THOMAS
Essa era a minha chance de apressar as coisas. Eu só precisava que a senhorita Evans gostasse minimamente de mim, eu sentia que tinha conquistado sua amizade, mas não ao ponto de fazê-la se sacrificar por mim.
Pensei que ela fosse corar novamente ou me responder de forma sarcástica, mas recebi apenas um olhar rígido.
— Não sei o que o senhor deseja falando essas coisas — Ela respondeu.
Droga. Talvez eu tivesse dado um passo maior que a perna.
— Estou apenas brincando.
— Sua noiva sabe dessas brincadeiras? — Ela perguntou num tom baixo.
Eu a olhei confuso. O que a princesa de Gloenia tinha a ver com nossa conversa? Tudo bem que ela era minha noiva, mas o que eu fazia ou deixava de fazer ainda não lhe dizia respeito e também não era como se eu estivesse apaixonado por ela e vice-versa.
Não tive tempo de retrucar já que a senhora Teresa apareceu com os pratos. Isso pelo menos pareceu melhorar o clima entre mim e a senhorita Evans. Eu precisava ser cauteloso para não perder meu progresso.
— Isso cheira bem — Comentei quando a senhora Teresa saiu.
— É a especialidade da casa.
— Senhorita — Eu a chamei num tom baixo e ela me olhou. — Não quis ofendê-la.
— Tudo bem, não me ofendo fácil, mas vamos estabelecer limites — Ela retrucou. — Hoje cedo o senhor agiu estranho e agora também... Eu não desejo essas coisas.
Assenti. Eu iria respeitá-la. Se fosse para ganhar seu coração seria de uma forma limpa e sem esses galanteios baratos que o Bernard havia me ensinado.
— Bom, parece delicioso, melhor comermos — Falei e comecei a cortar a carne... Ou tentei.
Comecei a me sentir constrangido pela dificuldade em cortar. A carne não era dura nem nada do tipo, mas eu estava acostumado a recebê-la cortada pelos cozinheiros do palácio ou então comê-la com as mãos quando estava com meu exército nas fronteiras.
— O senhor está com dificuldade? — Senhorita Evans perguntou curiosa.
— De modo algum — Sorri ansioso.
Eu havia negado, porém a faca escapou dos meus dedos indo parar no chão e fazendo um barulho um pouco alto.
Olhei para a senhorita Evans que parecia segurar o riso. Meu rosto esquentou, não queria comer com as mãos como um sem educação, mas também não sabia como utilizar a faca muito bem...
— O grande general de Fasnar acabou de perder para uma faca? — Ela riu baixo e então levantou e sentou ao meu lado.
Assisti ela mudar sua comida de lugar e então aproximar sua cadeira da minha. Eu queria dizer que não precisava de ajuda, mas ela não me deu oportunidade já que pegou a própria faca e começou a cortar a carne no meu prato.
— Obrigado — Murmurei.
— Considere uma troca de ajuda por me ajudar hoje — Ela disse com gentileza.
Eu ri baixo e continuei a observando. Senhorita Evans era uma mulher bonita, principalmente quando se concentrava. Seu corpo estava próximo de mim fazendo com que eu sentisse todo o seu perfume.
Sem perceber acabei tocando seu cabelo e ela me olhou com surpresa.
— Estava cobrindo seu rosto — Expliquei e coloquei a mecha de cabelo atrás da sua orelha.
Seu cabelo era macio e me flagrei perguntando mentalmente como seria beijá-lo... Que pensamento era esse afinal?
— Obrigada — Ela disse sem graça e se afastou. — Está pronto, experimente.
Assenti grato e comi um pedaço da carne. Eu a olhei impressionado e ela riu. Estava realmente delicioso!
— Nossa, eu não sabia que seria tão bom e eu tenho um vasto conhecimento em culinária — Comentei surpreso e comi mais.
— Eu imagino que já tenha até provado a comida do palácio — Ela deduziu. — Mas a comida da senhora Teresa é diferente, ela cozinha por amor além do dinheiro.
Ela estava certa. O pouco que observei, presenciei a senhora Teresa sempre sorrindo contente com seus clientes e funcionários... Assim como a senhorita Evans. Era bonito que elas tivessem tanto amor pelo o que faziam.
— E o senhor?
— Desculpe, disse algo? — Perguntei ao perceber que me distrai.
— O senhor ama o que faz ou é pelo salário?
— Não amo o que faço. Eu seria um psicopata se amasse matar pessoas — Retruquei. — Mas amo salvar vidas e ver o olhar de gratidão das famílias que ajudo.
— Imagino que deve ser uma sensação incrível mesmo — Ela sorriu. — Já matou muitas pessoas?
— Sim.
— Quantas?
— Incontáveis — Respondi desconfortável. — Na guerra não são apenas soldados que morrem, quando mato um homem, matei um pai, um filho, um marido... Pessoas que dependem dele.
— Por que o senhor continua sendo um general? — Ela perguntou horrorizada.
— Eu quero a paz, mas se o lado inimigo atacar, vou matar a sangue frio sem pensar duas vezes.
Eu a olhei esperando algum olhar de medo. Eu sabia que quem me conhecia de fato me temia, porém para a minha surpresa a senhorita Evans sorria admirada.
— Que bom que não sou sua inimiga.
— Acabei de confessar que sou um assassino a sangue frio e é isso que me diz? — Perguntei rindo.
— O senhor protege os fracos, não é assassino por prazer — Ela explicou. — Eu o admiro tanto quanto admiro o Senhor da Justiça.
Meu coração acelerou de um jeito estranho ao escutar as palavras doces da senhorita Evans. Sempre pensei que nenhuma mulher podia entender esse meu lado, mas tinha me enganado.
Desejei que a princesa de Gloenia fosse como a senhorita Evans e estivesse disposta a me apoiar ao invés de me temer.
— Obrigado — Agradeci.
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Atualizado até capítulo 104
Comments
Celma Rodrigues
Que top ela admirar ele. Foi muito cômico ele não saber usar a faca....
2024-11-11
0
ana
❤️❤️❤️❤️❤️
2024-11-10
0
Vera Lucia De Souza
O amor 💘 Está no ar amandooooo
2023-10-28
10