Capítulo Sete

THOMAS

Depois do ocorrido na loja da senhorita Evans, mandei uma carta para o meu subordinado pedindo reforços. Eu pretendia me instalar naquela cidade até conseguir o divórcio, porém agora estaria preparado já que sabia que não seria uma tarefa fácil.

A desculpa que dei aos meus pais foi de que estava um pouco resfriado e por isso não podia viajar. Minha mãe pediu para que eu me cuidasse e prometeu que falaria sobre minha ausência com o rei de Gloenia. Felizmente eles não pareciam ter pressa.

Dois dias após meus primeiros movimentos de batalha, meu subordinado chegou com outros empregados e começaram a limpar a casa que eu havia alugado.

— Senhor, eu trouxe os reforços que pediu — Um dos meus homens me confidenciou.

Não entendi suas palavras até ver o coronel Reagan entrar na sala. Fiquei aliviado em saber que meu fiel conselheiro principal estava presente, mas também com receio de que tivéssemos problemas na corte.

(Bernard Reagan — Coronel e conselheiro do Thomas)

— Bernard, não deveria ter vindo — Eu o cumprimentei.

— Como eu poderia não conhecer sua adorável esposa? — Ele brincou e eu olhei feio para o meu empregado. — Não culpe o senhor David, ele apenas estava preocupado.

— Pode se retirar — Falei para David que saiu apressado. Me voltei para Bernard. — Se você veio assistir um espetáculo, eu sinto muito, mas não vou lhe proporcionar isso.

Bernard sorriu e se aproximou passando seu braço pelos meus ombros.

— Me diga, é verdade que você foi expulso aos pontapés da loja da sua senhora?

— Ela não é minha senhora! — Retruquei.

— Então você foi expulso mesmo... — Ele gargalhou. — O grande general e segundo príncipe de Fasnar perdeu para uma mulher.

— Coronel Reagan — Eu o encarei com raiva e o afastei bruscamente. — Veio me ajudar ou ajudar a vigarista?

— Vim ajudá-lo a garantir o divórcio, é lógico, seu casamento é importante para o reino.

Se eu unisse forças com a princesa de Gloenia, eu não teria apenas a força militar de Fasnar, mas também do país da princesa e seus aliados. Possivelmente eu me tornaria o homem mais poderoso do mundo.

Porém, eu não era ganancioso, desejava isso apenas para cuidar do povo do meu reino e garantir que meu irmão mais velho não virasse o herdeiro do trono já que ainda estávamos lutando por isso, porém ele tinha outros planos para o reino. Planos que eu era contra.

— Certo, então... O que devo fazer?

— O que você já tentou?

Bernard sentou no sofá da sala e eu sentei ao seu lado, mas com um assento de distância.

— Tentei uma conversa pacífica, também uma investida direta, agora estou pensando em uma investida agressiva e se não der...

— Não, não, está tudo errado! — Ele me repreendeu. — Ela é uma mulher, Tom, não o general de um país.

— Qual é a diferença? Ambos são difíceis lutas a serem vencidas.

— Você precisa esquecer um pouco os ensinamentos que aprendemos e usar os ensinamentos que vem daqui — Ele apontou para o próprio peito.

— Ah entendi, manipulação e chantagem emocional, eu preciso descobrir as fraquezas do inimigo!

Bernard me olhou como se eu fosse um caso perdido. Eu não sabia o que eu estava fazendo de errado, a senhorita Evans era minha atual inimiga de batalha e eu nunca havia perdido uma guerra usando esses métodos.

— Sem esses truques de guerra, Tom, vamos usar o coração, o sentimento.

— Não vou escutar esse tipo de baboseira de alguém que já se apaixonou mais de vinte vezes.

— Eu não tenho culpa se tenho um coração grande.

— Acho que foi um erro pedir sua ajuda, francamente — Eu o olhei irritado. — Não sei como você é um coronel se só pensa em mulher.

— Você sabe porque sou um coronel — Ele sorriu. — Quem o ajudou nas guerras dos últimos dez anos? Quem salvou sua vida com estratégias? Quem fez amizade com o inimigo e garantiu a paz?

Bernard tinha razão, ele tinha crédito em todos esses feitos. Éramos uma dupla perfeita, eu matava e ele agia com a parte diplomática. Apesar de eu ter um bom discurso, nem sempre conseguia me expressar tão bem.

— Certo, tem razão, mas poderia me dar conselhos úteis ao invés de táticas de flerte?

— Mas, Tom, o amor é uma guerra... Se você conseguir conquistar sua inimiga, ela fará tudo o que você quiser... Inclusive o divórcio em nome do amor.

— Você acha? — Perguntei incerto. — Ela não é uma mulher simples.

— E você não é um homem simples, acho que ela se apaixona fácil por você.

Não pude deixar de sorrir por ter meu ego amaciado. Bernard tinha um pouco de fundamento, eu já havia notado que a senhorita Evans sempre ruborizava quando eu a tocava.

— Fazer ela se apaixonar e depois pedir o divórcio... Tudo bem, mas eu não tenho muito tempo.

— Um mês deve ser suficiente, já lutamos batalhas piores.

— Tem razão, amigo — Sorri.

— Agora precisamos nos arrumar — Ele levantou e olhou seu relógio de bolso. — Daqui algumas horas terá um baile na cidade, muitas donzelas nos esperam.

— Bernard, eu estou noivo.

— Mas ouvi dizer que a senhora sua esposa estará no baile...

Levantei prontamente. Não podia perder essa oportunidade. Talvez com minhas habilidades de cortejo, ela se apaixonasse nessa mesma noite!

— Ótimo, sempre adorei bailes — Sorri maldoso.

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