Capítulo 8

Kiara 

Acordo no outro dia as 04:45 da manhã. Continua 

tudo escuro.

Entro no banheiro, tomo um banho pra despertar. Escovo os meus dentes. E volto por quarto para me preparar para o meu primeiro dia de trabalho na lanchonete.

Me visto numa calça jeans colada. Uma blusa preta, e uma jaqueta de couro. Prendo os meus cabelos num rabo de cavalo frouxo, pra não marcarmos os meus cachos.

Saio do meu quarto, e vou na direção do quarto do Pedro. Ele está dormindo tão lindamente. Fico o observando por um tempo. 

Depois vou até ele, passo a mão acariciando os seus cabelos, e seu rosto. Ele abre os olhos, e sorri ainda sonolento. 

— Oi mãe! Que horas são?

— Hora de continuar dormindo. Só vim te ver, estou de saída. Se lembra. Hoje começo na lanchonete.

Ele senta na cama coçando os olhos, logo me encara. 

— Sim, agora me lembro. Mãe. Vê se não se mata de tanto trabalhar. Ouviu? 

Acho fofo o cuidado dele comigo. Me aproximo mais dele, e deixo um beijo no topo da sua cabeça. 

— Não se preocupe. Não vou trabalhar muito. Por enquanto vou ficar só na lanchonete. 

— Não vai trabalhar mais a noite?

— Não até encontrar outro serviço. Agora vai dormir, que já tenho que ir. 

Ajudo ele a se deitar, e o cubro. Sigo pra porta, e meu coração se enche de felicidade com o que meu filho me diz.  

— Tenho orgulho de você mãe. Te amo!

— Também te amo meu filho!

Saio do quarto do Pedro sorrindo boba. Caminho na direção da cozinha, a fim de procurar por algo pra forrar o estômago. E escuto barulho de passos, e um cheiro magnífico de café.

Não tô acreditando que dona kira acordou a essa hora pra fazer café pra mim.

— Mãe! Devia estar dormindo. 

— E permitir que você saia pra trabalhar sem nada no estômago? De maneira alguma. Agora, senta aí, que vou pegar algumas torradas pra você.

Amo esse cuidado que minha mãe tem comigo. E sei que pode passar o tempo, e ela vai continuar querendo cuidar de mim.

E sei que vou ser assim com o Pedro também. 

Depois do café. Fui direto para o novo trabalho. Eu e a máquina de Rodrigo. Sua moto. 

Estava com saudade de andar em cima de uma moto. E doida de vontade de ir até o meu lugar preferido com uma moto.  

Uma montanha, longe de toda essa loucura de cidade grande. De lá vejo o movimento da cidade aqui em baixo. 

De lá tudo é minúsculo, parece até uma pintura de tao lindo que é.

O primeiro dia de trabalho foi tranquilo. E como disse, trabalho até as 14:00. Sai do serviço direto pra casa do Rodrigo. 

Preciso entregar a ele a sua moto. Ontem tentei falar com ele pelo telefone. Mas não consegui.

Acho que por ser segurança a noite toda, o telefone dele fica desligado. O que eu não acho certo.

E se por um acaso acontecer algo com a Daniele? Ela já está com 6 meses de gestação. E tudo nessa vida pode acontecer.

Não vou me esquecer de cobrar isso do Rodrigo, quando eu chegar lá. 

Chego na porta da casa do Rodrigo e de Daniele. Desço da moto, e vejo a porta se abrindo abruptamente. 

Fico assustada com o estado de Daniele. Ela vem ao meu encontro segurando a grande barriga de grávida. Os seus olhos estão vermelhos, olhando pra todas as direções procurando algo. Ou alguém.

— Daniele, o que tá acontecendo? 

Falo me adiantando e chegando primeiro nela. Ela está trêmula, e nervosa.

— Kiara cade o Rodrigo?

— Como assim cade o Rodrigo? Ele não voltou pra casa? 

— Não! E estou apavorada. Já liguei no celular dele, só da fora de área ou desligado. 

Kiara pelo amor de Deus. Onde está o Rodrigo? Por que você está com a moto dele?

Fico ouvindo o que Daniele fala. E meu cérebro já me avisa que tem algo errado. 

Rodrigo não é o tipo de cara que não volta pra casa depois do trabalho. Ainda mais sabendo o quanto ele é apaixonado pela Daniele.

O que me faz suspeitar de uma coisa. Daquele homem. Ele queria pagar uma fortuna pra mim passar uma noite com ele. 

Como recusei. Mandou o Mateus e os seguranças atrás de mim. E se não fosse por pegar a moto do Rodrigo. 

Eles iriam conseguir me capturar. Mas acho que fiz besteira. Não devia ter pego a moto do Rodrigo. 

Porque tenho a suspeita de que eles pegaram o Rodrigo no meu lugar.

Mas que coisa. Por que os homens tendem a ser a sim? Sempre querendo as coisas ao modo deles. 

Eu juro que se ele tiver com Rodrigo. Ou tiver feito algo com ele. Ele vai se arrepender. 

Porque vou mostrar a ele um lado meu. Que jamais desejaria conhecer.

Levo Daniele pra dentro de casa. A dou um calmante. E chamo a vizinha do lado, amiga nossa, pra ficar com ela por um instante.

Saio da casa deles, subo na moto. E vou direto pra boate. 

Não queria ter que voltar nesse lugar. Mas por um amigo sou capaz de tudo. 

Chego na porta, e como já esperado. Está fechada.

Bato na porta rezando pra ser atendida. 

Vejo a porta menor do lado se abrir. E é Mateus que vejo me encarando com um sorriso de lado. 

— Desgraçado! O que fizeram com o Rodrigo?

Falo já sem paciência, indo até ele com os punhos cerrados. Ele apenas fica rindo, me tirando o resto de sanidade.

Acerto nele um murro. Ele me olha com sangue nos olhos. Fico a espera pra ver se vai revidar. Mas ele não o faz. 

— Responde a po*rra da pergunta. O que fizeram com o Rodrigo?

— Ta se preocupando com a pessoa errada não acha? 

— O que quer dizer com isso? Mas que mer*da. O que querem de mim afinal? Que eu pague a dívida? 

Pois saiba que não vou pagar.  Era pra vocês protegerem os seus funcionários. E como não fizeram. Me defendi sozinha. 

Não, esperem ver nenhum centavo vindo de mim. 

Agora eu juro pra você. Que se tiver feito alguma coisa com o Rodrigo. Eu vou descobrir... E juro que volto e ainda quebro você. 

Falo me virando, preciso procurar Rodrigo. E tenho alguém que pode me ajudar. Um amigo de longa data.

Antes de chegar na moto. Congelo com o que Mateus fala.

— Deveria primeiro se preocupar em proteger a família. Só depois com os amigos. 

Volto o meu olhar pra Mateus atrás de mim. Ele me olha com sarcasmo, e bate lentamente o dedo indicador no relógio no seu pulso. 

Sei exatamente o que ele quer dizer com isso. 

Corro até a moto, tento colocar o capacete na cabeça. Mas devido à demora colocar por conta da buchinha que prende o meu cabelo. A retiro as presas a jogando no chão. 

Ligo a moto, e saio dali em alta velocidade.

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