Chegamos

_ Presta a atenção! Carros automáticos são tão simples quanto andar de bicicleta. Você acelera, depois solta e freia. Só isso!

_ É que eu não tenho muita noção de espaço.

_ É só ajeitar o banco! Vai ficar melhor.

_ Isso mesmo Gustavo! Pega essa dica Natália!

O tempo foi passando. Todos estão de frente ao portão agora. Seu tamanho impressiona. Mais impressionante é a extensão e altura do muro. A noite esconde parte de sua melhor visão. Observaram que durante o caminho, o comprimento do muro demorava para chegar, o portão localizado ao meio mostra que ainda existe uma extensão além. Essa estrada parece distante de todas as pequenas cidades, apenas algumas poucas casas distantes umas das outras com suas modestas plantações.

Marina olha para Maria aflita. Pensa no quanto quer que tudo corra bem. Maria percebe o olhar da mãe, retribui com um sorriso doce e despreocupado.

_ Roberto abaixa o vidro!

Roberto obedece Marina e faz sinal para Júlia fazer o mesmo.

_ Fiquem no carro! Vou digitar a senha no portão.

Júlia responde com o polegar em positivo.

_ Assim que abrir entro e façam o mesmo!

_ Tá bom!

Roberto sai do carro e digita a senha. O portão abre revelando um corredor na passagem. Ao passarem pelo corredor, observam que existe um trabalho de tapagem, protegendo inúmeras armas espalhadas na extensão interna dos muros. A iluminação é mínima. Conseguem ver que a casa fica um pouco afastada. Todos entram e seguem até chegar na casa grande e imponente. Janelas com grades rígidas, três andares. Arquitetura simples, quadrada estilo blocos. A porta se abre, duas mulheres idênticas saem sorridentes para recebê-los. Ambas em trajes de praia, levemente bronzeadas.

_ Olá! Vocês devem ser os amigos do papai.

_ Sim! Muito prazer!

_ Somos Bruna e Samanta. Os senhores sabem explicar por que o pai mandou a gente pra esse lugar?

    Pergunta Samanta.

_ É verdade! Lugar mais sem graça!

    Reforça Bruna

    Roberto calcula sua primeira impressão das duas rapidamente. Pensou serem duas meninas mimadas, com seus vinte e poucos anos. Que por serem filhas de um homem tão rico, suas preocupações variam entre gastos fúteis e estética.

_ Provavelmente zelando pelo bem estar de vocês. Sabem o que está acontecendo por aí?

    Questiona Júlia.

_ Claro que estamos sabendo! Não entendemos ainda o porquê desse lugar! Tanto lugar bom para esperar acharem a vacina e ele joga a gente nesse fim de mundo! Pior! Estávamos na praia  pegando um Sol. Do nada pousou um helicóptero. Você sabe como é difícil entender o que está acontecendo com os olhos cheios de areia?

    _ Como eu disse! Provavelmente ele terá uma boa explicação. Agora podemos entrar? É que estamos cansados, não foi muito fácil chegar até aqui.

_ Queiram nos perdoar! Por favor entrem. Podem deixar os carros por aí mesmo, depois ajudamos com as malas.

_ Obrigado!

    Todos entram na casa e ficam encantados com o tamanho da sala e cozinha integradas.

_ Mamãe!

_ Fala Maria!

_ Cabe muita gente aqui!

_ Eu sei meu anjo!

_ Você é muito linda Maria!

_Obrigada! Você é a Samanta ou a Bruna?

_ Eu sou a Samanta e ela é a Bruna. Você vai me identificar pela pinta aqui em cima da minha sobrancelha.

    Samanta indica com o dedo a sobrancelha direita.

_ Sim! Mas e se você estiver de costas?

_ Boa observação Maria! Assim você espera eu me virar!

    Maria solta um pequeno sorriso quando Samantha encosta a ponta do dedo indicar em seu nariz.

_ Tá!

    Todos sentam nos sofás.

_ Fiquem à vontade! Se quiserem se servir de algo ali é o lugar. Vamos subir e trocar de roupas.

    Bruna aponta para cozinha e ambas sobem as escadas.

_ Olhem esse lugar como é enorme! Posso pegar alguma coisa para beber?

_ Vai lá meu filho!

_ Mas pai! Também quero!

_ Vai com ele então Maria.

    Ao abrir uma das geladeiras, Gustavo fica surpreso com a quantidade e variedade de bebidas. Pensa imediatamente que estão para dar uma festa. Pega um refrigerante em lata e entrega outro para irmã.

_ Vamos pensar assim! Esperamos por mais informações e ficamos aqui por enquanto. O Flávio deve chegar por volta das duas horas da manhã.

_ Tudo bem Júlia! Tenta falar com ele, pega meu telefone e vê se ele já saiu.

    Roberto coloca as mãos em seus bolsos e se dá conta que deixou o celular no carro. Fazendo todos notarem o esquecimento devido sua expressão de descontentamento.

_ Usa o meu!

_ Valeu Paula!

    Roberto segue até a porta afim de buscar o celular. Antes de abrir, ouve um carro chegando. Fica com receio mas abre a porta mesmo assim. A curiosidade não lhe cabe no peito. Um homem de aparência distinta sai do carro. Sério porém bastante amigável. Homem de meia idade vestindo um terno preto.

_ Boa noite! Como vai Roberto?

    Roberto reconhece de imediato.

_ Ivan!

_ Achei que não lembraria!

_ Entre! Vamos!

    Eles entram e se juntam aos outros. Roberto esquece o celular novamente.

_ Boa noite senhoras e senhores!

    Todos o cumprimentam timidamente.

_ Sou o Ivan. Alguém pode me  dizer o que está acontecendo?

    Todos ficam em silêncio por breve tempo.

_ Será que eles pretendem usar bombas atômicas?

    Pergunta Paula. 

    Todos se olham.

_ Roberto? Você ajudou a projetar este lugar. Você acha aqui seguro?

    Pergunta Ivan.

_ Olha! Sempre achei estranho a maneira que me chegavam os projetos. Cada construção da propriedade tem uma passagem que liga direto no espaço subterrâneo principal, inclusive em pontos estratégicos da propriedade. É como se tivesse um medo excessivo de confidencialidade. Brincávamos diversas vezes dizendo que o senhor Ferraz estava esperando uma bomba atômica, que estava se preparando para se isolar do mundo, brincavam até dele querer cultivar maconha para não precisar exportar. Projetei uma ponta desse iceberg, foram mais de vinte engenheiros na época. Ao entrar agora vi que muitas coisas foram alteradas depois de me apartar. Sinceramente? Prefiro esperar para ver melhor de manhã. Mas presumo que seja.

_ Tenho uma série de mudanças que gostaria de discutir com você. Agora preciso de um quarto, quero descansar.

_ Há sim! As filhas do senhor Ferraz estão lá em cima.

_ Tenham uma boa noite!

    Todos respondem e Ivan sobe.

    O motivo de todos estarem aqui vai parecer acaso. Mas lembre-se que o acaso não existe e nesse caso muito menos. Outras pessoas estão para chegar e essa noite irão dormir apenas os que realmente estiverem cansados. O lógico seria deduzir que todos precisam se manter informados, os meios de comunicação estão por um fio. Ninguém sabe mais que do mesmo, sentem medo de muitas perguntas sem respostas. Tudo devido as  muitas certezas do que estão presenciando.

_ Quando será que as meninas irão descer?

    Pergunta Gustavo.

_ Por que você quer saber? Elas não sabem de muita coisa. Vamos focar em nós! Olha como foi até chegarmos até aqui. Percebe que a tia Júlia atropelou um cara. Eu pensei que ia ser atingida por uma bala, deu para ouvir o barulho delas, e a vovó que morreu e vocês nem perguntam como estamos.

_  A vovó morreu?

    Marina olha para Maria angustiada, queria contar quando fosse a melhor hora e da melhor forma. 

_ Sim Maria! Foi para perto dos anjos! Natália? Você tem que dizer com jeitinho para sua irmã! Ela é novinha demais, não vai entender bem.

_ Desculpa!

_ Eu que te peço desculpas filha! Sua mãe e eu queríamos que eles soubessem quando estivéssemos mais seguros. Apesar que agora estamos, então...

_ Agora entendo! O que eu não consigo entender é por que estamos aqui?

    Pergunta Natália.

_ Quando estive fora aquela época, a alguns anos atrás, sabia que isso aqui seria algo grande. Fiquei dez meses trabalhando e vi o processo desse lugar se desenvolver além. O contrato era de dez meses para todos os envolvidos, mantivemos contato com outros colaboradores posteriores. Fiquei responsável de fazer uma área no subsolo, o tamanho seria dez mil metros quadrados só que depois a obra não parou. Sabia que tem uma floresta gigantesca protegida por uma cerca viva com milhares de espécies nativas? Em fim! Estamos no meio do nada, longe de outras cidades! Depois? Vai saber! Temos pouquíssimas opções!

_ Senhores? Desculpem a demora! A Bruna pediu desculpas, ela se sente cansada e preferiu ir dormir. Vou me servir um licor qualquer! Alguém acompanha?

_ Eu!

_ Também aceito.

    Júlia e Paula levantam seguindo Samanta.

    Mais um carro se aproxima. Roberto levanta e segue até a porta. Abre e se depara com um casal.

_ Boa noite! Me chamo Hellen.

    Antes de responder Roberto assimila sua primeira impressão. Ele a acha aparentemente séria.

_ Boa noite! Sou o Roberto.

_ Olá! Sou o César.

    Roberto lembra dele. Recebeu algumas informações sobre o projeto em que ele desenvolveu. Ele achava engraçado como as mulheres se comportavam diante dele, sempre muito impecável e com físico invejável. Não era levado a sério pelos outros colegas por ciúmes e por julgarem que seu trabalho com os animais se tratava de perda de tempo.

_ Lembro de você. Gostei da forma como resolveu os problemas com os predadores e os insetos peçonhentos.

_ Obrigado! Fico feliz que alguém tenha observado e apreciado.

    Ao entrarem todos os olham curiosos.

_ Esses são Hellen e César.

    Ao longo da noite todos se perguntaram sobre muitas coisas. Chegaram outras pessoas que acabaram por acompanhar nas bebidas oferecidas em abundância. Roberto, Marina e Júlia se mantiveram acordados. Eles observam as belezas que a visão das janelas ofereciam. O lugar é a perder de vista e as plantações mostram uma diversidade exuberante.

_ Olha gatuno que paraíso.

    Acrescenta Júlia com Bartolomeu no colo, que parece concordar.

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Comments

pauliane belga

pauliane belga

Verdade, não sei pq não há comentários.

2023-12-25

0

julle

julle

não sei porq não
tem comentários,,, o livro é bom , quase real,, bom se tivesse fotos dos personagens,,

2023-12-23

1

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