CAPÍTULO 12

  

    Domingo...

   Acordei sentindo o cheiro do aroma de um café, o qual pelo cheiro acabara se ser preparado, mas quando me sentei na cama, me surpreendi com uma cesta de chocolates e um notebook novo aberto em um filme mudo. Fofo. Robyn não queria me acordar e também não estava no quarto.

   Me arrastei para perto da cesta cheia de chocolates e rosas e sorri bobamente. Nunca tinha ganhado uma cesta de chocolate na vida e principalmente no período da TPM, então era como um sonho. Aquilo acabou me fazendo refletir.

   Será que... será coração?

— Se você não acordasse a tempo, as formigas levariam ela embora — Robyn referiu-se a cesta e me fez sorrir de sua brincadeira, mesmo não fazendo sentido, já que por ali não haviam formigas e após sua voz se calar, eu a vi passar pela porta segurando uma bandeja com um copo de suco de laranja, uma xícara de café, roscas e frutas vermelhas. Café da manhã na cama, sério? Além de uma cesta de chocolate... Acho que Robyn estava querendo alguma coisa.

   Robyn se sentou na cama e continuou com a bandeja nas mãos, mas agora ela me olhava com um sorriso.

— Estive na cozinha aprontando... — disse brincalhona — e acho que me sai bem.

— Não precisava ter feito isso... — olhei para tudo ali próximo de meus olhos — tudo isso... eu não estou doente, só de TPM.

   Ela olhou para tudo fazendo uma cara birrenta...

— Ok... vou jogar tudo fora. — disse fingindo se levantar e eu a segurei, então ela voltou a se sentar.

— Eu aceito Miller.

— Acho bom, rum!

   Sorri de como ela foi birrenta ao mostrar um biquinho e franzir as sobrancelhas.

   Peguei a xícara de café e bebi um pouco, vendo que sim, estava bom, ela se saiu bem. Bebi mais um pouco enquanto Robyn acompanhava os meus movimentos, ela parecia estar olhando para os meus lábios e tive a certeza quando...

— Quer que eu te ajude a terminar?

— Talvez, tome. — disse levando a xícara a boca dela que tomou um gole, enquanto olhava para a minha boca.

   Assim que abaixei a xícara, ela foi aproximando os lábios dos meus e de repente...

— Que filme é esse? — perguntei virando o rosto.

— Não sei exatamente, só escolhi aleatoriamente. — disse virando o meu rosto para ela e me deixando a desejar aqueles lábios e ela não parou de se aproximar, se aproximou, chegou bem perto e...

— E por que não ouço nada? — afastei o rosto.

   Robyn respirou fundo antes de responder...

— Porque eu não quis te incomodar.

— Obrigada.

   Robyn suspirou e colocou a bandeja na cama, próxima da cesta e voltou a ficar com o rosto próximo do meu.

— Courtney? — ela umedeceu os lábios.

— Sim, Robyn?

— Me agradeça com um beijo.

   Gelei...

   Fui à um vulcão e voltei...

   Chegou a hora.

— Quero beijar você, Courtney.

   Eu também quero Robyn.

— Posso tocar em você?

— Robyn, eu... eu não sei se...

— Não vou forçar, mas... eu não vou implorar por isso. — se mostrava desejosa e esperançosa.

— Não quero que implore.

— Então, o que você quer?

   O que eu quero... o que eu quero? Coração, volta aqui e me responde!

— É... por enquanto... somente terminar o meu café.

— E depois?

— Ainda não pensei nisso. — porque o meu coração resolveu me abandonar.

— Está bem. — se levantou e cruzou as mãos atrás das costas — Quando estiver pronta, me procure... hoje te levarei à um lugar.

— Aonde iremos? — guardei a curiosidade em minha garganta.

— É segredo. — respondeu e saiu do quarto com passos lentos e com um rosto sério.

   Volte Robyn, por favor... A chamei mentalmente porque eu também queria ela, mas eu estava resistindo por medo de me... me apaixonar por ela.

   ***

— Por que me trouxe em uma academia de MMA?

   Fui a primeira a falar algo quando adentramos um lugar com ringues de luta, pessoas de diferentes raças treinando em diferentes equipamentos e com treinadores e o mais interessante foi que por quase todos por quem passamos eram carecas ou de cabelos pretos, todos fortes, musculosos, como Robyn. Haviam também treinadoras saradas e bonitas, no entanto, a beleza de Robyn era superior a de qualquer um naquele local de desenvolvimento corporal.

  

   Robyn caminhou em direção a um dos ringues sem nem menos responder a minha pergunta e eu a segui calada, como se eu fosse a sua aprendiz.

   Depois de rejeita-la naquela manhã, ela não quis falar comigo, a não ser na hora em que pediu para eu me sentar em um dos bancos de trás do carro. Ela disse que precisava de espaço e então decidi aceitar, assim, ela ficou parecendo a minha motorista particular, já que escolheu um carro preto luxuoso de sua garagem.

   Paramos ao lado do ringue e logo em seguida uma mulher vestida em roupas de treinamento, mostrando partes de seu abdômen sarado se aproximou já com um sorriso simpático talvez, mas que não me agradou nenhum pouco. A mulher possuía a pele cor de castanha e cabelos trançados, era bonita, confesso. Ela trazia consigo luvas pretas de box, já estando com luvas brancas em suas mãos. Deduzi que ela seria a " rival " de Robyn naquele ringue.

   Olhei para Robyn e ambas trocamos olhares, o dela de seriedade e o meu de pura insatisfação. Ela iria expor o seu belo corpo a possíveis socos e toques de outra mulher. Eu não queria ver outra a tocando e muito menos por cima dela se caso a mesma caísse.  Se ela queria me dar o troco, me fazendo ver aquilo por eu tê-la rejeitado, ela estava conseguindo.

— O que você vai fazer? — perguntei mostrando para ela o meu desapontamento.

   Robyn não demonstrou nenhuma reação, mas enfim, respondeu:

— Vou trocar socos com Pierce.

— Quem?

— Eu achei que você recusaria novamente o convite de vir ao ringue — ouvi aquela voz e encarei a mulher de tranças, a tal de Pierce, que já estava próxima de nós — bem-vinda de volta, Robyn.

— Obrigada. — Robyn disse sorrindo e se aproximou da mulher, dando um leve soco no ombro da mesma, que retribuiu com um abraço duradouro.

   Assitir aquela cena foi chato e vê o sorriso de ambas fez o meu estômago apertar, aquele sorriso de Robyn deveria ter sido endereçado a mim.

— Vejo que teremos plateia desta vez. — disse Pierce, se afastando e olhando para mim, já dando uma analisada completa em meu corpo, como se eu fosse uma qualquer.

— Esta é Pierce — Robyn disse apontando para a trançada — e esta é Drake e veio me acompanhar.

— Muito prazer, Drake.

   Apenas assenti, eu não queria nenhum contato com ela, mostrar logo que não fui com a cara dela só pelo fato dela ter abraçado Robyn.

   Robyn pegou as luvas e pôs em suas mãos enquanto ambas assistíamos ela.

— Um momento Robyn — disse Pierce — você esqueceu de tirar os sapatos e a... blusa.

   Tirar a blusa?

   Pierce quer me estressar mais ainda, essa atrevida.

— Não acho que seja necessário tirar a blusa — disse sem saber nada sobre aquele esporte e recebi um olhar incomodado de Pierce, um olhar que pelo visto, só eu estava notando. Por acaso ela estava achando que a minha Robyn iria ficar ali só de top pra ela? Não vai mesmo!

— Vou tirar apenas os sapatos.

— Posso ajudá-la? — ambas perguntamos juntas e Robyn ficou nos olhando como se estivesse contando o ‘ uni, dune, tê ’ mentalmente. Os sapatos dela eram negros e com cadarços amarrados fortemente.

   Não queria que aquela mulher tocasse novamente em Robyn e nem se ajoelha-se em sua frente e mesmo que eu não fosse a escolhida, eu o faria, nem que eu tivesse que passar na frente.

— Courtney? — ela chamou por mim me olhando agora com malícia.

— Sim?

— Poderia me ajudar com os meus sapatos?

— Claro! — respondi ligeiramente e com certeza fiquei exposta ao olhar de Pierce.

— Então... me acompanhe.

   Acompanhei Robyn até uma cadeira próxima à uma parede com medalhas e avisos e assim que ela se sentou, eu tive o meu pulso puxado e o corpo curvado sobre o dela, ficando com o meu rosto a centímetros do dela. Ela foi tão rápida em tirar uma das luvas que quando o fez eu nem percebi, possivelmente o fez no nosso pequeno caminho até a cadeira e agora estávamos ali naquela posição. Senti o seu perfume e salivei, senti a força em meu pulso e imaginei muitas coisas levianas, ela estava totalmente irresistível naquela cadeira.

— Agora se ajoelha — ela sussurrou soprando as palavras contra a minha boca — e faça o que tem que fazer!

   Me ajoelhar na frente dela era como voltar ao passado e me lembrar de como a fiz gozar e de como gostei de fazer aquilo.

   Se foi uma ordem eu nem percebi porque simplesmente obedeci. Eu não sabia como as suas palavras me causavam tamanho desejo de submissão, eu já não era mais a sua submissa e podia decidir por mim mesma, mas, pelo visto, o meu corpo, minha mente e os meus sentidos estavam completamente ligados e hipnotizados pela voz dela.

   Assim que me ergui, Robyn sussurrou...

— Acho que devo tirar a blusa.

— Não! — disse rudemente e vi um sorriso travesso nos lábios dela. Ela estava me provocando.

— E por que não? Será mais confortável.

— Porque... porque... porque você não deveria se mostrar para qualquer um. — era evidente o meu nervosismo e ela estava gostando de me deixar daquele jeito.

— A Pierce não é qualquer uma... eu a conheço a quase dez anos.

   É, uma história sobre o passado dela, seria um ó naquele momento, eu já estava cheia de tudo aquilo e queria voltar para a cobertura, eu não estava nos meus melhores dias e de vez em quando sentia cólicas que percorriam desde o meu umbigo até a minha coluna. Aquelas cólicas já eram o suficiente pra mim, além do estresse que aquela trançada me causou.

— Eu quero ir embora! — disse já com uma face não tão apresentável.

   Estaria eu emburrada por causa de uma mulher ou com ciúme de uma pessoa que não pertencia a mim?

— Mas... acabamos de chegar, Courtney?— ela nem se importou comigo — agora vou ir trocar uns socos — foi se afastando...

— Eu estou sentindo dor! — apelei e vi ela paralisar, virando para mim como se fosse um daqueles bonecos assustadores.

— Isso é verdade, Courtney? — perguntou preocupada.

— Claro! Eu estou de TPM... o que você acha que acontece quando passamos sete dias perdendo sangue?

   Eu falei como se ela não fosse uma mulher, como se eu estivesse reclamando com um homem.

— Está bem... vá e me espere no carro e coma um chocolate... guardei alguns no porta luvas.

— Mas eu quero que você me acompanhe agora e me leve para a cobertura!

— Vou fazer o que prometi para Pierce e em seguida irei ao seu encontro!

— Mas...

   E ela se foi, me deixando ali plantada e com as palavras travadas no meio da garganta.

   É Courtney, ela estava te punindo descaradamente indo ao encontro de outra mulher. Ela estava me fazendo sentir a mesma rejeição pela qual a fiz passar. Aquele segredo idiota, pagando como olho por olho e dente por dente.

   Eu fiquei indecisa entre ir para o carro ou ficar ali, vendo o que poderia acontecer, então eu fiquei. Vi a linda mulher com movimentos rápidos e precisos para cima de Pierce, que se protegia dos socos e os devolvia.

   Elas tinham uma conexão em seus olhares, óbvio, já se conheciam a anos, muitos anos antes de eu aparecer na vida dela. Pierce deveria ser amiga de faculdade ou apenas colega de MMA.

   Momentos depois...

   Elas terminaram de trocar socos, riram como se estivessem se despedindo e Robyn foi saindo lentamente enquanto me olhava e ao pisar no chão, um de seus pés virou e ela caiu dando um grito abafado de dor. Ela torceu o pé e eu me desesperei.

   Corri até ela, vendo Robyn levar as mãos ao pé que pisou em falso e me ajoelhei, onde encontrei olhos penetrantes a me olharem.

— Você está bem? — perguntei e ela aproximou o rosto do meu...

   Naquele breve momento hipnotizada pelo seu olhar, eu esqueci tudo ao meu redor, entrei em uma dimensão onde existia apenas eu e ela. Nossos rostos se aproximando ainda mais, nosso contato visual cada vez mais perto, nossas respirações se misturando e enfim...

— Trouxe gelo pra você, Robyn.

   E aquele momento acabou, todo o escudo da dimensão foi quebrado e voltamos à realidade, tudo por culpa de Pierce.

— Ai. — Robyn gemeu de dor e afastou a face enquanto pegava a bolsa de gelo, onde colocou sobre o tornozelo e firmou, ficando com um rosto rígido. — Obrigada Pierce.

— De nada... posso ajudá-la...

— Eu cuidarei dela! — interrompi com uma voz firme, enquanto a encarava furiosamente.

   Por causa do convite que ela fez e por Robyn ter permanecido no ringue, acabou se machucando, e agora, eu estava preocupada e sem saber o que fazer, mas eu cuidaria de Robyn Miller.

— Obrigada mais uma vez, Pierce, mas... a Courtney me ajudará de agora em diante.

   Olhei para Robyn e vi um pequeno sorriso no canto de sua boca, um sorriso simples e apaixonante.

— Então vou indo... — já vai tarde! — tenho uma luta em 30 minutos.

— Nos falamos depois. — Robyn disse e Pierce se foi.

   Acompanhei o andar de Pierce para longe de nós até que tive o meu rosto virado delicadamente para a mulher caída como uma deusa no chão. Com os nossos olhos já atentos um no outro, ouvi ela dizer...

— Me leve para a nossa cobertura e cuide de mim.

   E aquelas palavras fizeram meu coração acelerar, as minhas mãos suarem e minha respiração falhar.

   " Nossa cobertura... cuide de mim "

— Sim Robyn... eu cuidarei de você.

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