Salvem-se

 

 

 

_ Caramba! São eles Gustavo! Vi os três na cidade  do final da estrada. Lembrei do casaco listrado.

_ Nos vídeos que você não deixou eu ver? Mas qual é do vídeo?

_ Estavam lá ontem de manhã, fugindo dos infectados. Agora nessa casa? Como assim?

_ Devem ter vindo ontem mesmo! Era cedo. O que mais você viu?

_ Pelo que vi esse de jaqueta é o que sempre indica direção. Teve uma hora  que ele empurrou o de camisa listrada. Parece sempre bravo.

_ Vamos esperar e ficar de olho então.

_ Eles podem estar armados. Isso os manteria em alerta se coagidos. Melhor avisar quando tivermos provas. Vai na casa do saber Gustavo. Veja nos registros tudo sobre esta casa.

_ Tá bom! Mas você vai trazer meu drone sem um arranhão ouviu?

_ Vai logo!

    Gustavo deixa os equipamentos com Natália.

_ Fico puto quando você faz isso! Você que tem que ver!

_ Vamos discutir agora? Não temos tempo pra isso! Volto logo!

    Natália devolve e corre apressada.

 

    As raposas selvagens foram atraídas pelo som dos carros quando passaram na volta da primeira viagem. Seguiram todas para perto da estrada. Vistas de cima parecem organizadas, são muitas. Se vistas de perto, confusas com os inúmeros sons emitidos, parece uma sinfonia grotesca e desarmônica . O odor delas quando juntas fica forte a ponto de atrapalhar seus próprios sistemas olfativos.

 

    O comboio chega na próxima casa resgatando mais outra família. Agora estão no caminho de volta para casa. Júlia sente que finalmente algo faz sentido em fim. Paula observa os novos moradores na confiança do dever cumprido. Roberto pensa só consegue pensar em voltar logo, entende que agora tudo irá melhorar para todos.

 

    Marina cuida dos recém chegados. Outros colaboradores ajudam coletando sangue para exames laboratoriais , outros fazendo as triagens. Marina parece manter o controle, mas por dentro sente uma angústia insuportável. Queria estar com eles do lado de fora. Sabe que enquanto todos não chegarem, ficará assim.  Ela se pega pensando por um breve momento de quando a pouco tempo estava apenas tocando a vida normalmente. Lembra das reclamações sobre pouco tempo, trânsito, aborrecimentos do dia a dia.  E como tudo virou de cabeça para baixo do nada. Entendendo que tinha tudo que precisava, mas como todo ser humano, precisa perder para finalmente reavaliar valores.

 

    Gustavo está observando a volta deles tão distraído que não nota a aproximação de Natália. Ela chega correndo e sem querer o assusta.

_ Que susto! Não vi você chegando.

_ Fui ver na hora em que estavam saindo. No decorrer do dia evadiram casas e avacalharam com todo mundo. Na noite passada conseguiram um carro matando um casal a sangue frio e provavelmente invadiram essa casa também. Se as senhoras não saíram estavam mortas?  

_ Natália fala com Gustavo em baixo tom. Estão perto o suficiente para que não precise mexer muito os lábios.

_ O que vamos fazer Natália?

_ Deixa a mãe decidir! Vai lá falar com ela. Explica tudo. Vai logo!

    Gustavo consente correndo para o hospital. Ele leva junto o controle e os óculos.

    No comboio todos parecem tranquilos durante a volta. Eles avistam poucas raposas correndo e acham fofo. Não podem ver as de trás dos arbustos e árvores. Próximas de chegar junto com o comboio.

   Natália corre para a casa da defesa. Precisa trocar de drone, o seu está ficando sem carga.  

_ Gustavo? Está me ouvindo?

    Tenta comunicação mas a bateria acaba de vez. Somente a câmera permanece ligada. O drone despencou na estrada. Depois dos carros estarem bem a frente. O barulho da queda atraiu a curiosidade das raposas. Natália observa por alguns segundos uma delas se aproximando. Se assusta com sua expressão mórbida.

    No hospital Gustavo acaba de achar Marina.

_ Mãe! Preciso falar com você.

_ Pode aguardar um pouco? Tá cheio de pacientes aqui...

_ É importante e sobre Isso.

_ Se antes eu estava aflita imagine agora! Só um minuto.

     Marina termina o curativo da perna de uma senhora recém chegada.

_ O que houve?

    Gustavo fala baixo o que descobriram.

_ Onde está Natália agora?

_ Estava no gramado!

_ Tá legal. Preciso que você e sua irmã não digam para absolutamente mais ninguém. Quando chegarem eu cuido da triagem e pegamos os três. Natália e você fiquem longe deles. Vá encontrar com ela e diga.

    Gustavo corre para o gramado. Sem ver Natália vai até a casa da defesa correndo.

    O comboio se aproxima do portão principal. Estão todos felizes por finalmente chegarem. Roberto desce do carro e digita a senha. Todos os carros entram. Roberto sai junto com o motorista do último carro. Ambos para apertar os dígitos, Roberto para abrir o portão interno e o motorista fechar o portão externo. Duas raposas pulam sobre o motorista antes de apertar os botões. Ele saca a pistola, disparando alguns tiros ao vento. Ricardo fecha a porta do carro rapidamente. No último carro estão Ricardo, Fabrício, Emerson e uma senhora de idade bem avançada.

    Roberto assiste tudo, apressado digita a senha e abre o portão. Pensa em correr para fechar o portão externo quando mais cinco raposas correm em sua direção. Ele entra no carro.  

_ Não  saiam do carro!

_ O que está acontecendo Roberto?

    Pergunta Júlia.

_ Acho que as raposas estão infectadas. Temos que fechar o portão. estão vindo de fora. Vocês aí nos carros de trás, precisamos fechar o portão principal.

    Roberto grita no comunicador. No último carro não puderam ouvir, apenas o motorista usava escuta.

    Outras raposas entram até não sobrar espaço para morder o motorista. Outras entram na propriedade. Todos que estão no gramado correm, alguns foram alcançados e mordidos. Os gritos as estão atraindo e cada vez mais delas entram.

_ Tem alguém na escuta? Sala de defesa?

_ Papai?

_ Gustavo? É você?

_ Sim!

_ Natália está com você? Fechem as portas. As raposas estão contaminadas. Preciso que chame alguém pra ajudar.

_ Acabei de chegar aqui! Ainda não achei Natália, mas acho que está aqui.

_ Vocês precisam se proteger ok? Tem mais alguém aí?

_ Estão quase todos no gramado. Mas o que preciso fazer?

_ Temos que emitir os sinais de alerta nas casas. Você consegue trancar o portão principal?

_ Claro!

Você está em que sala?

_ No corredor indo para sala onde ficam os aparelhos.

_ Você consegue ir até a sala de controle?

_ Sim!

_ Corre até lá e fecha o portão! Tem que ser rápido!

    Gustavo corre até a sala.

 

   Poucos minutos  Natália sai da sala com óculos carregados. Levantando a cabeça e olhando na direção do corredor, avista duas raposas.

_ Elas estão vindo até aqui agora?

    Correm em sua direção. Antes de chegar perto o suficiente, Natália nota suas pelagens sujas de sangue e o tal líquido preto fazendo rastros pelo chão. Volta a entrar na sala, ao bater a porta ouve as risadas macabras e arranhões na porta. Saindo o medo e entrando o raciocínio, lembra de colocar os óculos.

_ Gustavo?

_ Filha?

_ Pai! Cadê você?

_ Estamos no portão.

_ E você?

_ Na sala dos drones. As raposas...

_ Eu sei! Estão agressivas. Estão infectadas. Você está bem?

_ Sim! Fechei a porta.

_ Natália! Quase te achei!

_ Gustavo? Onde você está?

_ Na sala de controle. Vou fechar os portões agora.

_ Não filho! Fecha o de fora. Ainda precisamos sair!

_ Tá... Feito!

_ Isso! Agora preciso que emita o sinal de alerta. Espero que todos consigam ir para o subsolo! Preciso ir para o hospital ver se a mãe de vocês está bem!

    Ao sinal de alerta foi recomendado aos moradores que dirijam-se imediatamente para o lugar seguro. Infelizmente a maioria dos colaboradores estavam nos gramados. A ideia de novas pessoas lhes parecia algo comemorativo.

    Gustavo emite o sinal de alerta. A sirene ecoa por toda propriedade.

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