CAPÍTULO 14

  

   Amanheceu e eu contemplei o rosto de Robyn bem próximo ao meu, assim que abri os meus olhos naquela manhã. Ela era como um anjo dormindo, mas aquele certo tipo de anjo que gostava de uma perversão.

   Me levantei sem acorda-la e fui ao banheiro fazer a minha higiene matinal. Não demorei muito e voltei, me deitando para continuar contemplando o seu lindo rosto.

   A mão dela percorreu desde o lençol e foi parar em minha cintura, deitando todo o braço completamente, mas ela não estava totalmente acordada, o fez inconscientemente.

   Contemplei ela por um momento, senti sua respiração, vi seu braço novamente sobre a minha cintura e aquilo me roubou um sorriso apaixonado. Ela dormiu a noite inteira abraçada ao meu corpo e não importava seu eu me mexesse ou não, mas ela sempre conseguia se encaixar, éramos as peças solitárias do quebra cabeça que se completavam.

   Fui levando os meus lábios na direção dos dela, lhe roubaria um selinho enfim, eu estava pronta para dar aquele passo e se eu o fizesse ela mesmo dormindo iria gostar. Fui, fui chegando... até que ela se moveu e suspirou me fazendo parar e fingir que estava dormindo, o famoso ‘ sono falso ’ entrou em cena.

   Robyn continuou se movendo e logo em seguida eu senti o seu cheiro bem próximo, ela parecia estar com o rosto quase tocando o meu e se eu abrisse os olhos, eu perderia a ternura do toque de seus lábios na minha testa, na ponta do meu nariz e por fim, nós meus lábios. Eu tremi por dentro, o meu coração saltou de emoção, finalmente pude sentir o que desejei desde que a vi pela primeira vez, desde que ela me tocou. Nada no mundo se comparava a ser beijada pela manhã, pela minha boxeadora encantada — agora chamaria ela de boxeadora encantada, haha.

   Fora um simples beijo, o qual eu não pude retribuir porque estava fingindo, não queria pegá-la no flagra.

   Enfim senti o peso dela se afastando e saindo da cama, então abri os olhos lentamente para ver ela dando os pulinhos, eu achava engraçado e fofo, mas acabei ficando emburrada. Robyn caminhou para o banheiro como se nunca tivesse pisado infalsso e ficado com o tornozelo dolorido.

   Assim que ela saiu do meu campo de visão, eu me levantei com raiva indo até o freezer da geladeira, fui impulsionada pela raiva e por ter sido enganada. Robyn mentiu pra mim, enquanto eu a ajudei como pude. Ela não precisava ter fingido estar dolorida por tantos dias só pra ter massagens no tornozelo, eu o faria por gostar dela, mas agora, eu só queria me vingar.

   Peguei todas as bolsas de gelo, as que ela usava para pôr no tornozelo, joguei tudo dentro de um recipiente redondo assim que rasguei e voltei rapidamente para o quarto. Eu estava decidida a fazer aquilo e fiz.

   Encontrei Robyn saindo do banheiro enquanto olhava para a cama à minha procura e joguei todo o gelo nela, que cobriu a cabeça rapidamente com os braços para se proteger.

   Eu estava tão irritada que levantei o recipiente para arremessar contra ela, mas parei quando ela ergueu o indicador...

— Não ouse!

— Você é uma filha da p...

— Se terminar... — ela me interrompeu — sofrerá as consequências!

— Não tenho medo de você! — continuava com o recipiente armado e agora via Robyn com o seu olhar possessivo sobre mim.

— Não sou um monstro. — disse olhando para a sujeira no chão, cubos de gelo que começaram a derreter.

— Você é pior que um monstro... você mentiu pra mim.

— Solta isso que você tem na mão, Courtney! — disse com autoridade e eu senti medo.

— Você não presta!

— Por que está me dizendo estas coisas?

   Como é cínica.

— Você mentiu esse tempo todo sobre o seu tornozelo!

— É... — ela se abaixou e pegou alguns cubos de gelo, se levantou e me encarou.

   Suspirei.

— Você deve pagar pelo gelo desperdiçado.

— Não mude de assunto, sua filha da...

— Vou punir você se continuar com essa boca suja! — veio se aproximando, enquanto eu me afastava andando para trás.

— Boca essa que você adorou beijar!

   Robyn parou e seus olhos percorreram a extensão do chão até que voltou a me encarar e naquele momento, o recipiente escapou de minha mão caindo sobre um dos meus pés, o que doeu como um furo de agulha.

— Ai! — e acabei me abaixando para massagear os dedos.

— Viu aí... — ela sorriu maliciosamente — já está sendo punida e eu nem movi um dedo.

— Tudo isso é culpa sua, Robyn! — ergui os olhos e já a encontrei ao meu lado.

— No primeiro dia o meu tornozelo realmente estava doendo... peço desculpas por ter mentido sobre o tornozelo nos dias que se seguiram.

— Você não merece ser desculpada... você se aproveitou da minha disposição em te ajudar e do meu gosto por você...

— O que? — soou surpresa e eu acabei caindo na real do que eu tinha acabado de confessar.

   Continuei abaixada e calada, mas o nervosismo tomou conta da minha raiva e senti as minhas bochechas ficarem vermelhas. E agora? O que seria de mim? Como eu olharia pra ela?

— Quero que repita as suas últimas cinco palavras!

   Continuei na mesma posição.

— Se não me responder... pagará pelo que fez comigo! Aqueles cubos de gelo doem sabia?! — disse totalmente irritada e eu resolvi me levantar. De pé eu poderia enfrenta-la melhor, mesmo sendo uns dez centímetros mais baixa que ela.

   Fui me afastando...

— Se der mais um passo... — hesitou em continuar.

— Vai fazer o que? — a confrontei de cabeça erguida.

— Vou fazer uma coisa que você vai implorar para que eu pare.

— Não me diga que vai levantar a mão pra mim novamente... me punir como se eu fosse uma criança ou um cavalo feroz?!

   Robyn parou trincando o maxilar e eu engoli em seco, assim já percebendo que estávamos no meio do corredor.

— Achei que você tinha me perdoado. — ela parafraseou e aquilo me doeu. O meu rancor visível não tinha que ter saído pela minha garganta.

— Eu perdoei você! — disse baixo, já percebendo ela cabisbaixa.

— Se tivesse me perdoado... você não teria jogado uma enxorrada dessas em mim... eu realmente achei que tivesse sido sincera...

— Eu fui sincera sobre tudo... sobre nós, sobre você e eu. — eu tentava esconder o desespero.

   Robyn negou com a cabeça e os cubos caíram de sua mão. Ela se virou, mas eu não deixaria ela ir, não antes de terminarmos aquela discussão.

   Corri e a segurei pela mão, a empurrando contra a parede, onde se permitiu ter sido cercada por meus braços.

— Eu perdoei você, porra, eu realmente perdoei!

— Então... — olhou para o teto ignorando o meu rosto — por que você me tratou tão mal, mesmo depois de ter recebido um beijo meu?

— Eu fiquei irritada por você ter mentido, por você ter me deixado preocupada por dias, por me enganar sem motivo... — senti lágrimas se formarem em meus olhos — por que você não me disse a verdade?

   Continuava com o olhar erguido...

— Eu o fiz... — começou e eu senti seus braços me abraçarem, o que eu acabei permitindo, tendo encostado meu rosto no meio de seus seios — fiz porque eu queria ter momentos a mais com você, você me tocando, cuidando, me confortando... — ela suspirou — você nunca percebeu que eu armei tudo aquilo para que eu pudesse sentir tudo que transbordava de você... sentir o calor de suas mãos, sentir você ao meu lado?

— Então foi tudo encenação?! — me afastei e rapidamente tive o pulso segurado.

— Você não vai fugir!

— Não pretendo fazer isso!

— E se pretendesse... você jamais sairia por aquela porta... não antes de confessar que está apaixonada por mim!

— Não tire conclusões precipitadas! — disse tentando me soltar.

— Não são precipitadas... eu sinto a paixão transbordando de você... eu sinto tudo de você... você é fraca quando está comigo... você já é minha e não pode fugir! E sem contar o seu coraçãozinho.

   Eu já era dela e sim, eu era fraca. Parei de tentar fugir e então ela me soltou, mas logo me empurrou na parede, onde me cercou com seus braços.

— A porta esta bem ali... — olhamos juntas para a porta e nos olhamos profundamente enquanto o rosto dela se aproximava do meu — se eu estiver errada sobre os seus sentimentos... vá embora e nunca mais volte!

   E assim eu me vi encurralada. Eu não tinha forças para ir embora e muito menos coragem para confessar a minha paixão por ela, e agora temia que ela não se importasse mais com a minha decisão. Era somente sim ou não. Eu poderia me despedir ali mesmo, mas a verdade foi outra.

   Eu chorei e escondi o meu rosto molhado em minhas mãos. Robyn continuou ali calada, me ouvindo desabar em lágrimas.

   Robyn me abraçou brevemente e beijou minha testa, assim que me abracei à ela.

   Era agora ou nunca e eu só queria estar com ela.

— Eu não consigo me afastar de você... — dizia e um soluço ousou sair — me desculpe por ter jogado o gelo em você.

— Eu desculpo você. — fez um carinho em minha cabeça — e espero que dê hoje em diante eu não precise mais mentir ou ser fuzilada com gelo.

   Sorri e as minhas lágrimas se estancaram.

  

   Robyn sem avisar, me ergueu em seus braços me fazendo abraçar sua cintura com as pernas e saiu andando enquanto riamos e eu me segurava em seus ombros torneados. Ela estava me levando para a sala.

— Não era necessário fazer isso.

— Mas... eu quis fazer. — e então me colocou sobre o balcão, ficando pela primeira vez mais baixa do que eu.

— Por que me colocou aqui? — perguntei e vi ela segurar a minha cintura apertando e olhando para as minhas coxas, como se estivesse pensando em avançar para o meio dela, e se o fizesse eu a pararia, eu ainda estava de tpm.

— Abaixa um pouco. — disse chamando com a mão.

   Eu o fiz e enfim pude sentir mais uma vez os lábios de Robyn nos meus. Aquele beijo começou lento, onde apenas ambos os lábios se movimentavam e segundos depois foi ficando mais intenso. Robyn invadiu a minha boca com a sua língua enquanto dava espaço para a minha agir. Se eu soubesse que um beijo de Robyn era tão viciante e de arrancar fôlegos, suspiros e alguns gemidos abafados, eu teria deixado ela me beijar, quem me dera ter cedido antes.

   Robyn mordeu o meu lábio inferior várias vezes mudando para beijos e chupadas fortes, em uma aleatoriedade incrível e a sincronia de nossas bocas foi o que mais me impressionou. Aquela foi a primeira boca que quis voltar a beijar, a morder e a provar da saliva até não sobrar nada.

   Robyn me deu um último beijo e sorrimos uma para a outra. Foi um tanto tímido olhar para ela mordendo a língua, no entanto, logo relaxei e pudemos ver a senhora Smith atônita com a mão na maçaneta da porta, tentando esconder a surpresa em seu rosto vermelho. Ela veio ao trabalho e entrou porque tinha uma cópia da chave. Robyn me ajudou a descer do balcão e eu não quis olhar mais para a senhora.

— Vá para o quarto que eu resolvo tudo por aqui.

   Assenti sem ao menos olhar para Smith e parti para o quarto, totalmente envergonhada por ter sido flagrada quase engolindo os lábios de Robyn.

   Estive sozinha no quarto por um curto espaço de tempo, até que Robyn apareceu, dando uma leve olhada na água espalhada do gelo derretido no chão e sorrindo.

   Ela parou em minha frente enquanto eu encarava aquela perfeição de lábios viciantes.

— Você sabe o que eu quero agora? — perguntou já se curvando.

— Agora... é...

   Robyn me deu um beijo leve e se apoiou com as mãos na cama, onde parou para me olhar mais de perto.

— Você é linda, pequenina.

— Obrig...

   Robyn avançou para os meus lábios novamente e dessa vez não parou, pelo contrário, foi me beijando e subindo na cama enquanto eu me arrastava para o meio, onde acabei me deitando e ficando com o corpo quente sobre mim.

— Você é completamente perfeita. — sussurrou contra a minha boca e voltou a me beijar, mas agora, intensamente.

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Comments

A.G

A.G

kkkkkkkkkkk isso aí garota, o que te falta de altura sobrou na coragem. Mostra ela 😂

2024-04-04

1

vanilza santos

vanilza santos

até que fim Courtney, que tomou uma decisão.

2024-01-04

0

Ana Faneco

Ana Faneco

simplesmente amando a história

2023-08-15

2

Ver todos

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