CAPÍTULO 13

— Achei que você cuidaria de mim!

   Foram essas as palavras que Robyn falou assim que me viu entrar em seu quarto, logo que cheguei na cobertura. Eu tinha ido pra faculdade, depois visitei os meus avós e só assim, voltei para a cobertura.

   Era quarta-feira e tornozelo de Robyn já estava quase bem, mas ela agora, estava fazendo drama, drama esse que eu não esperava que fosse assistir. Estive ao dela todos esses dias, mas sempre a deixava para ir cumprir as minhas obrigações como uma universitária que pensava em ter um futuro. Foram momentos que me fizeram olhar ela com outros olhos e possivelmente a fiz me olhar também diferente, ela sempre acariciava o meu cabelo ou o meu ombro quando eu estava aplicando o gel massageador em seu tornozelo, fazendo movimentos com os dedos para aliviar a dor e o inchaço que se formou devido a torção. Eu cuidei dela, mais do que de mim mesma, os minutos que dediquei a ela, foram completamente para ela, para ela ver como eu estava tentando sempre ajudá-la.

   Robyn não fora trabalhar, ficou em sua cobertura trabalhando do seu notebook, deitada em sua cama e rodeada por refrigerantes e salgadinhos, algo que vinha se repetindo desde o início da semana, mas naquele momento só havia um refrigerante sobre a mesa de cabeceira. Tomou anti-inflamatórios para aliviar a dor e usou gelo de acordo com os horários.

   Passei pelo quarto indo na direção do closet sem dar moral à ela, e logo depois de deixar a mochila lá, voltei e me deparei com uma face emburrada. Robyn certamente ficou chateada por eu não ter falado nada. Eu estava um pouco estressada, sintoma causado pela TPM. Era como se eu pudesse odiar qualquer rosto que eu visse na minha frente.

— Boa noite, Robyn? — disse me sentando na ponta da cama e tirando os meus tênis.

   E como já previsto, eu não obtive resposta.

   Invés de eu ouvir sua voz, eu ouvi uma voz que era transmitida pelo notebook, o interessante é que eram vozes, mas uma específica chamou a minha atenção, era a minha voz.

— O que você está assistindo, Robyn? — perguntei depois de minutos escutando a minha voz se repetir algumas vezes.

— Você!

   Hum?

— Eu? — perguntei já me levantando, me virando e recebendo um olhar travesso.

   Robyn virou a tela do notebook pra mim e nada surpresa, eu pude me contemplar naquele retangular prateado. Era como o vídeo da noite em que fui punida com chicotadas. Agora restava saber como, quando e quem era o meu stalker, um stalker que seguia as ordens de Robyn.

— Não está surpresa? — ela perguntou, se arrastando para a ponta da cama, já descendo os pés ao chão e ficando de pé, se apoiando apenas em um. E o notebook ficou na cama virado para mim.

— Nao!

— Não quer saber nada sobre o vídeo? — perguntou e foi na direção do closet, dando pulinhos com um pé só, parecia uma criança e era impossível não sorrir com a cena, mas é claro que disfarçadamente. Se ela me visse sorrindo, brigaria comigo e estaria certa.

— Bem... — vi ela voltar segurando a mochila preta metida a besta — não seria ruim saber... mas pode ser uma perca de tempo.

— Perca de tempo seria tomar banho com você e não te foder. — ela disse aquilo sem pudor algum e foi para a sua cama tranquilamente, como se aquelas palavras pronunciadas por sua boca fossem normais para falar em qualquer momento.

  

   Fingi a santa e afastei pensamentos impróprios que surgiram brevemente em minha mente.

— Quer saber ou não? — houve rispidez em sua voz e a vi colocar a mochila na cama, com os botõezinhos virados para ela.

— Tanto faz. — respondi, já recebendo um olhar semicerrado.

— Ok.

— Vai me dizer?

— Acho melhor você ver... pegue o notebook e clique na tecla enter.

   O fiz e quando olhei fixamente para a tela, vi Robyn levantando o dedo do meio pra mim. Olhei para a mulher com um sorriso travesso e ela continuava com o dedo erguido. Liguei os pontos ligeiramente e pelo ângulo da imagem, vi que a maldita stalker era nada menos que a própria mochila. Os botõezinhos eram microcâmeras embutidas na mochila e uma das responsáveis por ter feito eu ser punida.

   Com Robyn foi capaz de fazer isso tão descaradamente? Eu que pensava que tinha uma pessoa me seguindo por aí.

— Nunca gostei dessa mochila metida a besta. — eu disse e deixei o notebook na cama, e Robyn se sentou, já estava cansada de ficar em um pé só e acabou deixando um sorriso leve no ar.

— É uma tecnologia eficaz que criamos em minha empresa e ainda bem que você não a deixou largada em qualquer lugar. O dinheiro investido nessa mochila valeria a sua vida.

— Então eu deveria ter jogado ela da ponte! — brinquei e recebi um olhar de raiva.

— Ao invés de comparecer a reuniões, eu as adiei, tinha que me encontrar com clientes, mas os deixei para outra hora... perdi horas no escritório assistindo todos os seus passos. Deixei a mochila em suas mãos para que eu pudesse te observar o tempo todo — agora estava sem expressão — te observei durante uma semana, vi você estudando, vi você comendo, vi você sorrindo, vi você sendo elogiada e vi também como você é dedicada ao seu estudo e aos seus avós.

   O que eu deveria falar naquele momento?

— Eu deveria ter confessado isso a você na noite em que nos reconciliamos, mas eu só queria o seu perdão e os seus braços me envolvendo.

   O clima no quarto estava um pouco tenso, confissões, sentimentos, quereres, tudo envolvido como em um todo.

— Eu não espero que me perdoe por eu ter te stalkeado... eu sabia que tudo o que fiz era errado.

   Caladas nos olhando...

   Robyn se levantou em um pé só, pegou a mochila e assim eu me aproximei e tirei a mesma de suas mãos para evitar que ela desse pulinhos para ir guardar a ‘ metida a besta ’ no closet.

   Ela segurou meu antebraço, dizendo:

— Me desculpe por tudo o que fiz.

   Me sai de sua mão e fui ao closet sem dar-lhe nenhuma resposta. Demorei alguns minutos no closet encostada na porta. Pensei em perdoa-la, pensei em dizer palavras duras, em ir embora, pensei em muitas coisas. Eu deveria estar irritada, com raiva e com ódio por tudo o que ela maquinou pelas minhas costas, mas eu não tinha forças para confronta-la ou deixá-la e simplesmente eu não podia me afastar.

   Minha mente me mandava ir embora e nunca mais voltar, mas o meu coração apertava quando me imaginava longe dela, longe de tudo que transbordava dela. Eu estava apaixonada e a ficha caiu em um único pensamento ‘ eu me apaixonei por ela ’.

   Sai do closet à sua procura e não a encontrei, então ouvi o barulho do chuveiro. Perdi algum tempo na cama e decidi assistir alguns dos vídeos no notebook. Abri o mesmo e vi que precisava de uma senha para desbloquear. Tentei a sorte e digitei o nome de Robyn, mas era óbvio que não era a verdadeira, então digitei algo como ‘ dominando uma submissa ’, algo que surgiu no momento em minha mente e de repente, eu tive acesso a todos os aplicativos e pastas.

   A pasta que me chamou atenção também possuía o ‘ dominando uma submissa ’ e eu a abri, já encontrando os vídeos e mais alguns documentos particulares, documentos que se tivesse acesso ao notebook novamente, iria ler.

   Escolhi um vídeo favorito, o único na verdade e comecei a assistir. No vídeo, estava eu sentada no banco de uma praça devorando um taco. Lembrei-me que naquele dia eu deixei a mochila ao meu lado no banco e não sabia que aqueles botõezinhos cintilantes estavam me filmando, então como uma pessoa que falava sozinha, eu comecei a me fazer perguntas e responder para mim mesma. Perguntas do tipo: Será que se eu comer muito sorvete, o meu estômago vai congelar? Será que fadas são reais mesmo como nos contos e fábulas? E por último...

   Porque uma pessoa cheia de " não me toque " como você Robyn, pode ser tão bonita e ao mesmo tempo tão cruel?

   Fechei o notebook e o deixei de lado, onde levei as mãos a boca para não surtar com gritos e xingamentos. As perguntas anteriores não significavam nada, mas a última, a última, as microcâmeras não deveriam ter filmado. Por isso que aquele vídeo era o favorito de Robyn, por isso que ela cedeu em deixar que eu a tocasse e agora, quer dizer, e esse tempo todo, eu estava ali entrando e saindo daquela cobertura, enquanto ela sorria de mim e das minhas paranóias.

   E agora coração? Qual é a sua decisão?

   Devo ir ou devo ficar?

   Devo confrontá-la ou me entregar a paixão?

   Por que é tão difícil enviar uma resposta concreta para a minha mente coração? Eu preciso de uma resposta já!

   E de repente...

   Vejo Robyn saindo do banheiro, vestida apenas em uma calça moletom preta e em um top parecido com os de treinamento que ela tinha. Aquelas roupas já estavam no banheiro para facilitar a sua saída, já que estava dando pulinhos e mais pulinhos.

   Robyn não olhou pra mim, somente se sentou do outro lado da cama, colocou o tornozelo machucado sobre o joelho e começou a massagear.

   No silêncio ali e também entre nós, pude ouvir gemidos baixos de dor, o tornozelo dela ainda estava dolorido e em algum momento, eu me senti triste ao vê-la naquela situação, não era um sofrimento que duraria anos como uma doença, mas era de deixar o meu coração com dó.

   Quis fazer algo e acabei fazendo, me distanciando totalmente da razão que ainda me restava.

   Me arrastei na cama e me ajoelhei atrás dela, onde repousei meu queixo em seu ombro e senti o maravilhoso cheiro de seus cabelos e pescoço, era mais que apaixonante para uma pessoa já apaixonada.

   Eu estava apaixonada.

— Você prefere comida chinesa ou japonesa? — ela perguntou um momento depois e então roçou a sua bochecha em minha orelha, me enchendo de vontade de abraça-la e o fiz.

— Mexicana.

   Robyn sorriu silenciosamente e me fez sorrir juntamente com ela.

— Por que comida mexicana? — perguntou e levou uma de suas mãos aos meus cabelos, onde deixou cafunés viciantes.

— Porque é picante. — respondi e assim ela sorriu maliciosamente.

— Posso ser picante e ao seu gosto... é só me obedecer.

— E que ordem devo seguir? — nem me importei com o seu tom dominante e apaixonante, eu só desejava fazer conforme a sua ordem, eu simplesmente cedi, sem nenhuma resposta do coração e ignorando qualquer razão que ainda existia em minha mente.

— Se ajoelha! — ordenou já me puxando para descer da cama, onde pisei no chão frio e encarei os seus lábios, lábios que agora eu desejava beijar, como se fosse a última coisa para fazer antes do mundo acabar, se caso estivéssemos em um apocalipse.

   Ela estava linda com aqueles fios molhados suspendidos sobre sua testa e com aquelas pupilas negras e me olharem.

— Se ajoelha, pequenina. — ordenou e eu o fiz, mas sem desviar os nossos olhares.

— E o que devo fazer agora?

— Tire a minha calça.

   Fui devagar e tirei de pouco a pouco a calça juntamente com a sua roupa íntima, já que eu sabia o que viria a seguir, tomando cuidado quando passei por ambos os tornozelos, não a machuquei, eu odiava vê-la com dor, qualquer tipo de dor.

   Agora nua da cintura pra baixo, vi ela tomar a posse do meu maxilar, deixar um aperto em meu queixo acompanhado por uma mordida nos lábios e o abrir de suas pernas, puxando-me através da nuca. Assim cheguei onde ela tanto desejava.

— Deseja mesmo isso? — perguntei enquanto olhava para a sua face cheia de luxúria, malícia e desejo, além de domínio e superioridade.

   Sim, ela era superior, ela ordenava e eu obedecia, mesmo agora sem um contrato em nosso meio, era sua submissa, uma submissa apaixonada e dominada pelo desejo.

— Me dê o seu melhor, Courtney.

   Como me ordenou, eu o fiz.

   Minha língua tocou seu clitóris e pude contemplar a lentidão de seus olhos se fechando, de sua boca se abrindo, de sua língua girando em seus lábios e suas mordidas, era uma visão que me deixou quente, fervendo e influenciada por aquilo, continuei, continuei e fui chegando cada vez mais profundo, recebendo suspiros e gemidos e contemplando a forma como o seu abdômen se contraia.

   Ela estava chegando ao seu ápice, chegando ao seu prazer, chegando e chegando e assim, saboreei tudo o que saiu dela, tudo.

   Me ergui lentamente, assim que o seu momento de espasmos e fôlego comprometido passou. Ela fez eu me sentar em seu colo e eu tomei cuidado novamente para não tocar o seu tornozelo, mas também deixei os meus joelhos em contato com a cama para não deixar o peso do meu corpo sobre suas coxas pois os seus pés estavam apoiados no chão.

   Robyn me abraçou fortemente, repousando a cabeça em meu seio direito, percorreu as minhas costas com seus dedos quentes por baixo de minha blusa e finalmente perguntou:

— Tenho novamente o seu perdão?

— Não!

   Houve um silêncio, mas ela continuou me abraçando. Ela desejava ser perdoada e eu o faria, sim eu faria.

   E ficamos ali, com ela me abraçando, me acariciando e me fazendo sorrir com o seu jeito quente e apaixonante.

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Comments

vanilza santos

vanilza santos

a Courtney ja esta ficando chata, af af

2024-01-04

1

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