CAPÍTULO 16

— Não entendi qual foi a desse cálculo... — Lindsey dizia enquanto caminhavamos em uma das calçadas do campus rumo a saída e como sempre, ela continuava reclamando da matemática, mas ali, ela segurava um livro de cálculos aberto, estávamos ambas com mochilas e cansadas do dia de estudos — não entendi foi nada na verdade... como é que isso entrou tão fácilmente em sua cabeça?

— Nem eu sei, talvez porque sempre fui boa com números.

— E por falar em números... lembro-me que você me disse, que no próximo mês iria me aceitar... você lembra disso? Já estamos no próximo mês.

   Parei de repente, já encontrando a alguns metros, Robyn usando óculos escuros e encostada na porta do passageiro de seu carro vermelho de vidros fumê, um dos mais bonitos de toda a sua coleção. Seus braços estavam cruzados e seu maxilar estava rígido, obviamente, eu estava na companhia de Lindsey e ela não gostava nenhum pouco da ruiva.

— Lindsey... — disse enquanto olhava para Robyn e para Lindsey em um jogo de movimentos rápidos — acho melhor nos separarmos agora.

   Robyn vinha em nossa direção com passos lentos, enquanto certamente ouvia toda a nossa conversa, ela estava assustadora e eu estava com o coração a mil...

— Por que?... Achei que iríamos ver os seus avós. — Lindsey estava totalmente distraída em me convencer, enquanto a mulher forte se aproximava cada vez mais.

— Não Lindsey, você entendeu errado... eu... eu vou visitar os meus avós porque teremos um momento divertido em família.

— Posso fazer parte da sua família... — ela tocou a minha bochecha ligeiramente de um jeito carinhoso, não me deixando escapatória para me afastar e vi Robyn...

— Não me toque mais... vá embora Lindsey, vá agora! — disse já nervosa, porque não desejava ver Robyn socando a cara dela, só porque ela fez um carinho em minha bochecha.

— Por que você está tão nervosa? Ninguém apontará dedos para nós... somos adultas e livres.

— Não é isso, é...

   Senti o vento da chegada de Robyn e estremeci...

— Devemos ir agora, Courtney! — Robyn falou e pegou em meu pulso fortemente. Aquela força significava o seu desgosto em ter me visto ser tocada por uma outra mulher.

— E quem é você? — Lindsey a questionou num tom desafiador e puxou a minha mão — solte-a!

   Lindsey não sabia o perigo que estava correndo...

— Solte-a você, sua atrevida! — Robyn rebateu e me puxou para o seu corpo musculoso, como se eu fosse uma boneca de pano, e assim colidi com ela e sendo solta da mão de Lindsey — nunca mais toque na minha mulher.

   Lindsey arregalou os olhos atônita e me encarou confusa, assim fechou o livro e encarou o mesmo por uns segundos.

   É, ela acabou sabendo a verdade por trás do meu perfil hétero, mas me senti culpada porque soube daquele jeito. Ela estava esperançosa para dar novamente em cima de mim, e a partir daquele momento, tudo desabou pra ela.

— Courtney... é... — ergueu os olhos para me encarar — é verdade isso?

— Claro que é verdade! — Robyn respondeu rudemente e apertou ainda mais o meu pulso, o que me fez contrair o meu corpo contra o seu — você por acaso acha que eu estaria aqui com ela em meus braços por outra razão?

— Mas Courtney... você...

— Me desculpe, Lindsey? — pedi antes que ela terminasse de falar, ela agora estava com tristeza no olhar, uma tristeza um tanto de ódio e aquilo me doeu, eu deveria ter contado antes e feito ela seguir a procura de outra pessoa.

— Eu achei que você gostasse de mim! — a tristeza em seus olhos demonstraram raiva.

— Eu gosto de você.

— Mas é apaixonada por mim! — Robyn se intrometeu, me deixando ainda mais presa a sua força.

— Me desculpe... por favor? — pedi mais uma vez.

   E então ela abaixou a cabeça.

— Agora você vem comigo! — Robyn disse e me levou com ela rapidamente para o carro.

   Nos afastamos da cidade com ela dirigindo em alta velocidade. Eu não sabia qual era o plano dela, mas não desejava morrer em um acidente naquela tarde. Ela estava furiosa, calada, fria e aquilo me amedrontou.

   Robyn parou o carro em uma colina e olhando pelo espelho, dava para ver que era bonito, mas o por quê que estávamos ali no meio do nada, rodeadas somente por grama e algumas árvores já antigas?

   Robyn tirou o cinto, afastou o banco para trás e me encarou. O seu jeito de me olhar era indecifrável e continuei com medo. Tirei o cinto para ficar mais confortável, joguei a mochila no banco detrás e me envolvi no silêncio que estava entre nós.

   De repente...

— Você pretendia mesmo me deixar?

— Não! — respondi um momento depois.

   Robyn sabia de toda a conversa entre eu e Lindsey a de que talvez poderíamos nos envolver. E não, eu jamais faria tal coisa com Robyn, não depois de ter me apaixonado.

— Lindsey estava muito certa disso!

— Não Robyn... isso foi antes de eu me apaixonar por você.

— Eu sei... eu vi o vídeo.

— Então... como pode achar que eu deixaria você?

— Porque eu não confio em você!

   E senti um aperto no coração, o que fez meus olhos lacrimejarem. Ela não confiava em mim, enquanto que eu, eu aprendi a confiar cegamente nela.

— E... por que não sou confiável? — perguntei segurando lágrimas.

— Não disse que não é confiável... eu só disse que não confio em você... outros que te conhecem mais, podem confiar em você. Nos conhecemos a somente um mês.

   E somente nesse mês, eu me apaixonei por você...

— Eu sei... mas eu confio cegamente em você... eu me entreguei a você, eu mostrei o meu valor pra você... eu cuidei de você! — houve uma alteração em minha voz, mas eu ainda continuava calma — o que eu fiz para você não confiar em mim?

— Nada!

— E...

— Você não fez nada, mas... — ela respirou fundo e encarou o teto do carro — mas as outras fizeram!

   Outras?

   As submissas?

— As outras submissas?

   Então tive os seus olhos em mim, me analisando por um momento, momento esse que estava me matando de curiosidade.

   Quem foram as mulheres que ela confessou que cometeu o erro de confiar?

— Não.

   Enfim...

— Foram as duas mulheres por quem me apaixonei perdidamente e no fim... no fim, eu simplesmente fui traída e largada.

   Traída e largada? Quem faria uma coisa dessa e por que?

— Quer conversar sobre isso, Robyn?

— Bem...

— Se não quiser... falaremos sobre outra coisa ou faremos algo e...

— Não!... Eu quero falar sobre isso. — disse decidida.

   Sua decisão me deixou orgulhosa.

— Comece quando quiser.

   Houve um pequeno espaço de tempo, mas enfim...

— Eu tinha uma esposa e ela me traiu...

   Devia ser a mulher da foto amassada.

— Eu estive disposta a perdoa-la pela traição... eu a amava muito, ela fez eu abrir o meu coração para recebê-la para ter um espaço nele, um espaço que por muito tempo ficou ocupado por trabalho. Quando mais jovem, eu só pensava em ter sucesso na vida e dar orgulho aos meus pais e consegui, mas daí, Amália apareceu e tomou para si aquela parte do meu coração — ela repousou a mão em seu seio esquerdo por uns segundos — um espaço que se feriu por ter sido traído.

   Robyn parou para respirar e a vi limpar uma lágrima que molhou o seu rosto.

— Me apaixonei, me casei com Amália e depois de três anos de casadas, eu descobri a sua traição... eu quis perdoa-la e a resposta que recebi foi os papéis do divórcio. Sofri alguns meses até que Eve surgiu em minha vida, a cacheada mais bonita que os meus olhos já tinham visto — sorri, quando vi o seu sorriso fraco — ela curou a ferida que Amália deixou e eu estava começando a amar ela. Eve é a mulher da foto amassada, aquela foto que você encontrou na mesa de cabeceira.

   É, tudo o que fiz naquela cobertura foi minuciosamente gravado. Escondi meu rosto envergonhada.

— Não se sinta assim... todas as submissas passaram pelas mesmas coisas, no entanto, com você foi um tanto diferente.

   Um tanto diferente, a que ponto de diferença?

— E continuando... — voltei a olhar para ela — com quatro meses, Eve chegou no meu escritório e rompeu tudo comigo, simplesmente me largou dizendo que Londres era melhor do que eu. Daquele dia em diante, meu coração se fechou para o amor, um sentimento que sempre enalteci na minha vida, mas vi que o mesmo nos fazia sofrer, que é capaz de ferir e perfurar muito mais do que um tiro ou um objeto cortante. Eu as amei, confiava cegamente nelas e no fim, fui a que mais se feriu. Amália e Eve... as duas mulheres que me fizeram ser o que sou hoje.

   Então lágrimas molharam o meu rosto porque acabei sentindo a mesma dor de quando fui abandonada pelos meus pais. Era situações diferentes obviamente, no entanto, ambas envolviam o mesmo sentimento. Robyn depositou o seu amor em duas mulheres e a experiência foi esmagadora, já eu, depositei o amor em meus pais, os quais me deixaram como se eu fosse nada.

— Por que está chorando, Courtney? Por favor... não chore por minha causa... eu não quis te deixar assim... me desculpe? — houve preocupação em sua voz possuindo um tantinho de sentimento.

   Limpei as lágrimas e olhei o lindo rosto já próximo do meu, o corpo dela estava curvando e ela estava se apoiando na ponta do meu banco. Suas mãos acariciaram o meu cabelo e seus lábios envolveram os meus em um beijo simples, como um consolo carinhoso.

— Me desculpe por ter feito você chorar... eu...

— Não foi você, é que... compartilhamos do mesmo sentimento.

— Como assim? — seus olhos piscaram lentamente mostrando atenção.

— Eu fui abandonada pelos meus pais quando eu tinha dez anos, e os meus avós cuidaram de mim desde então. Os meus avós são os melhores e eu sempre vou amar os dois, mas... o sentimento de ser abandonada por meus progenitores ainda vive presente em mim até hoje.

— Jamais imaginaria tal situação, Courtney... você é uma mulher tão alegre e sorridente que conseguiu guardar esse sentimento de abandono ao longo de dez anos, mas que não deixou que te consumisse. Você é mais forte do que eu pensava.

   Suas últimas palavras me fizeram sorrir, então tomei a iniciativa e a beijei do mesmo jeito que ela me beijou.

   Houve um silêncio assim que nossas testas se juntaram em um toque romântico e ela simplesmente...

— Que tal um acordo? — perguntou de um jeito gentil.

— Do que se trata esse tal acordo?

— Hum... — pensou — vamos prometer uma a outra que faremos coisas para fortalecer a nossa aproximação e para que possamos confiar uma na outra da maneira correta.

— A quanto tempo pensa nisso?

   Robyn sorriu e meneou a cabeça..

— Eu acabei de bolar esse acordo.

— Ainda se lembra quais foram as cláusulas?

   Dessa vez ambas rimos e ela pegou a minha mão, onde depositou um beijo terno, como se eu fosse uma dama e ela um cavalheiro.

— Confiar uma na outra e fortalecer a nossa aproximação.

— Podemos mudar a palavra aproximação para...

— Para?

— Relação? — disse com o medo da rejeição entalada na garganta.

— Relação? Relação? Relação?

— Vai ficar repetindo? — a impaciência e o medo se misturaram.

— Relação, relação... a não ser que queira me calar com um beijo, vou continuar repetin...

   Então puxei o seu rosto e a beijei intensamente

   Vi ela sorrindo contra a minha boca e mordi seu lábio ,dando no final, uma leve puxadinha, o que de certa forma chamou a sua atenção.

   Robyn se ajeitou em seu banco me puxando com seus braços e me sentando em seu colo. Só aquilo era capaz de me deixar quente.

  

   Sério que depois daquele momento fofinho, ela já estava pronta pra partir para o pecado mais irresistível que existia sobre a terra?

— Eu gosto do seu tamanho.

   Hum? Assim... do nada?

— E por que? — perguntei resistindo para não beijar ela de novo. O meu corpo foi envolvido por um calor repentino e se ela avançasse o sinal vermelho, eu já estaria pronta para muta-la.

— Porque você é pequena e se encaixa perfeitamente em mim.

   Dessa vez não houve zoação da parte dela sobre a minha altura. Óbvio, eu só tinha 1,56 de altura, mas não gostava de ser zoada por eu ser pequena.

— Só isso que me faz ser perfeita para o seu encaixe?

— Bem... você também é parecida comigo em algumas coisas e por isso é o encaixe perfeito.

— Em que coisas?

— Hum... você é curiosa, bisbilhoteira, obediente, inteligente e bonita. — acariciou a parte interna de minhas coxas.

— E você é tudo isso? — a provoquei de brincadeira.

— Sou... tudo isso e muito mais!

   Convencida, Robyn Miller? Nem um pouco.

— E o que esse " tudo " significa?

— Sou perfeita e com tudo aos meus pés... a qualquer hora e em qualquer lugar. Eu chamaria isso de perfeição.

— Hum... — pensei — deixe-me voltar ao meu banco?!

— Não!

— Você não pode ter tudo aos seus pés... e eu não vou dar esse gostinho de superioridade a você. — tentei me sair de seus braços e recebi um abraço forte.

   Um sussurro apaixonante e excitante me paralisou, o tal sussurro...

— Se ficar quieta e me beijar... eu me torno a sua namorada e selo o início do nosso namoro aqui mesmo nesse carro.

   O que deu nela?

   Namoro?

— Namoro... eu e você... namorando?

— Estamos! Agora me beija! — disse ligeiramente e me puxou para um beijo, onde cedi e tive suas mãos percorrendo cada parte do meu corpo, como ela mesmo disse, selando o início do nosso namoro.

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Comments

A.G

A.G

Te entendo, as baixinhas são as melhores 😍

2024-04-05

1

Ana Faneco

Ana Faneco

amandoooo😍

2023-08-15

2

Maria Do Carmo Andrade

Maria Do Carmo Andrade

o capítulo foi top

2023-08-06

1

Ver todos

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