A mulher se levantou, indo em nossa direção. Pegou o garoto com certo receio, me olhando como se eu fosse um estranho perigoso.
— Calma, senhora. Não vou fazer mal nenhum — disse, tentando tranquilizá-la. Ela relaxou um pouco, e então olhei para o menino novamente.
— Vinícius — respondeu o garoto.
Meu coração apertou. O nome. O mesmo que Brenda escolheria. Meus olhos buscaram os dele. Castanhos claros. Iguais aos meus. Por um instante, perdi o fôlego.
— Nome bonito, Vinícius — falei, com um sorriso engasgado.
— Vamos, meu amor. Está na hora do banho e do jantar — disse a mulher.
— Você é a mãe dele? — perguntei, ainda em choque com o que ouvira.
— Não, senhor. Ele é filho da filha da minha patroa — respondeu, de forma tranquila.
Entreguei a bola e caminhei ao lado deles por alguns passos. Mas meu celular tocou no bolso e precisei atender. Fiquei para trás.
— Alô?
— Precisamos da sua resposta sobre o contrato. Aqui é o assessor do senhor Luide Ferrar — disse uma voz formal do outro lado.
— Já respondi. Diga ao Luide que não estou interessado.
— O senhor tem certeza? São quatorze milhões. É uma proposta generosa.
Suspirei fundo, firme.
— Agradeço a oferta, mas minha prioridade agora é minha carreira como fotógrafo. Não estou disposto a abrir mão disso.
— Entendido. Se mudar de ideia, a proposta continua em aberto.
Desliguei. Um alívio invadiu meu peito. Eu estava no caminho certo.
No dia seguinte, voltei ao campo para uma última sessão de fotos. O sol brilhava forte, iluminando tudo. Cada clique da câmera traduzia minha dedicação. Meu diretor queria que eu voltasse à cidade, mas decidi ficar mais alguns dias. Algo aqui ainda precisava ser resolvido.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 49
Comments
Miriene Ferreira
Que cara nojento 🤮
2024-11-21
1
Miriene Ferreira
Homens pensa que mulher tem perereca de borracha quer toda hora meter saudades com corpo e o sentimento e a convivência não conta o respeito
2024-11-21
0
Zulma Oliveira
é verdade perece boa mesmo
2024-11-06
0