Não se enganem

 

_ Olha Natália!

_ Estou vendo.

    Gustavo chama a atenção para uma jovem correndo de uma horda com mais de trinta infectados. No colo dela um embrulho de pano que indica claramente ser um bebê. Ao virar a rua ela encontra com outra horda que a percebe. Sem saída ela se ajoelha tentando proteger o bebê. Os infectados se aproximam até que a câmera não pudesse mais mostrar a jovem mãe, apenas seus gritos de dor puderam ser captados.

_ Acho melhor você não ver mais nada Gustavo! Vai para casa! Vou checar mais algumas informações e depois vou te encontrar. Pode deixar que te falo como realmente estão as coisas lá fora!

_ Tudo bem!

    Gustavo não questiona como de costume. O que ele acaba de ver o deixa impactado a ponto de quase vomitar na mesa. Ele obedece Natália e segue por todo caminho com os gritos repercutindo em sua mente.

    Natália continua vendo os vídeos. Consegue buscar informações por localização. Dando preferência pelas cidades mais próximas, tenta ver o máximo de vídeos pensando que assim poderia acreditar realmente em que ouviu. Natália acaba de chegar a conclusão que as coisas lá fora estão bem piores. Um vídeo chama sua atenção, finalmente achou três sobreviventes armados. Eles se defendem com pistolas, facão e uma barra de ferro. Não consegue ver seus rostos com muita exatidão, o que ficou de referência para ela foi um deles estar usando um casaco em listras horizontais nas cores vermelho e branco, fazendo lembrar de quando o seu pai trazia os livros para encontrar o Wally.

Depois de um tempo Natália parecia incrédula. Quanto mais ele recolhe informações, menos acredita. Muitos infectados estão juntos e parados na praça da cidade, todos olham para o céu, hora para o chão em ritmo acelerado. A maioria deles estão sem partes dos corpos, principalmente os pescoços parecem ser a parte mais cobiçada na mordida. Ela fica um tempo observando um deles em especial, parece muito jovem, no máximo seus dez anos vividos. Fazendo ela pensar em Gustavo de imediato, em quanta sorte eles tem de poder estarem a salvo. Inevitavelmente sentiu gratidão pelo senhor Ferraz.

 

    Na mata aberta as raposas selvagens estão agindo muito diferente. Sacodem as cabeças o tempo inteiro. Alguns aspectos do vírus são parecidos com os da infecção nos humanos. O líquido escuro é expelido por suas bocas. Suas risadas estão macabras, são muito mais lentas, muito menos finas como que de costume, agora com muita rouquidão. Estão confusas, seus sentidos estão bagunçados a ponto de esbarrarem em tudo. As outras raposas selvagens que não comeram a carne infectada as rodeiam tentando entender o porquê de estarem agindo diferente. Não demora muito para as raposas infectadas reaver seus tinos, a fome que sentem vai além do respeito com sua espécie. As cinco começam uma série de ataques tentando aplacar a fome que não parece ter fim. Muitas escaparam de ser devoradas mas com o tempo todas receberam mordidas. O dia foi passando até que todas estavam cabisbaixas e na madrugada da floresta ouve-se risadas lentas e roucas por todos os lados.

 

    Na cidade ao sul Ricardo,

Emerson

e Fabrício

encontraram uma casa que julgam segura para passar noite.

_ E agora? Vamos ficar aqui mais tempo ou continuamos seguindo para o norte?

_ Não sei Emerson! Vamos ver o que o Ricardo acha melhor.

_ Cadê ele?

_ Não sei bem! Saiu dizendo que ia encher as garrafas d’água e que aproveitaria para checar as redondezas.

_ Ainda tem barra de cereal? Tô morrendo de fome!

_ Deixa eu ver. Mais quatro!

_ Me dá uma aí!

_ Não sei não! O Ricardo disse para segurar mais tempo!

_ Você está cagando de medo dele né?

_ E você não? O cara...

_ O cara?

_ Que susto! Não ouvi que estava chegando!

_ Do que estão falando? Sei que é de mim!

_ Nada Ricardo! Eu pedi uma barra de cereal...

_ O que eu disse sobre a comida?

_ Para esperarmos mais um pouco! Mas é que estou cheio de fome!

_ Só você? Quem foi que encontrou as barras?

_ Você.

_ Preciso dizer mais alguma coisa?

_ Não.

_ Então tá! Consegui mais água e vi que ta tranquilo pelas redondezas, agora só precisamos seguir o plano.

    Eles escutam um carro se aproximar e correm para janela.

_ Esses filhos da puta vão chamar a atenção! Melhor irmos logo!

    Diz Emerson.

_ Na verdade vamos precisar desse carro.

    Ricardo sempre foi perverso. Antes das coisas virarem era amante do dinheiro fácil. Sempre viveu envolvido de inimigos, precisando muitas vezes matar para não morrer. As vezes até mesmo por simples ciúmes e cismas.

_ Já vi! É um casal!

    Diz Emerson.

_ Emerson fica aqui! Fabrício vem comigo.

    Eles saem devagar se escondendo por detrás dos muros . Quando estão prestes a chegar no carro o homem percebe a aproximação.

_ Senhores? Não queremos problemas. Só estamos procurando por água. Teriam um pouco?

_ Temos sim! Preciso de uma coisa em troca!

_ O que?

_ Seu carro.

_ Não me parece uma troca muito justa! Agradecemos sua oferta, mas preferimos continuar procurando.

    Ricardo saca a arma.

_ E agora parece?

_ Por favor! Não atire! Pode ficar com o carro, só não atire!

    Ricardo atira na cabeça do homem.

_ Odeio que implorem!

    A mulher vendo o ocorrido abre a porta do carro e corre desesperada. Ricardo dispara e o tiro atinge sua nuca.

_ Não precisava atirar neles! Eles entregariam o carro de boa.

    Reclamou Fabrício.

_ Depois vem atrás da gente como sempre. Eu já disse para não me contrariar! Eles não iriam muito longe mesmo, você a cara de palerma desse trouxa.

_ Não! É que...

_ Cala boca! Vai ver se tem alguma coisa de útil no carro. O isqueiro está quase sem gás, não tivemos sorte de achar um que preste.

    Fabrício consente. Vai até o carro correndo e rapidamente vasculha tudo!

_ Como está o tanque?

_ Até que não tá tão vazio! Acho que dá pra rodar uns bons quilômetros ainda!

_ Os filho da puta não tinha nem um tanque meio cheio e ainda não achou uma troca justa. Desliga logo o carro seu burro! Vamos pegar as coisas logo, já que demos essa sorte toda, podemos deixar pra dormir depois. Vamos pro norte logo!

 

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