Força

 

 

    Antes de abrir os olhos Paula sente suas percepções voltando aos poucos. Sente uma ânsia incontrolável de puxar o ar, César sente alívio por ter feito um bom procedimento e salvado ela.

_ O que você estava fazendo? Não sabe nadar? Levante devagar!

    Paula levanta a cabeça devagar extremamente envergonhada.

_ Sabe ou não sabe?

    Ela acena com a cabeça que sim.

_ Então o que você estava... Espera aí! Você queria se matar?

    Paula começa uma série de tossidas. Em seguida chora de cabeça abaixada.

_ Vamos! Vou te levar para o hospital.

_ Não precisa! Está tudo bem!

_ Claro que sim! Mas precisamos ver se...

_ Vou para casa! Depois falamos sobre isso!

_ Vou com você!

_ Fica tranquilo que não vou tentar me matar no caminho. Quero ir sozinha! Você não devia ter feito isso.

_ Eu insisto! Não adianta tentar me convencer. Sou a pessoa mais chata que você vai conhecer aqui. Aliás, eu fiz o que deveria ser feito, você deveria entender, enfermeiras não fazem isso? Não salvam vidas?

_ Só não fala nada! Não preciso de sermão ok?

_ Entendi! Boca de siri com você. Consegue se levantar?

_ Sim!

    Paula se levanta e segue andando mais um pouco a frente do César. De cabeça baixa ela pensa no que fez e o que poderia ter acontecido se não tivesse sido salva. Ao chegar em casa foi de imediato trocar de roupas, Samanta entra no quarto.

_ Posso entrar?

_ Claro!

_ Está acontecendo alguma coisa?

_ Não! Nada! Acabo de sair do banho...

_ Me refiro aos disparos.

_ Que disparos?

_ Acho que abateram duas pessoas na estrada! Parece que Natália e Gustavo estão sumidos também!

    Por um momento Paula associa as notícias e pensa que Natália e Gustavo estão mortos.

_ Preciso terminar de me vestir! Vou até lá!

_ Vou com você!

_ Não! Sinto que tudo isso não é nada! Fique aqui que vou até o hospital avisar a Marina. Depois vejo com ela!

_ Tudo bem! Mas se precisar de alguma coisa é só chamar.

 

    Roberto e Júlia chegam no gramado e encontram Sílvio e Luiz. Os dois estão prontos com os drones ligados, esses são maiores e menos barulhentos. Seu formato mais robusto engana quanto ao peso. Seu material é feito por um metal extremamente duro e ao mesmo tempo leve. Esse tem um cano meio longo e carregador de ponto cinquenta com cem munições. Foram desenvolvidos para uso exclusivo dos operados da defesa. Tiraram o recuo com um pequeno sistema de ar pressurizado e o barulho do disparo é abafado a fim de não chamar a atenção.

_ Temos dois disparos por segundo! Caso precise é claro!

_ Essa área não registrou infectados! Não precisa de arma.

    Diz Roberto preocupado.

_ Precaução! Fique tranquilo que estamos controlando manualmente.

    Diz Sílvio.

_ Deixa eu ir logo!

_ Espere um minuto! Vou tentar encontrá-los primeiro. Vai facilitar muito, se saíram a pouco tempo pode ser que dê para alcançar eles. Sílvio? Tudo certo? Bateria? Vamos!

   

    Ambos saem com os drones na direção indicada. Eles seguem reto até passar pelo casal tão rápido que o vídeo pega apenas dois vultos.

 

   Natália e Gustavo estão andando rentes ao muro, abaixam a cada saída de disparos. O sistema automático está desligado e eles não sabem ainda. O objetivo deles é chegar até a casa para saber como está a menina. Eles passam pelos corpos tentando não olhar.

 _ Vamos correndo! Eles não podem nos ver!

_ Vai na frente e me obedece. Corre mas não esquece de se abaixar.

    Eles correm até saírem das imediações dos muros. Estão bem próximos de chegar na casa.

    Roberto olha!

    Luiz entrega os óculos para Roberto.

_ Pousei de frente para entrada da casa. O Silvio está acompanhando os dois o tempo todo. Está tudo livre. A próxima casa fica a mais de seiscentos metros. Eles estão chegando agora.

    Eles entram na casa e não encontram a menina.

_ Olá! Tem alguém em casa? Somos amigos. Gustavo! Olha no banheiro que vejo no quarto!

    A casa é muito pequena a cozinha é a parte maior, com chão de barro. Ao sair do banheiro Gustavo não acha nada, dando de encontro com Natália no pequeno corredor para cozinha.

_ Só pode estar aqui. Nada no quarto.

_ Vai pela esquerda, cuidado com as panelas.

_ Que tem? Você tem altura pra bater nelas. Eu não!

_ Tá Gustavo. Já entendi. Vai!

    A menina está debaixo do fogareiro. Escondida entre as cinzas. Gustavo consegue enxergar suas pernas e avisa Natália apontando na direção com extremo ar de surpresa.

 

    Natália se aproxima lentamente da menina. Se ajoelha perto dela afim de alcançar a altura de seus olhos. Existem marcas de lágrimas cortando as sujeiras das cinzas em seu rostinho.

_ Olá! Eu sou a tia Natália. E como você se chama?

    Ela não responde.

_ Tem água e uns sanduíches aqui! Vou pegar um pra você! Hum... Deliciosos!

    Natália ajuda a pequena a se levantar, a pega no colo notando sua falta de energia. Ela a coloca sentada no pequeno sofá da casa para entregar o lanche.

_ Beba devagar! Vou abrir um de frango.

_ Frango!

_ Ela sabe falar frango ouviu Gustavo?

_ É! Ela é esperta!

   Eles entregam o lanche e ficam abismados com a velocidade com que ela come. Natália se sente na obrigação de cuidar dela por sentir culpa pela morte de seus pais.

 

    Paula vai correndo até o hospital.

_ Marina!

_ Voltou rápido! Pensei que fosse tirar a tarde de folga. Que cara é essa Paula?

_ Natália e Gustavo.

_ Que tem eles pelo amor de Deus!

_ Assim que eu soube vim pra cá. Estão procurando por eles.

_ Vamos achar Roberto!

    Elas correm até acharem todos no gramado.

_ Roberto? Onde eles estão?

_ Calma aí dona! Olha aqui!

    Sílvio entrega os óculos para Marina.

_ Eles estão lá fora?  Como deixaram isso acontecer?

_ Mas está tudo bem querida! Infelizmente os pais da menina que a Natália tanto fala estão mortos.

_ Como?

_ O sistema de defesa. Depois explicamos isso. Mas temos que retirar os corpos! Como iremos fazer?

_ Peguem uma camionete e abram os portões! Talvez estejam vivos!

_ infelizmente foram muitos tiros. Acho que não existe essa possibilidade.

    Diz Luiz.

_ Provavelmente o senhor não é médico. Já vi coisas que muitos médicos diziam ser impossíveis. Então vamos lá buscar eles imediatamente! Isso já deveria estar em curso faz tempo. E as crianças? Vão ficar aí? Como se fosse uma novelinha?

    Paula corre para pegar um carro.

_ Vamos vigiar a volta deles. Luiz é o melhor com esse drone.

_ Vamos! Abra os portões. Vamos Júlia, Roberto, Paula e eu. Temos que sair agora! Roberto digite a senha!

_ Sim querida!

    Roberto corre para o portão e ao digitar todos estavam chegando de carro. Ele digita a senha no primeiro portão e depois novamente no portão principal. Entra no carro, eles seguem até o casal.

_ Paula, pare ao lado deles!

_ Ok Marina!

   Eles chegam bem rápido.

_ Vamos descer.

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