Capítulo Nove

CECÍLIA

— Essas são suas táticas de conquista? — Bia sussurrou no meu ouvido.

— E quem disse que eu quero... — Me calei ao ver que eles estavam próximos o suficiente. — Boa noite, senhor FitzClarency e...

— Senhor Reagan — Senhor Reagan fez uma reverência, eu adorei me senti uma rainha. — Meu amigo me disse que vocês compartilham o mesmo sobrenome, achei fascinante.

Forcei um sorriso e olhei com ódio para o senhor FitzClarency, como ele podia contar isso para qualquer um!? Eu não queria que as pessoas descobrissem quem era meu marido e nem que ele se metesse na minha vida.

— É verdade, ele tem mesmo — Luiza disse olhando para nós dois. — São parentes, senhora Ceci?

— De jeito nenhum! Nunca vi na vida!

Bianca segurou o riso junto com o senhor Reagan. Eu precisava despistar o senhor FitzClarency, ele estava aprontando alguma coisa.

— Ei rapaz — Senhor Reagan chamou um garoto da idade da Luiza. — Por que não tira essa bela moça para dançar? Ela não dançou nenhuma música ainda.

— É verdade, senhorita? — O jovem perguntou confuso.

Eu o conhecia vagamente, mas Luiza devia conhecê-lo melhor já que me olhou sugestiva e logo levantou oferecendo sua mão ao jovem.

— Com certeza.

Os dois saíram deixando nós quatro sozinhos.

— É mesmo sua discípula — Senhor FitzClarency soltou seu veneno.

— E esse senhor Reagan deve ser sua cópia para ser tão ardiloso — Retruquei.

— Minha nossa! Eu não sabia que a sua senhora era tão sincera — Senhor Reagan me olhou com espanto.

— Ela está mal-humorada hoje, não é sempre assim — Bianca me defendeu e eu a olhei confusa. — Acho melhor deixar que conversem... Me acompanha para uma dança, senhor Reagan?

Minha amiga tímida estava chamando um homem que não era seu noivo para dançar!? A beleza realmente podia cegar as mulheres.

— Claro, senhorita...

— Peterson.

— Vamos, senhorita Peterson — Senhor Reagan sorriu e a levou pela mão.

Ela acenou para mim e eu disse "traidora" sem emitir som. Minha amiga se limitou a piscar e sair contente por ter um par para dançar.

— Todas as pessoas próximas de você são malucas?

— Não sei... Talvez se o senhor chegar mais perto...

— Já que insiste — Ele não se intimidou e sentou ao meu lado próximo o suficiente para ser meu irmão ou meu marido.

— As pessoas estão olhando — Avisei.

— Pensei que não se importasse com isso.

Eu o olhei surpresa. Ele tinha me analisado bem afinal, mas eu também não era muito discreta.

— Não me importo, mas o senhor que é todo cavalheiro não se importa também?

— Se fosse outra mulher, eu me importaria, mas sendo você ao meu lado não me importo nenhum pouco.

— Onde aprendeu isso? Em algum livro romântico de moças? — Desdenhei.

Ele me olhou surpreso. Eu não era uma mulher fácil de cair em qualquer lábia, é claro que com contato físico com o sexo oposto eu me sentiria um pouco abalada, mas palavras vazias? O senhor FitzClarency teria que se esforçar mais.

Isso o calou por um tempo e eu continuei observando os pares dançarem. Dessa vez estava mais entretida já que Bianca também estava dançando. Ela parecia feliz.

— A senhorita deseja dançar? — Ele perguntou depois de um tempo.

— Estou bem aqui, obrigada... Acho que vi uma conhecida, vou cumprimentá-la.

A dança para casais de verdade começaria em breve, eu não podia dançar com ele agora. Mas mais tarde se ele se oferecesse novamente, eu não perderia a oportunidade.

Eu não tinha nenhuma conhecida desocupada para cumprimentar, apenas usei como desculpa para me livrar do senhor FitzClarency.

O momento da dança de casais chegou e tentei não revirar os olhos ao ver a senhora Becker, uma mulher que me odiava já que seu marido havia pedido minha mão anos atrás, se aproximar com seu marido. Eu sabia que alguma provocação viria dela.

— Senhora FitzClarency veio hoje — Senhora Becker sorriu maldosa. — É uma pena que não possa dançar nenhuma música... Eu adoro a dança dos casais, mas nunca a vi participando.

— O seu marido ainda está viajando, senhora? — Senhor Becker perguntou educadamente.

A maioria dos homens me respeitavam já que o status de esposa do general era o suficiente para amedrontá-los.

— Viajando? Só se for uma viagem para o além, pois eu nunca o vi — Ela riu. — Às vezes até acredito nas teorias do senhor Evans... Ninguém nunca viu esse senhor FitzClarency, será que a senhora FitzClarency não mentiu?

Olhei ao redor, algumas pessoas estavam cochichando. Eu geralmente não me importava com isso, mas meu primo estava me perseguindo tanto com essa fofoca que comecei a me sentir ansiosa.

Porém, antes que eu percebesse, o senhor FitzClarency apareceu ao meu lado e me puxou pela cintura na frente de todos.

— Sim, eu existo — Ele disse e me puxou mais contra si. — Por que está intimidando a minha mulher?

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