CAPÍTULO 15

— Como tem passado no apartamento de Miller, querida?

   Foi o que vovó perguntou quando me sentei no sofá pequeno da sala para assistir um jogo de basquete juntamente com meu avô Robert, que acabou acariciando meus cabelos sem desviar os olhos da TV.

   Vovó ainda não sabia que o apartamento de Miller era na verdade uma cobertura luxuosa e mentir pra ela sobre aquilo, sobre tudo o que fez parte da minha vida nos últimos dias era ruim, eu não gostava de mentir, não para os meus avós.

— Está tudo bem, vovó. — respondi brevemente o quão bem estava indo a minha relação com Robyn, uma relação ainda sem título.

   Nos últimos dias e noites eu não sai de perto de Robyn, a não ser quando tínhamos que nos despedir em frente a minha faculdade, com nossas bocas juntas em uma sincronia perfeita e intensa. Ela começou a me levar para a faculdade em seu carro porque me disse exatamente assim: “ a que dorme ao meu lado deve sempre ter privilégios ” e eu não quis rejeitar aqueles privilégios.

   Comecei a atacar os lábios dela durante as manhãs já a despertando e retribuindo o meu beijo e durante as noites, eu tirava os seus sapatos e me deleitava em seu colo para matar a saudade e vontade de ter os seus lábios nos meus, a provando e me deliciando com o gosto de sua língua em minha boca.

— E quando você a trará aqui para conhecermos ela?

— É... — provavelmente nunca — Miller é muito ocupada vovó.... e acho que não gostaria de vir aqui.

— Ok, querida... — vovó pareceu não se importar muito e eu tive que me aliviar com um suspiro disfarçado, pensava que ali não era o momento de falar sobre estar apaixonada por uma mulher porque eu não sabia como eles poderiam reagir — quer biscoitos antes de você ir?

— Coloque-os em um recipiente e comerei mais a noite.

— Certo filha. — vovó disse e continuou na cozinha.

   Abracei  meu avô segundos depois e o mesmo sussurrou:

— Você parece ter encontrado uma preciosidade por aí. — vovô só ficava na dele observando e quando a gente menos esperava, ele dava o bote.

   Sim vovô, encontrei e me apaixonei.

— Como assim, vovô?

— Vejo brilho em seus olhos, minha filha... conte me o que te deixou assim.

— Ah vovô... — pensei — uma pessoa me deixou assim, uma pessoa que no início pensei não ter coração e nem sentimentos e acabou fazendo eu me apaixonar.

— Ah... paixão... — vovô parafraseou e seus olhos desviaram para o teto, onde permaneceu por um instante.

   Me aconcheguei mais em seu corpo e ele me abraçou.

— Eu fiquei assim como você quando me apaixonei por sua avó.

— Falando pelas minhas costas de novo, Robert?! — vovó fingiu ser rude e nós dois rimos.

— Desculpe, querida... só estou falando sobre quando nos apaixonamos... Courtney deve saber que quando isso acontece é como algo que nos prende, como eu me prendi a você, querida.

   Sei que vovó gostou muito das palavras de Robert.

— Courtney está apaixonada, Marcelina... e eu quero que ela seja feliz com quem escolheu.

   Será que já estava no momento de me abrir para os meus avós e esperar o resultado da minha confissão? Vovô foi tão sincero.

— A melhor novidade da tarde. — vovó cantarolou e se aproximou já com os biscoitos no recipiente quadrado e pequeno — e podemos saber de quem se trata essa beldade?

— Bem... — me levantei pegando o recipiente das mãos da vovó e a abracei, e enquanto o fazia, decidi contar o que estava guardado no meu coração através de um sussurro para que somente ela escutasse — me apaixonei por uma mulher... por Miller.

   Vovó não se moveu, não disse nada, mas logo me envolveu em seus braços fortemente e feliz e assim me fez saber que ela havia aceitado a decisão do meu coração.

— Vamos, vamos, vamos... — vovô repetiu enquanto via o quase ponto que o seu time de basquete fez — a não!

— Tenha calma, vovô... é apenas um jogo, logo logo eles farão pontos e o senhor poderá comemorar.

   Vovô não deu importância, mas...

— Por quem foi que você se apaixonou, querida? — e olhou para mim, logo depois de me afastar com carinho da vovó e ela me lançar um olhar encorajador. 

— Bem vovô... me apaixonei por Miller. — contei de uma vez e Robert paralisou no sofá, como se aquela verdade fosse algo que jamais iria escutar da minha boca.

— Robert! — vovó bateu palmas e vovô despertou.

— Desculpe, querida. — vovô pediu e respirou fundo pensativo.

   Parecia estar decidindo se me daria um sermão sobre o quanto era errado uma mulher amar outra mulher e se apaixonar. Robert era envolvido pelos costumes antigos, então eu tinha a certeza que ele não concordaria comigo.

— Diga algo, querido! — vovó pediu, mas com um tom de ordem.

   Vovô me olhou, olhou para a TV e voltou a me olhar, o meu coração acelerou e eu fiquei nervosa. Ele me expulsaria como muitos pais faziam e fazem por aí?

— Comprei ingressos para ver o LKRS na quinta-feira. — ele disse ligeiramente e eu suspirei já sorrindo por causa da aleatoriedade que ele resolveu enfiar naquele momento tenso. Senti lágrimas em meu rosto — traga Miller para se juntar a nós na arquibancada, querida.

   Vovô se levantou e veio me abraçar, o que me fez parar de chorar e sentir o calor de seu corpo no meu. Vovó nos abraçou e ambos com uma sincronia incrível, disseram:

— Sempre apoiaremos você.

— Obrigado. — agradeci e me senti acolhida pelas pessoas que eu mais amava, aquelas que me provaram mais uma vez, que estariam ao meu lado em todas as minhas decisões.

   Cheguei na cobertura, já era noite e encontrei a senhora Smith quando sai do elevador. Desde o dia em que ela flagrou o que eu fazia com Robyn no balcão, eu evitava me encontrar com ela, eu sentia vergonha, mas naquela noite, eu não consegui me esconder dela.

— Senhorita Drake? — disse com um sorriso simpático e eu saí do elevador, já vendo ela entrar no mesmo.

— Tenha uma boa noite, senhora Smith. — e abaixei o olhar, seguindo em frente.

— Igualmente, senhorita.

   Me joguei na cama, enfim, logo eu estaria com Robyn, com ela ao meu lado me amando, eu estava cheia de vontade de ser tocada por ela, pois já faziam dias que eu não sentia o prazer de ser dominada por ela.

   Tomei um banho, me vesti com a lingerie sensual que ganhei de presente, uma de muitas, todas sensuais, já que Robyn comprou todas de propósito na intenção de me ver todas as noites quase nua, andando pra lá e pra cá em todos os cantos daquela cobertura, onde a sua visão podia alcançar, mesmo que fosse me tocar ou não. Ela gostava do meu corpo e eu gostava de ter aqueles castanhos penetrantes sobre mim.

   Dei uma volta no closet e acabei encontrando a caixa preta — a mesma caixa que continha as algemas.

   Para acabar com a curiosidade que me surgira de repente, eu peguei a caixa, levei para a cama, abri e virei, deixando tudo cair sobre o colchão.

   Ali sobre o colchão, além das algemas, haviam pequenos superhéroes de brinquedo e um único pandinha de pelúcia. Aquilo era intrigante, eu estava pensando que encontraria coisas obscenas, do tipo: pênis de borracha ou famoso strap-on, vibradoras ou o que se podia imaginar nesse universo lésbico que serviam para o prazer feminino, além dos dedos, é claro.

   Brinquei um pouco com o pandinha e em um momento me assustei e arremessei o mesmo contra a parede, como um impulso muito rápido, tudo por causa de um som assustador que saiu dele.

   O meu primeiro pensamento foi “ A Robyn me paga! ”

   E se aquilo tivesse sido gravado por alguma microcâmera escondida naquele quarto e ela assistisse, eu iria esganar ela, ah eu iria, mesmo que depois usássemos as desculpas para nos reconciliar novamente ou dela ter me feito o seu saco de pancadas por eu tê-la confrontado.

   Busquei o pandinha assim que o meu coração voltou aos batimentos e o guardei na caixa, como todos os outros superhéroes, pensei por um momento e deduzi que poderiam fazer parte de uma coleção, como se fosse a coleção dos belíssimos carros em sua garagem.

   Por último, segurei aquela algema e girei no indicador, sempre acompanhando como ela girava. Vi assim que parei o movimento, que era uma algema que precisava de uma chave para ser aberta e então ser usada, aquela belezinha feita especialmente para malfeitores era de verdade e apenas Robyn tinha a chave.

   Robyn alguma vez pensou ou teve a intenção de usá-las em mim?

   Lembrei-me de filmes com faixa etária para maiores de dezoito e imaginei toda a cena, me colocando como a protagonista. Foi prazeroso me imaginar daquele jeito, apesar de sentir um frio na espinha pela vergonha de estar pensando naquele assunto.

   Enfim, deixei a algema na caixa e retornei ao closet, guardando em seu lugarzinho especial. Voltei e o quadro no quarto chamou a minha atenção. Era belíssimo, Robyn parecia ter bom gosto pra tudo, o que comer, o que vestir, o que colecionar e o que apreciar, era mesmo uma arte belíssima ali, a centímetros dos meus olhos.

   Toquei no quadro levemente como um apreciador fazia para que o mesmo não sofresse nenhum dano, mas acabei tendo que segura-lo porque o mesmo desabou. Quando ergui os olhos já com o mesmo nos braços, me deparei com um cofre metálico.

   O cofre só podia ser acessado com a palma da mão, não tinha números, somente uma palma. Robyn foi mais que inteligente ao usar aquela tecnologia, obviamente criada pelos gênios de sua empresa, porque o acesso com números poderia ficar desgastado pelo tempo e deixar marcado visivelmente as teclas que compunham a senha de destravamento do cofre.

   Como eu sabia daquilo? Bem... assisti em uma série por aí, já que nunca tive o prazer de ter um cofre na vida.

   Coloquei o quadro no lugar sem nem mesmo pensar em colocar minha mão sobre aquela palma e fui atrás da minha mochila. O meu estômago roncou e eu me lembrei dos biscoitos que vovó fez pra mim, eram de amendoim e eram um delícia.

   Me deitei na cama já com o recipiente transbordando de biscoitos — vovó sempre exagerada em suas porções separadas para mim — e comecei a comer. Comi um, dois, três, quatro, cinco e então precisei ir tomar água.

   Quando retornei ao quarto, peguei o celular e entrei em um site de notícias, o melhor site inclusive, o New York Times e comecei a ler. Procurei notícias sobre os animais marinhos e encontrei um ou dois, li por um tempo somente e aquela leitura me fez pegar no sono...

   Acordei por um momento quando senti uma dor no meio da testa e sobre o nariz, o bendito celular tinha caído na minha face, já que estive o tempo inteiro com o mesmo sobre os meus olhos.

   Quis jogar o celular como fiz com o panda, mas me lembrei que aquele objeto valia muito mais que três meses de salário trabalhando em uma boate e Robyn não iria gostar nada de eu ter quebrado algo de valor dela. Sim, ainda era dela, já o meu, deixei no apartamento para o uso dos meus avós, eles tinham apenas um celular e um telefone de parede.

   Deixei o celular ao lado do recipiente com os biscoitos na mesa de cabeceira e cedi ao sono novamente. Eu estava à espera de Robyn, mas não pude evitar que o sono e o pouco de cansaço me dominassem por inteira.

....

— Acorda, bonequinha.

   Ouvi uma voz distante e macia e fui despertando aos poucos. Senti uma umidade prazerosa em minha orelha e sorri porque sabia que fora a língua de Robyn que me deixou molhada com a sua saliva.

   Assim que abri os olhos e tentei movimentar os braços em busca de tocar nela, acabei sendo impedida de separar os mesmos porque os meus pulsos estavam algemados e deitados sobre a minha barriga.

   Procurei por Robyn e me deparei com ela já se erguendo sobre mim com a minha calcinha na boca envolvida em seus dentes. Suspirei quando ela se pôs por cima do meu corpo pequeno enquanto algo duro encostava constantemente no exterior de minhas coxas, me dando arrepios salientes e me deixando excitada.

— Por que me algemou, Robyn?

   Robyn tirou a calcinha da boca e envolveu meus lábios em um beijo intenso, enquanto eu retribuía e desejava toca-la, apertar as suas costas e prender o peso de seu corpo sobre o meu. Era a primeira vez que ela ficava por cima de mim e eu necessitava tudo, seria a primeira vez que iríamos transar sobre aquela cama.

— Me solta, Robyn?! — pedi assim que nossos lábios se separaram.

— Não!

— Por favor... não tem graça.

— Não é pra ter graça... — disse maliciosamente e abriu as minhas pernas se encaixando no meio delas, me fazendo sentir novamente aquela dureza escondida. — é pra ter prazer.

   Tremi interiormente e desejei tê-la o mais rápido possível dentro de mim.

— Mas eu não sou nenhuma criminosa para estar algemada.

— Mas você andou bisbilhotando e isso é muito feio.

   É, haviam câmeras no quarto, que ódio tive da minha curiosidade naquele instante.

— Bisbilhotei, mas... não roubei nada. — disse e Robyn tocou aquela dureza, quando movimentou o quadril lentamente em um rebolado sexy.

   Seus braços estavam me cercando e eu não tinha escapatória, ela iria fazer o que quisesse comigo, mas talvez conseguisse parar ela com algum lamento.

— E o que vai acontecer comigo? — perguntei sentindo o meu interior chamando pelo toque dela e então suspirei, já recebendo malícia dos lábios de Robyn.

— Vai ser punida por ter bisbilhotado.

— E o que é isso que você tem aí? — tentei olhar para a moletom um pouco volumosa.

— É um amiguinho novo que hoje veio te punir.

— E quantos centímetros ele possui?

— O necessário... é o tamanho perfeito para você... nós só vamos te dar prazer.

— Confio em você, mas por favor... me solta?!

— Isso é uma ordem ou um pedido? — perguntou e levou a mão para tirar o tal amiguinho de dentro da calça, assim pude ver que o mesmo não era tão grande, era até bonitinho, um strap-on bonitinho, que ilário.

   Sobre ser uma ordem ou um pedido eu não tinha certeza, eu só queria ser solta para poder tocar o corpo musculoso e sem blusa sobre mim.

— É uma ordem ou um pedido? — perguntou novamente e enfim entrou em mim com aquela cópia falsa de um pênis, mas ela foi cuidadosa e a única dor que me causou foi a dor do prazer.

— Ahh... é... é uma ordem. — respondi entre gemidos enquanto ela se movimentava cada vez mais rápido.

— Ordene e eu farei. — ela sussurrou e fez meus braços serem erguidos sobre a minha cabeça, assim se posicionando melhor e dando continuidade a penetração.

   E então perdi as forças de ordenar, eu só queria agora ela dentro de mim, só ela. Certamente foi agressivo ter sido algemada durante o sono, mas foi prazeroso e algo novo, algo novo que jamais imaginei em experimentar.

   Cheguei ao clímax e acabei apertando os punhos para suportar todo o prazer que se espalhou como fogo em meu corpo e também os espasmos e contrações.

   Antes de Robyn cair ofegante sobre mim e eu dar um beijo em sua testa, vi ela tirar uma chave do bolso da moletom e abrir a algema, me deixando livre enfim.

   Já livre, eu empurrei o corpo dela e nos viramos, assim fiquei por cima dela, ainda com o tal amiguinho dentro de mim.

   Vi seu sorriso malicioso e em seguida me derreti de vontade de fazer a insinuação que saiu de sua boca carregada de malícia.

— Vai mesmo fazer isso? — perguntou envolvendo minha cintura com as suas mãos.

— Ah... é, vou sim! — e então comecei a cavalgar fogosa sobre ela, agora com as suas mãos apalpando os meus seios por cima do tecido mole da lingerie, enquanto eu encarava o seu lindo rosto a me desejar juntamente com suas mordidas irresistíveis.

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