Capítulo 18

Freya...

Era madrugada, Apollo havia saído da cama as pressas depois que Andreas informou que a fronteira com o Reino de Outono havia sido invadida, ele não me falou o que iria fazer, apenas de apressou em vestir as calças e correu pelas escadas acompanhado do irmão que já estava devidamente vestido e armado. Corri até a janela a tempo de ver os dois galopar noite afora, não consegui dormir depois disso.

Algumas horas haviam se passado desde então e minha mente estava tão cheia de preocupação que não conseguia me concentrar no livro em minhas mãos, por isso decidi ir até a cozinha pegar algo para comer. Estava na metade dos degraus da enorme escada de marmore preta que dava ao segundo andar, os os quartos ficaram quando a enorme porta de madeira na frente da mansão de abriu e Apollo entrou arrastando um Andreas ferido desacordado em seus braços. Meu coração pulou do peito quando vi a cena, minhas mãos começaram a suar e a medida que descia as escadas aos tropeços, meu estômago se revirou.

Cheguei a mesa redonda no centro do saguão que dava aos demais cômodos da casa antes de Apollo, tentei empurrar o enorme jarro de rosas mas o peso se chocou contra mim. Apollo se aproximou e com o braço livro jogou o jarro para longe que quebrou ao se chocar contra a parede a esquerda jogando água e flores por todo o chão. Ele não parece ter se importado com isso, apenas jogou o irmão na mesa e rasgou sua camisa revelando três cortes que iam no pescoço até abaixo da barriga, cortes que jorravam sangue já empoçava a mesa e o chão. Uma bacia e algumas toalhas surgiram próximo as pernas de Andreas no mesmo instante em que seu corpo se chocou contra a mesa, corri até lá pegando uma das toalhas e mergulhando na água morna antes de torcer e colocar sobre os cortes.

— O que fez isso com ele? — Questionei afastando o cabelo de seu rosto agora pálido e manchado de sangue. Apollo com as mãos na cabeça parecia desesperado demais para ter me escutado — Apollo — Ele me olhou, pânico e desespero estampava seu rosto e seus olhos.

— Ele foi atacado por Oniskru — Eu não sabia o que era, mas pelas marcas de garras longas e profundas no peito de Andreas, eu já podia imaginar que tipo de criatura poderia ser — Eu me distrai por um segundo e... — Seus olhos estavam perdidos, como se estivesse revivendo algo, ele continuo repetindo "um segundo" enquanto olhava para o corpo inerte do irmão sobre a mesa.

— Apollo, você tá ferido?

Eu não conseguia ver nada por baixo de todo o sangue que cobria a camisa verde que usava, seus braços e pernas também estavam cobertos de sangue, assim como partes do seu cabelo e rosto. Ele não respondeu, nem sequer pareceu ter me escutado. Analisei ele em busca de sangue jorrando ou pulsando, mas não tinha nada, todo o sangue já estava secando em suas roupas. O sangue de seu irmão.

Molhei mais algumas toalhas e as coloquei sobre os cortes os limpando, a água na bacia já estava vermelha com todo aquele sangue que descia pelas laterais da mesa e empoçava o chão e meus pés descalços. Limpei o máximo que pude dos ferimentos que agora paravam de jorrar sangue e iniciava o processo de cicatrização.

Eu li sobre isso também, como alguns ferimentos demoram mais do que outros, como alguns são tão profundos e letais que podem mata-los ou deixar cicatrizes, como a que Andreas tem do pescoço até o quadril, ou o corte que Apollo tem em suas costas que vai até sua cintura.

Notei o corte a algumas noites enquanto ele dormia de barriga para baixo, tateei meus dedos pela saliência na cicatriz esbranquiçada e seu corpo se arrepiou em resposta, não perguntei o que havia feito aquilo, nem mesmo contei que havia notado tal cicatriz, mas o meu corpo gelou ao perceber o quão gravemente ferido ele havia sido para que aquela cicatriz nunca tivesse sumido da sua pele perfeitamente limpa.

Andreas se mexeu, apesar da sua respiração ainda está fraca em lufadas rigorosas, ele moveu os ombros levemente quando toquei a parte mais profunda do corte em seu peito com a toalha. Seus olhos estremeceram e Apollo de aproximou tão rapidamente que eu mal notei sua aproximação até suas mãos estarem segurando o rosto do irmão em concha. Andreas mexeu de novo, sua boca de abriu levemente, nós dois nos aproximamos mais dele para ouvir o que quer quê ele diria.

— Me diz que você cortou o desgraçado em dois? — Sua voz estava fraca e estremecida, foi quase um sussurro com dificuldade, mas seus lábios se elevaram levemente em um sorriso torto com dificuldade. O choque parece ter atingido Apollo com tanta força que ele levou alguns segundos para entender que o irmão estava falando com ele.

— Em três na verdade — Sua voz era um misto de alívio e pavor. Ele sorriu e eu pude ver a tensão deixar seus ombros no momento que ele encostou a testa junto com a do irmão.

O mesmo alívio percorreu meu corpo fazendo meus ossos estremecerem, larguei a toalha encharcada com seu sangue ao lado da mesa e me afastei alguns passos vendo a borda de meu vestido verde-água manchados em um vermelho vívido e meus pés molhados e encharcados de seu sangue. O chão verde escuro estava ensopado com a poça que se estendia a medida que algumas gotas e filetes finos de sangue ainda caíam da lateral da mesa.

A cena me fez lembrar de outra poça de sangue, mas está se formava sobre a grama e a fina camada de neve naquele bosque. O sangue dessa mesma família, só que derramado por mim, me lembrei da corpo de Philip jogado sobre a neve, a mão ainda no peito segurando a flecha, os olhos ainda abertos e arregalados com terror e medo. Meu estômago se revirou ao reviver tais memórias e o ar pareceu difícil de respirar a medida que as lágrimas agora desciam em descompasso pelo meu rosto. Levei a mão até o peito na tentativa de arrancar de lá a sensação de esmagamento, mas pareceu em vão. Somente quando duas mãos grandes e quentes em puxaram e braços fortes me envolveram em um aperto reconfortante que eu então consegui respirar, mesmo que com dificuldade.

Respirei fundo tentando acalmar meu coração e minha respiração.  Apollo se afastou alguns centímetros e avaliou meu rosto antes de me abraçar mais uma vez. Meu coração ainda estava acelerado, mas minha respiração estava mais calma e aquela sensação de esmagamento havia passado. Controlei aquela sensação ruim em meu estômago e meu coração desacelerou a medida que os minutos de passaram. Abri os olhos e vi Andreas sentando na mesa com dificuldade, Apollo parece ter feito surgir curativos no irmão e uma faixa que cobriu todo o seu peito. Me afastei de Apollo e fui até Andreas que segurava os curativos com uma mão e a outra apoiava na mesa, seu cabelo estava jogado em seu rosto, um emaranhado de fios negros que pareciam mais escuros molhados por seu sangue. Ele esboçou um sorrisinho de lado quando me olhou.

— Espero que essas lágrimas sejam por mim — Não consegui conter o sorriso, não quando ele me olhou com aquele brilho nos olhos, aquele que eu conhecia mais do que bem, o sorriso do meu amigo.

Não imaginei que me sentiria assim com relação a ele, não quando o conheci, não quando ele fez questão de deixar meus dias piores com piadas e indiretas afiadas, mas agora, olhando naqueles olhos verdes com um divertimento felino e selvagem que também estampava seu sorriso, eu vi um amigo. Me aproximei e o abracei com cuidado, ele levou um tempo, mas então retribuiu meu abraço com certa dificuldade.

— Se contar a alguém que isso aconteceu, vou dizer que é mentira — Ele soltou um gargalhada seguida de um grunhido de dor, me afastei o olhando e então para os ferimentos.

— Relaxa, ninguém acreditaria em mim mesmo.

Apollo se aproximou ajudando o irmão a sair da mesa e a subir as escadas até seu quarto. Subi logo atrás deles e ajudei Apollo a colocar o irmão na cama mesmo com seus protestos para tomar um banho. Não era uma boa ideia, amanhã quando os ferimentos estivessem praticamente todo cicatrizado ele poderia, mas o melhor a se fazer agora, era deitar e dormir.

Voltamos para o quarto depois de acomodar Andreas e Apollo já seguiu para o banheiro retirando as roupas e as largando no caminho. Olhei ao redor do quarto sentindo mais uma vez o alívio passar pelo meu corpo e então retirei o vestido jogando a peça junto a camisa ensanguentada de Apollo e segui para o banheiro, ele já estava acomodado a banheira com a cabeça para trás, ombros relaxados e olhos fechados. Apreciei aquela visão por alguns segundos antes de entrar na banheira. A água quente fez meu corpo estremecer de prazer e então ele me olhou antes de puxar para perto. Passei os dedos pelo seu braço que envolvia meu corpo logo abaixo dos meus seios e apoiei a cabeça em seu peito.

— Tive medo de estar ferido — Minha voz estava baixa, não para que não ouvissem, mas porque tinha medo de falar aquilo em voz alta — Tive medo de te perder — Ele me puxou e me apertou contra seu corpo.

— Você nunca vai me perder — Ele sussurou em meu ouvido fazendo meu corpo inteiro responder aquilo com arrepios — Vou ser seu para sempre — Meus dedos se encolheram com a vibração da sua voz em meu corpo.

Virei na banheiro gigante que poderia acomodar mais duas pessoas e fiquei de frente para ele passando minhas pernas sobre seu colo e unindo nossos corpos nus e molhados. Passei a mão pelo seu rosto gravando cada mínimo detalhe dele e então o beijei.

Um beijo lento e calmo, cheio de promessas que não podíamos fazer em voz alta, cheia de medos que não conseguíamos expôr e cheia de um desejo que começou a crescer e a ferver entre nossos corpos. Ele aprofundou o beijo e eu já podia senti-lo reagir a mim, já podia senti-lo abaixo de mim pulsando e desejando mais.

Deixei que sua língua explorasse minha boca e me permiti explorar seu corpo inteiro antes que ele me levantasse com uma facilidade que ainda me impressionava e me levar para o quarto. Deixei que minha mente esquecesse tudo ao nosso redor e me entreguei a ele como fazia todas as noites, deixei que apenas ele, nossos corpos unidos, nossas respirações e nossos sons fossem a única coisa na minha mente, no mundo. Apenas ele.

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Comments

corrinha

corrinha

aí que lindo que capítulo emocionante 💖💖👏👏

2023-11-14

1

corrinha

corrinha

autora tomara que não tenha matado o Andreas seria muito injusto o Apollo já sofreu a perca do irmão caçula só restava eles dois

2023-11-14

2

Ver todos

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