Adeus mamãe

 

 

    Marina escuta a sirene. Corre sem pensar. Acha que aconteceu alguma coisa com o comboio. Correndo até a entrada pode perceber ao longe tudo que esta acontecendo. Não entende muito bem, sabe que precisa se manter despercebida. Segue mais afastada entre algumas árvores. Quando consegue ver Roberto entrando de carro pensa em correr. Um barulho de quebrar de galhos chama a atenção de Marina, virando lentamente a cabeça vê que se trata de uma raposa infectada. Ela se levanta devagar e anda de costas na direção oposta. A raposa balança a cabeça rápido, como quando um cachorro espirra. Corre para cima de Marina, em seguida da um salto e cai sobre ela como se estivesse pousando. Assim, consegue ter acesso a jugular, mordendo apertado. Marina tenta se desvencilhar, a raposa morde mais forte e sacode mais vezes quando incomodada. A dor é tanta, mas Marina não consegue gritar. Ela observa os carros saindo, vê que Roberto segue para o hospital e pensa que deveria ter aguardado lá mesmo.

 

    Roberto dirige para o hospital. Todos nos carros de trás saíram em seguida, em direções diferentes. No caminho todos no carro observam as pessoas correndo.

 

    Ricardo pulou do banco de trás, assumindo a direção do carro.

_ Seria melhor se eu não tivesse demorado! Agora o portão está fechado. Vamos ter que entrar e ver qual é desse lugar.

    Ricardo entra. 

_ Essa construção aí!

_ É a mais perto!

_ Fabrício aponta e Emerson garante.

_ Então vou pra lá mesmo! Se der merda a culpa é de vocês.

    Eles param o carro na frente da casa da defesa.

_ Deixa essa velha aí! Ela só vai atrapalhar.

   

    A sala de controle onde Gustavo está é  logo na entrada da construção. A parede do corredor é feita de metade em vidro, assim que Ricardo, Emerson e Fabrício entram, avistam Gustavo. Tentam entrar na sala, a porta está trancada. Ricardo bate no vidro, fazendo gestos com falso sorriso gentil.

_ Quando esse moleque vai abrir essa porta?

_ Que barulho foi esse?

    Pergunta Emerson.

    As raposas no final do corredor ouviram as batidas.

_ Parece que vem de lá!

    Fabrício aponta.

_ Vai vocês dois! Vou tentar fazer esse moleque abrir a porta. Leva as pistolas. Pega aqui!

    Ricardo joga uma pistola para Fabrício em seguida outra para Emerson.

_ Cuidem dessas belezinhas.

    Emerson e Fabrício seguem as risadas lentas.

_ Abre garotinho! Precisamos de ajuda.

   Gustavo olha para Ricardo no vidro. Sente medo, não quer colocar os óculos. Acha que a qualquer momento  podem romper a porta.

_ Natália? Tá ouvindo?

_ Sim! Pode Falar!

_ Estou vendo tudo por aqui! Deixa sua sala trancada.  Dois estão indo até aí e darão de cara com as raposas.

_ Então o melhor que temos a fazer é esperar?

_ Mais um pouco. Pelo menos estamos protegidos.

 

    Na casa principal Belizário está preocupado. Ouve o telefone tocar e corre apressado para a sala. Chegando encontra suas filhas e esposa.

_ O que pode estar acontecendo? Avisei que daria merda! Eu sempre aviso! É batata!

_ Pai? Vamos descer?

  Pergunta Bruna.

_ Tenho que atender!

_ Então atende logo! Esperamos você.

_ Alô!

_ Seu Belizário! Sou eu! Gustavo. O senhor precisa acionar o sistema de defesa automático. Agora!

_ O que está acontecendo? Que gritaria é essa?

_ Não temos tempo! Ligue o mais rápido possível!

_ Tudo bem!

    Belizário desliga.

_ Preciso de um minuto.

_ O que está acontecendo?

    Carmem pergunta para Belizário.

_ Não tive tempo de saber. Ele parecia bem nervoso. Eu disse que daria merda! Ninguém escuta.

    Ele segue para o escritório. Carmem escuta um ruído na porta. Em seguida duas batidas.

_ Minhas filhas! Tem alguém na porta.

_ Alguém em casa? Abram por favor!

_ É o Ivan!

_ Abre filha!   

  Samanta abre a porta.

_ Você está bem?

_ Nossa! Me joguei atrás de uns arbustos aqui da frente. Todos correram, as raposas estão pegando todo mundo.

_ Como assim? As raposas?

    Samanta segura em seu braço o puxando para dentro.

_ O senhor está bem? O que aconteceu com as raposas?

_ Sim dona Carmem! Apenas um pouco cansado. Tivemos todos que correr delas!

_ O que aconteceu?

_ Foram infectadas!

_ É o fim! Isso só pode ser uma conspiração sem graça do divino.

_ Não acho que isso seja divino mãe. Acho infernal mais apropriado. Descanse! Vamos esperar o papai voltar para descermos. Vai ficar tudo bem!

_ Na verdade prefiro ir ao quarto primeiro. Vou pegar uns pertences e desço em um minuto.

    Ivan sobe para o quarto.

_ Papai disse que já volta. Agora ele. Mamãe? Que cara é essa? Parece desconfiada.

_ Não é nada Bruna!

_ Voltei!

_ Não disse? Agora que o pai de vocês voltou podemos ir.

_ Ativei o sistema de defesa. Podemos ir?

_ O Ivan foi pegar alguma coisa e disse que está voltando.

_ Não podemos esperar querida! Vamos descer.

_ Ele disse um minuto Belizário! Podemos esperar um pouco. Não seria de bom tom...

_ Silêncio! Escutaram isso? Acho que tem mais alguém na porta.

    Samanta interrompe a mãe. Bruna vai até a porta e coloca o ouvido direito para tentar ouvir.

_ Não ouço nada!

_ Então como eu estava dizendo. Ele pode voltar a qualquer...

_ Espera! Agora escutei. Parece passos e sussurros.

   Todos ouvem algumas batidas aleatórias na porta.

_ Não abre Bruna!

_ Imagina mãe! Deve ser mais alguém querendo entrar.

    Bruna abre a porta. Dois dos colaboradores que foram infectados com as mordidas das raposas entram partindo para cima dela.  Logo em seguida três raposas entram na casa. Todos correm para se salvar. Apenas Samanta consegue se esconder no armário da cozinha. Outros infectados entram na casa. Ivan não ouve os gritos. Estava usando um aparelho, perdeu quando se jogou nos arbustos para se esconder. Subiu ao quarto afim de buscar por outro, não achando, resolveu descer logo para não atrasar ninguém. Ele desce as escadas limpando seus óculos com a blusa. Sem perceber cinco infectados o observam descer. Quando seu pé toca o último degrau coloca os óculos, reparando tudo na sala, toma um susto vendo os corpos no chão. Antes de correr nota estar cercado. Não lhe havia dúvida que o fim acaba de chegar para ele. Seus gritos confirmam mais a ideia de Samanta de ficar escondida. Abrindo um pouco a porta para tentar correr, acaba por ver um par de pernas estiradas na sua frente, logo em seguida ela percebe ser sua mãe, que agora levanta devagar como um deles.

 

    Roberto chega no hospital procurando por Marina. Todos foram para parte subterrânea.

_ Não tem ninguém aqui mano! Vamos descer.

_ Gustavo? Está me ouvindo?

_ Sim pai!

_ Você está bem?

_ A porta está Trancada! Tem um cara aqui dos que vocês trouxeram. Está na porta. Os três estão aqui na verdade. Eles não são pessoas boas.

_ Fiquem aí! Estamos indo! Aqui no hospital todos conseguiram descer. Vamos encontrar sua mãe e Maria logo.

_ Tudo bem!

 

    O sistema de defesa  instalado em toda propriedade busca por alvos.  Os movimentos são muitos e o sistema não está sabendo escolher um momento exato para disparar. Mais um probleminha para ser resolvido, isso caso sobreviva alguém que possa resolver esse deslize. Localiza muitos, abate poucos. Gustavo observa que o desempenho parece fraco. Entende que acontece devido a  modificação para evitar mortes por descuido. Sem contar com as raposas que não foram incluídas como alvos.

_ Natália?

_ O que houve?

_ Busque pelos drones armados! Precisamos ajudar.

_ Não sabemos usar esses!

_ Claro que sabemos! É a mesma coisa. Só preciso do número de série.

_ Tudo bem então!

    Natália se levanta. Antes de dar o primeiro passo, escuta os gritos de Emerson e Fabrício, em seguida diversos disparos.

_ Elas pegaram eles?

_ Sim! Continue aí! Segue o que combinamos. Elas pegaram eles, eles atiraram nelas. Foi só isso. O papai tá vindo pra ajudar.

_ Tá! Tô indo. 

    Ricardo fica em alerta depois de ouvir os gritos dos amigos. Muda a excessiva atenção em Gustavo seguindo a curiosidade. Na verdade quer pegar as pistolas de volta. Chegando no final do corredor nem esboça surpresas. Emerson e Fabrício estão no chão mortos, sangue para todo lado. As raposas também estão mortas, uma ainda presa no pescoço de Fabrício.

_ Eita merda! Pegaram pesado com vocês.

    Ele agacha perto de Emerson e Fabrício, seus corpos estão próximos. Pega as pistolas, se levanta e volta andando.

 

    Roberto, Paula e Júlia chegam na entrada da casa da defesa. Entram apressados e encontram logo Gustavo, que abre a porta de imediato.

_ Ele está voltando! Olha!

    Gustavo aponta para o monitor mostrando Ricardo que acaba de virar no final do corredor.

_ Deixem a porta aberta. Vamos nos esconder, depois rendemos ele.

_ Mas tia! Ele é perigoso e está armado.

_ Também sou! E também estamos armados.

    Todos consentem. Cada um se abaixou como e onde pôde. Gustavo permaneceu virado de costas para porta.

    Do lado de fora, Ricardo se aproxima. Vendo Gustavo de costas achou melhor desistir. Pensou em conferir a maçaneta por desencargo de consciência.

_ Está aberta!

    Ricardo solta um sorriso de conquista. Abre a porta devagar, segue andando lentamente na direção de Gustavo, tentando não fazer barulho.

_ Parado aí amigo!

    Júlia encosta o cano frio da pistola na nuca dele.

_ Eu só queria pedir ajuda.

_ Seu cínico!

    Gustavo coloca o vídeo dele matando o casal em todas as telas.

_ Se você se mexer eu atiro. Roberto pega as armas dele e Paula prenda as suas mãos para trás. Temos que pegar Natália.

_ Isso que estou vendo com ela aqui.

_ Estou ouvindo vocês. Achei os drones. E agora?

_ Veja o número de série debaixo.

_ Oito, cinco, dois, três, nove.

    Gustavo digita.

_ Mais um!

_ Cinco, três, oito, quatro, zero.

_ Tá!

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